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Ricardo Shimosakai
Ricardo Shimosakai
Especialista em acessibilidade, inclusão e turismo, criador da Turismo Adaptado.

Audiodescrição no Turismo

A audiodescrição é transformar em palavras o que outras pessoas conseguem perceber com os olhos, ou seja, ver com palavras. Não é algo tão estranho a todos; por exemplo, a transmissão de uma partida de futebol pelo rádio faz exatamente isso: narra com detalhes o que está acontecendo, os movimentos das jogadas, o estádio, o clima e os uniformes. O turismo, em boa parte, tem um apelo visual muito grande, então a audiodescrição é uma das melhores técnicas para trazer a experiência a pessoas com deficiência visual, cegas ou com baixa visão.

Dependendo do local e da situação, a audiodescrição pode ser gravada. Por exemplo, um audioguia de museu pode ter a descrição das obras gravadas no aparelho, com a seleção feita pelo usuário. Em um filme, também há o tempo exato do roteiro e, com isso, os espaços ideais para inserir os áudios extras da audiodescrição. Mas há casos em que ela precisa ser feita ao vivo, pois não é algo previsível. Em uma excursão a um zoológico, por exemplo, não se sabe qual será a reação dos animais, e isso precisa ser descrito em tempo real. O mesmo ocorre em uma peça de teatro: por mais que haja um roteiro, pode acontecer algum improviso, o que tiraria a sincronia de uma audiodescrição gravada.

Existem técnicas para se fazer uma audiodescrição. Há um método para isso, que envolve saber o que é importante dizer e a forma de descrever, o que exige treinamento. No entanto, não é algo muito complicado e, com a prática, torna-se fácil atingir um nível já muito bom para um turista cego. Pela importância desse recurso e pela baixa complexidade do aprendizado, ele deveria estar presente em todos os cursos de guia de turismo, nas faculdades de turismo e nos diversos cursos de treinamento de empresas relacionadas ao setor, que lidam diretamente com o público, como agências de viagens, empresas de transporte, locais de alimentação e hospedagem.

Imagine se você fosse uma pessoa cega e fosse a um restaurante escolher uma comida. Um garçom capacitado ajudaria muito, pois nem toda pessoa cega sabe Braille e nem todo restaurante tem esse tipo de cardápio. A audiodescrição é algo muito mais humanizado, e isso tem a ver com a hospitalidade que o turismo busca oferecer. A escolha seria feita de forma mais rápida, prática, confortável e sem constrangimentos.

Outro local importante para conter audiodescrição são os materiais promocionais do turismo, principalmente os vídeos. Quando há texto e foto, pode haver uma descrição escrita, mas, quando se trata de um vídeo informativo ou promocional de algum equipamento ou serviço turístico, a melhor opção é a audiodescrição.

No Brasil, os dados do Censo indicam que mais de 6,5 milhões de pessoas têm deficiência visual severa, sendo cerca de 500 mil cegas e quase 6 milhões com baixa visão, de acordo com o IBGE. A Organização Mundial da Saúde estima que a cegueira afete cerca de 39 milhões de pessoas no mundo, enquanto a perda de visão moderada a severa atinge cerca de 246 milhões. Uma demanda bastante grande para usuários de audiodescrição.

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