Até 31 de abril deste ano, o Brasil já recebeu 224,8 mil turistas americanos, o que equivale a mais de 50% do total de 2022 (441.007). O número foi divulgado no levantamento mensal elaborado pela Embratur e pelo Ministério do Turismo, no último dia 1°, que mostra que o País já recebeu 2,7 milhões de turistas estrangeiros, sendo os Estados Unidos o segundo principal mercado emissor.

O presidente da Associação Rio Vamos Vencer, Marcelo Conde, reforça que os turistas americanos se destacam pelo elevado gasto diário, uma média de U$93 contra U$47 dos demais turistas, o que representa maior peso na arrecadação. Segundo o dirigente, com as projeções deste ano, é possível estimar que cerca de 700 mil turistas americanos visitarão o Brasil até o final de 2023, 60% a mais do volume registrado em 2022.

“Os números atestam que a isenção de vistos para americanos, canadenses, australianos e japoneses, em vigor desde junho de 2019, foi uma medida assertiva e que só trouxe benefícios para a economia do País. É urgente que o Poder Executivo tenha bom senso e reveja a decisão de voltar a exigir visto destes quatro países, para que possamos aumentar o dinamismo da economia brasileira. Do contrário, contamos com a união e atuação da bancada que apoia o turismo para impedir o avanço desta medida no Congresso Nacional”, destacou Marcelo Conde.

O presidente do Grupo Wish e ex-ministro do Turismo, Vinicius Lummertz, acredita que a exigência de vistos para turistas norte-americanos é um equívoco na interpretação da tradição diplomática brasileira.

“O interesse nacional do Brasil reside em desenvolver a economia do turismo e por este meio , exportar serviços e gerar empregos – não é nosso interesse bravatear sobre a reciprocidade , conceito impossível de aplicar enquanto a demanda de emigração para os EUA for tão evidente ”, ressaltou Lummertz.

A volta da exigência de visto para os quatro países acima citados, anunciada em março deste ano e com previsão para entrar em vigor no início de outubro, foi amplamente criticada pelas principais entidades representativas do setor de turismo no País, que solicitaram a intervenção direta da Ministra do Turismo, Daniela Carneiro e do presidente da Embratur, Marcelo Freixo, para impedir o avanço desta decisão.

O coordenador da Câmara Empresarial de Turismo e presidente do Conselho de Turismo da Confederação Nacional de Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Alexandre Sampaio, destaca que a volta dos vistos para os quatro países que estavam isentos da chamada reciprocidade vai na direção oposta dos esforços de divulgação do Brasil no exterior e do fortalecimento do destino.

“Não só os números do incremento de turistas advindos destas nações para o Brasil no início deste ano comprovam o acerto de tal medida da gestão anterior, como sua implementação neste momento que, em recente votação de MP no Senado, na qual a Embratur perderia a possibilidade de ter recursos do Sistema S e criou-se um acordo para estudarmos uma parceria para divulgação de nosso destino no exterior, o Itamaraty vai na direção oposta e recria um grande empecilho para revertermos nosso déficit corrente na conta turismo”, reforçou Alexandre Sampaio.

A presidente da Associação Brasileira de Empresas de Eventos (ABEOC Nacional), Fatima Facuri, alerta que, caso a exigência de vistos volte a vigorar, haverá um impacto significativo no mercado de Meetings, Incentives, Conferences, and Exhibitions(MICE) do País.

“O setor de MICE depende fortemente da presença de participantes estrangeiros em eventos, congressos e feiras comerciais realizados no Brasil.Ao exigir visto desses países, o governo brasileiro criaria uma barreira adicional para a entrada de turistas que desejam participar de eventos de negócios e promoveria um obstáculo burocrático que pode desencorajar a participação estrangeira. Isso poderia levar a uma redução significativa no número de participantes estrangeiros em eventos de MICE, afetando tanto a participação quanto a receita gerada por estes eventos”, enfatizou Fatima Facuri.


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