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Identificação e reconhecimento

Em Gramado, Connection Terroirs do Brasil apresentou 52 produtos com Indicação Geográfica para o público em três dias de conteúdos e atividades

Durante os dias 28 a 31 de maio, a Rua Coberta de Gramado virou palco de exposição e vendas de produtos que possuem Indicação Geográfica (IG) durante o Connection Terroirs do Brasil. As tardes e noites se tornaram ponto de encontro para interessados em conhecer, provar e adquirir iguarias brasileiras. Realizado pela Rossi & Zorzanello com correalização do Sebrae, o evento teve um aumento de 92,5% no número de IGs participantes nos últimos dois anos.

Na primeira tarde aberta ao público, a Alameda Terroirs (espaço dedicado à exposição e comercialização dos produtos com selo de origem) movimentou mais de R$ 40,5 mil, segundo estimativa do Sebrae. Além disso, há expectativa de mais de R$ 110 mil em negócios fechados com foco no público B2B. Ao todo, foram 52 IGs expostas de diferentes regiões do País, com destaque para o Sul, que contou com 19 produtos certificados.

Atualmente, o Brasil possui 134 Indicações Geográficas registradas, sendo 105 como Indicação de Procedência (IP) e 29 como Denominação de Origem (DO). Outras 43 estão em processo de certificação junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). As IGs são divididas entre IPs, que reconhecem regiões conhecidas pela produção ou extração de determinado produto, e DOs, que identificam produtos cujas qualidades estão diretamente relacionadas ao meio geográfico, incluindo fatores humanos e naturais.

Um exemplo é o Camarão da Costa Negra, DO desde 2011. Socorro Lima, presidente da Associação de Carcinicultores da Costa Negra (ACCN), explica: “O nosso camarão tem denominação de origem porque é ligado ao solo onde é produzido. Ele é cultivado em viveiros abastecidos com água do mar, o que garante um sabor mais concentrado, cor rosada e textura mais macia”.

Valorização do Turismo por meio das IGs

Além de fomentar a economia local, as IGs impulsionam o Turismo nas regiões onde estão inseridas. Na Serra da Canastra, por exemplo, o café (com DO) e o queijo (com IP) tornaram-se atrativos turísticos. “A gente percebeu que, além do Parque Nacional e da nascente do Rio São Francisco, o turismo aumentou muito em busca dos produtos”, afirma Paulo Henrique Guerra, vice-presidente da Associação dos Cafeicultores da Canastra.

Segundo ele, a obtenção do selo em 2023 valorizou o café da região e aumentou a demanda por visitas às fazendas. “Antes do selo, eu já vendia o café torrado, mas, a partir de 2023, a valorização foi nítida e tivemos que começar a receber visitações. Quem só produzia, virou também atrativo turístico”, pontuou.

Caminhos até a certificação

A certificação como IG, seja IP ou DO, requer articulação coletiva, estudo técnico e persistência. No caso da Serra da Canastra, os cafeicultores contaram com o apoio do Sebrae e de parceiros como o professor Flávio Borém, da Universidade Federal de Lavras (UFLA). Foram cinco anos de mapeamento e análises sensoriais para comprovar a identidade do café local. O terroir revelou um perfil marcante: acidez cítrica, corpo cremoso, alta doçura e notas características.

A certificação também atua na preservação de culturas e saberes tradicionais. Em Alegria, Samuel Souza, presidente da Associação dos Artesãos, vê a IG como ferramenta de permanência e valorização cultural. 

“Eu não quero que essa cultura acabe nunca, porque ela já veio dos meus avós, dos meus bisavôs. Nós somos descendentes dos índios Tabajara, e essa crença já vem deles. Eu amo de coração o aprendizado que tivemos com nossos pais e estamos aqui dando continuidade”, declarou.

Assim, a IG da cerâmica surgiu com incentivo do Sebrae, que apresentou o projeto aos artesãos locais e os auxiliou com consultoria e organização documental. O processo envolveu mapeamento histórico, identidade visual e envolvimento comunitário, resultando no reconhecimento formal da produção artesanal.

Abertura oficial e homenagens

No Palácio dos Festivais aconteceu a solenidade de abertura do Connection Terroirs do Brasil. Durante o evento, estiveram presentes representantes da Rossi & Zorzanello, políticos, autoridades públicas e integrantes da administração do Sebrae. Na fala de abertura, Marta Rossi, CEO da Rossi & Zorzanello, destacou a importância do tema para o desenvolvimento econômico e do Turismo. Eduardo Zorzanello, também CEO do grupo, exaltou o papel da agricultura familiar como alicerce dos produtos com indicação geográfica.

