O Aeroporto de São Paulo – Congonhas, o segundo mais movimentado do Brasil, tem enfrentado crises operacionais no mês de novembro, com alta de reclamações sobre obras, lotação de espaços, além de atrasos e cancelamentos de voos. A situação, operando com 60,7% de pontualidade (abaixo de 15 minutos), ficou ainda mais crítica em relação aos voos da Gol, que registrou uma pontualidade quase 18 pontos abaixo de Azul e Latam.

A concecionária Aena, responsável pela gestão do aeroporto desde 2023, e a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), bem como a companhias aéreas que operam no terminal, atribuem o problema a condições metereológicas, como fortes chuvas e ventos, fenômenos que tentem a piorar frente à clise climática. “Nos últimos dias, tivemos muitos impactos na operação, em função do clima, não só de São Paulo, mas também dos locais de origem dos voos que chegavam”, explica Santiago Yus, presidente da Aena Brasil.

A administradora aeroportuária nega que as obras de ampliação e modernização do terminal sejam responsáveis pelo atrasos e cancelamentos. “No início de nossa gestão, o Aeroporto de Congonhas veio atuando 44 operações por hora, das quais 36 delas são de operação comercial. Recebemos o o terminal com uma taxa de pontualidade, abaixo de 15 minutos, de 64%. Nos meses de  junho e julho deste ano, passamos a performar como o Aeroporto mais pontual da categoria em todo o mundo, chegando a um patamar de 88% de pontualidade”, conta Yus.

A Gol, que já vinha enfrentando problemas de pontualidade no mesmo período do ano passado, teve um desempenho ainda pior em novembro deste ano, com apenas 51% dos voos chegando no horário previsto (pontualidade de 15 minutos). Já Azul e Latam, que também operaram abaixo da média, tiveram uma pontualidade de 69,4% e 68,2%, respectivamente.

“A infraestrutura aeroportuária depende de uma série de fatores, é um ecossistema que inclui o espaço aéreo, as companhias aéreas, os prestadores de serviço no pátio, entre muitos outros atores”, comenta Yus. “Por este motivo, optamos por trabalhar em um modelo de governança colaborativa, no qual fazemos uma série de análises, compartilhamos os resultados e tomamos decisões conjuntas para performar cada vez melhor”, revela o presidente da Aena Brasil.

Capacidade máxima

O mais recente Relatório do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), órgão da Força Aérea Brasileira (FAB), posicionou o Aeroporto de Congonhas entre os terminais com as piores pontualidades. O levantamento afirma que “há momentos de baixa demanda e outros em que a utilização da capacidade máxima é plenamente atingida”, em especial nos horários de pico e em estações mais chuvosas.

O relatório também argumenta que o funcionamento perto da capacidade máxima, de 44 operações por hora (80% do total de 55 voos por hora), “exige maior coordenação entre os diversos atores envolvidos na operação e reitera que condições adversas, como mudanças climáticas significativas possam impactar mais rapidamente o fluxo das operações em qualquer aeroporto”. Tais ocorrências em um terminal importante como o de Congonhas também tem o potencial de gerar um “efeito cascata”, impactando toda a malha aérea brasileira ao mesmo tempo.

Durante a cerimônia de lançamento da pedra fundamental das obras, Silvio Costa Filho, ministro de Portos e Aeroportos, também cobrou comprometimento da Aena e das companhias aéreas em implementar melhorias na governança conjunta do terminal, embora compreenda as dificuldades financeiras do setor no pós-pandemia. “Há casos que não temos controle, mas em situações normais, as empresas precisam devem se comprometer a criar um ecossistema balanceado. Não podemos tolerar que a aviação de Congonhas tenha problemas de governância”, pontua.

Durante o período de obras, que prometem ampliar a capacidade e eficiência operacional, bem como o conforto dos passageiros, haverá um número ainda menor de operações por hora, com a redução de quatro operações por hora da viação executiva. Segundo a direção da Aena, a medida garantirá maior fôlego e o terminal continuará operando normalmente.