São Paulo (SP) – A Expo Abla 2025, que acontece nos dias 29 e 30 de outubro, no São Paulo Expo, recebeu Igor Rocha, economista-chefe da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), para apresentar o painel “Conjuntura Econômica no Brasil: desafios domésticos e o contexto internacional”. O especialista traçou um panorama detalhado da economia nacional e das perspectivas para 2026, analisando fatores como emprego, inflação, política monetária e o impacto do cenário global, especialmente dos Estados Unidos, sobre o Brasil.
Rocha destacou a recuperação do mercado de trabalho e a tendência de formalização dos empregos. Segundo ele, o aumento da massa salarial e a queda do desemprego têm impulsionado o poder de compra das famílias, mas também geram novos desafios para o Banco Central. “O rendimento real do trabalho está muito alto, o que foi um dos principais desafios para a autoridade monetária desacelerar a economia”, explicou.

O economista ressaltou ainda que, embora o setor industrial tenha puxado o crescimento em 2024, a projeção para 2025 é de estabilidade. A indústria de transformação e os bens intermediários mantêm desempenho positivo, mas segmentos ligados a bens de capital enfrentam incertezas devido às tensões comerciais com os Estados Unidos, que afetam especialmente as exportações de máquinas agrícolas.
Inflação sob controle e expectativa de juros mais baixos em 2026
Rocha observou que a inflação vem em trajetória de queda, especialmente nos alimentos, o que reforça a popularidade do governo e o poder de consumo das classes mais baixas. “Nada corrói mais a popularidade de um governo do que a inflação”, destacou, lembrando que, embora os preços permaneçam elevados, o país conseguiu evitar uma recessão.
Em relação à taxa Selic, o economista da Fiesp indicou que a expectativa é de redução no primeiro semestre de 2026, com possibilidade de antecipação caso o cenário de juros futuros continue favorável. “Qualquer economia com juros como os do Brasil entraria em recessão, mas o país mostra uma resiliência impressionante”, pontuou.
Contudo, o alerta ficou para as contas públicas, que seguem pressionadas. A dívida tem crescido desde 2022, e a situação fiscal preocupa o especialista. “A dívida pública está puxando muito o custo da economia. É um problema estrutural que deve permanecer até 2027”, afirmou.
Rocha encerrou sua apresentação destacando a valorização do real, considerada uma das mais fortes entre as moedas emergentes, o que contribuiu para conter a inflação, mas prejudica as exportações. Para ele, o desafio do Brasil será equilibrar o câmbio favorável aos viajantes e importadores com a competitividade da indústria nacional.