O momento também homenageou os 17 IGs que participaram pela primeira vez do evento. Em reconhecimento do importante trabalho que desenvolvem, seus representantes receberam o troféu Connection Terroirs do Brasil. Foram eles:

  • Amêndoa de cacau de Linhares (ES)
  • Biscoito de São Tiago (MG)
  • Cachaça e aguardente de Luiz Alves (SC)
  • Café da Chapada Diamantina (BA)
  • Café do Vale da Grama (SP)
  • Café de Matas de Rondônia
  • Camarão da Costa Negra (CE)
  • Queijo Serrano de Campos de Cima da Serra (SC)
  • Cerâmica de Alegria (CE)
  • Cracóvia Suína de Prudentópolis (PR)
  • Derivados de jabuticaba de Sabará (MG)
  • Erva-mate de Machadinho (RS)
  • Mel de aroeira de Inhamuns (CE)
  • Mel de aroeira do Norte de Minas (MG)
  • Panelas de barro de Raposa (RO)
  • Vinhos do Sul de Minas (MG)
  • Renda Filé de Jaguaribe (CE)

Manhãs de conteúdos

Nos dias 29 e 30 de maio, o Connection promoveu manhãs de conteúdo no Palácio dos Festivais. Os painéis discutiram desde o reconhecimento das IGs no Brasil até o uso de tecnologia para autenticação de origem e o impacto das certificações no Turismo e na gastronomia.

Renata Vescovi, do Polo Sebrae de Turismo de Experiência, realizou uma palestra sobre o turismo de experiência. Segundo ela, os viajantes estão procurando cada vez mais passar por experiências e se conectar com a comunidade durante a viagem. “O turista agora se integra à comunidade. Ele deixa de ser espectador e se torna protagonista da sua própria viagem. É uma imersão, onde ele vivencia, interage e se conecta com o destino”, afirmou.

O painel “Conectando experiência e terroir: o potencial para o turismo sustentável” contou com a presença de Guilherme Paulus, fundador da CVC e proprietário do Castelo Saint Andrews, e de Mariana Potter Vieira, diretora administrativa da Vinícola Guatambu. Paulus abordou a importância do enoturismo como um dos potenciais do Turismo e apresentou a iniciativa Terroir Wine Experience, projeto que valoriza os produtos regionais por meio da conexão entre vinho, gastronomia e cultura. “Viajar é ganhar conhecimentos. Viajar é algo que enriquece não só por ser um prazer para a alma e o espírito, mas também por refletir em grandes experiências”, ressaltou.

Mariana Potter explicou como o enoturismo tem impactado positivamente os resultados da vinícola localizada na campanha gaúcha. De acordo com ela, o faturamento do enoturismo na Guatambu saiu de 15% em 2020 para cerca de 22% em 2024, com experiências como tour com degustação, vindima e o evento Dia Épico.

A Costa Rica, por sua vez, apresentou um modelo de turismo sustentável. Gustavo Alvarado, diretor do Instituto Costarricense de Turismo (ICT), explicou que o país optou por atrair visitantes que compartilhem princípios como o respeito aos direitos humanos e ao meio ambiente. “Queremos um turista que se envolva, que respeite, que participe da sociedade e que nos ajude a melhorar o destino”, explicou Alvarado.

Outros destaques foram as palestras do professor José Luiz Tejon, sobre o terroir brasileiro, e de Dado Schneider, que refletiu sobre o cooperativismo e a diferença das Gerações Millenials, Z e Alfa.

Turismo em Gramado e reposicionamento da marca

Ricardo Bertolucci, secretário de Turismo de Gramado, afirmou que a cidade está em plena recuperação após as enchentes que atingiram o estado em 2023. “A palavra recuperação talvez seja a que mais faça sentido para o Turismo de Gramado agora”, declarou. Os números atuais se aproximam do patamar anterior à tragédia climática. Os fins de semana seguem com alta ocupação e o frio — marca registrada da Serra Gaúcha — promete impulsionar ainda mais o setor durante o inverno.

Entre as novidades anunciadas estão o Club Med Exclusive Collection, com 205 apartamentos de alto padrão previstos para 2026, e o Ice Bar, que promete ser o maior do mundo. “Eu sempre digo que tu pode vir a Gramado uma vez por ano todo ano e sempre vai ter alguma coisa nova para desfrutar”, destacou o secretário.

O município também está desenvolvendo um novo posicionamento de marca. Segundo Bertolucci, a proposta é resgatar a essência de Gramado e reafirmar a cidade como uma contadora de histórias. “A gente fala muito do nosso turismo rural, que é um turismo de autenticidade, baseado no território e nas comunidades do interior da cidade”, explicou.

O Brasilturis viajou a convite de Rossi & Zorzanello e com proteção Affinity Seguros

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Rafael Destro
Rafael Destro
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