Na última segunda-feira (5) foi comemorado o Dia Mundial do Meio Ambiente, conforme instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU). Contribuindo para o objetivo da data de chamar atenção para o tema, a Accor destacou ações de sustentabilidade e ESG realizadas em sua operação. Para conhecer um pouco mais sobre este trabalho da rede hoteleira, o Brasilturis entrou em contato com Antonietta Varlese, SVP de Sustentabilidade e Comunicação Accor Américas para as marcas Premium, Midscale & Economy.

“Nossa estratégia de sustentabilidade não é nova e faz muito tempo que a Accor vem trabalhando essa questão”, conta Antonietta. “Hoje, o turismo é responsável por 11% das emissões de CO2 na atmosfera e, como uma grande rede hoteleira, temos noção do impacto de nossas operações. Por este motivo, implementamos metas cada vez mais agressivas com base no Acordo de Paris de 2015, que visa evitar que o planeta tenha um acréscimo de temperatura de 1,5ºC – que hoje já chegou a 1,1ºC”, explica.

Antonietta lembra ainda que essa temática também é importante para a manutenção da operação da rede hoteleira e do setor de turismo como um todo. “Além da preocupação com a perda de biodiversidade da terra e a possibilidade de uma completa catástrofe natural, os esforços da Accor também visam garantir que esses problemas não interfiram no negócio. Afinal, nenhuma empresa quer chegar ao ponto de serem cobradas pela emissão de poluentes, caso o problema continue a se intensificar”, comenta a executiva.

Metas e iniciativas

Por estes motivos, a Accor implementou algumas estratégias para reduzir a emissão de poluentes da rede em 50% até 2030 e 100% até 2050. “Ano passado tivemos a missão de eliminar mais de 50 itens de plásticos na operação dos hotéis no Brasil, seguindo determinações do Global Sustainable Tourism Council (GSTC). Estamos eliminando plásticos de uso único, como embalagens de amenities e garrafas de água, substituindo por alternativas como filtros de água, garrafas de vidro retornáveis, entre outras”, destaca Antonietta.

“No Brasil, as soluções que implementamos em parceria com a Realgems Cosméticos e Amenities resultaram na redução de 111 toneladas de plástico nos hotéis da Accor”, conta Antonietta. “Esse número representa 91% do descarte de plástico de amenities individuais, como dispensers de shampoo, condicionador e outros itens”, complementa.

Além dos plásticos, o esforço de descarbonização também envolve a redução no desperdício de energia. Para isso, a Accor firmou uma parceria internacional com a Schneider Electric University para utilizar o sistema de medição de insumos. A ferramenta gera um benchmark capaz de revelar quais são as oportunidades de controle e economia de energia. “Isso nos vai permitir começar a desenvolver planos para redução do desperdício nos empreendimentos a partir do ano que vem”, explica Antonietta.

No que diz respeito à alimentação, o impacto pode ser ainda maior, exigindo soluções ainda mais complexas. “Para o controle do desperdício de alimentos, que projetamos reduzir em 60% até 2030 e já atingimos em torno de 30% em grande parte dos hotéis, estamos implementando sistemas de medição únicos para toda a rede este ano”, revela Antonietta. “No entanto, este trabalho não se limita ao desperdício, mas também implica em alterações no cardápio”, continua.

“Estamos com um olhar atento aos itens de carne, cuja produção é um grande emissor de CO2, implementando soluções alternativas como o plant-based. Temos também o objetivo de garantir que até 2025, 100% dos ovos utilizados sejam cage-free, ou seja, de galinhas que não ficam presas, além de passar a utilizar substitutos vegetais do ovo nas receitas. Para tal, firmamos parcerias com a ONG Mercy for Animals e a Sociedade Vegetariana Brasileira”, lista Antonietta.

Para implementar essas medidas, no entanto, é necessário um trabalho conjunto com os funcionários, hóspedes, fornecedores, governos e o setor como um todo. No caso dos colaboradores, por exemplo, Antonietta explica que é de extrema importância que todos estejam alinhados sobre a importância dessas questões. Para isso, a rede realiza diversos treinamentos, como o School for Change, que deve chegar a todos os gerentes de hotéis este ano.

“Também temos o papel de educar e comunicar com o cliente todas as mudanças, tanto nos amenities como na alimentação, para que entendam os motivos. No começo, muitos pensavam que a substituição de canudos ou redução na lavagem de toalhas era questão de economia, por exemplo. Hoje, é comum exigirem essas medidas ou reclamarem que lavaram a toalha sem permissão. Afinal, estamos todos contribuindo para uma grande mudança cultural”, salienta Antonietta.

É importante ressaltar que, assim como as demais grandes redes hoteleiras, a Accor não detém e opera todos os hotéis que utilizam suas bandeiras. “Por isso é importante que esses franqueados e parceiros estejam todos alinhados com essas ações. Não só na questão ambiental, mas também social, como inclusão, equidade salarial e cargos gerenciais para mulheres, atendimento ao público LGBTQIAP+, entre outras. É um dos grandes fatores-chave da nossa estratégia ESG”, explica Antonietta.

A executiva ressalta ainda que é impossível realizar essas medidas sem o trabalho conjunto de toda a cadeia produtiva. “É muito complicado consolidar soluções quando não há alternativas viáveis por parte dos fornecedores. Por este motivo, as pessoas precisam continuar utilizando seu poder de compra para pressionar movimentações no mercado. Fora isso, estamos cada vez mais criteriosos na traçabilidade das cadeias produtivas, para evitar má conduta durante o processo. Para isso, temos a Astore que utiliza critérios como o da Ecovadis”, reforça Antonietta.

Por fim, há ainda a certificação dessas medidas e ações para garantir sua legitimidade. “Estamos reconhecendo nossos hotéis por meio de certificadoras credenciadas pelo GSTC, como o Green Key International”, conta Antonietta. O interessante é que, assim que um hotel é reconhecido, nós ganhamos selos verdes nas agências de viagens online (OTAs). Sabemos que mais de 60% dos viajantes que utilizam essas plataformas priorizam empreendimentos comprovadamente sustentáveis”, finaliza.


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