Segundo dados de um estudo realizado pelo São Paulo Convention & Visitors Bureau (SPCVB), no primeiro semestre de 2023, foram realizados 850 eventos, representando uma alta de 141% em relação ao mesmo período do ano passado. Isso indica uma volta à normalidade, com a presença tanto de expositores quanto de público. Para Toni Sando, presidente executivo do SPCVB, os índices refletem também na expectativa para a realização de eventos no próximo ano, que poderá ser ainda maior.
Em entrevista ao Brasilturis, Sando discorre sobre o setor de eventos em São Paulo, o trabalho que vem sendo realizado pelo SPCVB, além da atuação da Embratur e do Ministério do Turismo na fomentação do Turismo no País.
Recentemente, o São Paulo Convention & Visitors Bureau promoveu na capital paulista o 5º Expo Fórum. Qual o balanço do evento?
Foi muito bom. Tínhamos dois objetivos com o fórum. O primeiro era levar conteúdo sobre o que tem acontecido nos setores econômicos do nosso segmento. Então, falamos sobre as companhias aéreas, hotelaria, agenciamento e associativismo. Tudo isso agrega valor para nossos associados e parceiros. Além disso, a presença dos secretários de Turismo, tanto municipal como estadual, também foi positiva, pois podemos acompanhar suas atividades e entender onde podemos nos envolver como sociedade civil. A exposição do lado de fora também foi importante. Além disso, tivemos a integração e o relacionamento com todos os participantes. Em seguida, proporcionamos ao Conselho Municipal de Turismo (Comtur) e ao Conselho Estadual de Turismo (Conturesp) a reunião com representantes da Embratur, bem como várias entidades e convênios de todo o Brasil.
Pretendemos disponibilizar todas as apresentações em nosso canal do YouTube do Visite São Paulo. A proposta é compartilhar informação e conhecimento, pois nosso objetivo é conectar pessoas e negócios, o que acreditamos ter alcançado. O evento era aberto, mas o público-alvo eram nossos associados do São Paulo Convention & Visitors Bureau. Atuamos principalmente com hotelaria e organizadores de eventos, abrangendo toda a cadeia produtiva do Turismo e eventos.
Durante o fórum, foram mencionados investimentos no setor hoteleiro, com R$ 5,7 bilhões destinados à abertura de novos hotéis até 2027. De que forma isso agrega para o Turismo de São Paulo?
O papel do Convention Bureau de São Paulo é aumentar o fluxo de visitantes e promover o destino por meio da captação de eventos. Quanto mais equipamentos hoteleiros e espaços de eventos, estrutura comercial e cultural tivermos, mais competitivo o destino se torna no mercado. O nosso trabalho abrange diversos setores, incluindo a hotelaria, organizadores de eventos, restaurantes e outros serviços relacionados ao Turismo e Eventos. Nossa atuação acaba integrando as cadeias produtivas do Turismo e Eventos para beneficiar o destino como um todo. Desde a alimentação, compras e hospitalidade até a cenografia, montagem e infraestrutura necessária para eventos, todas essas áreas são abrangidas pelo nosso trabalho.
Nosso objetivo é impulsionar a economia por meio de eventos e do aumento do número de visitantes. A união dessas ações e investimentos contribui para o desenvolvimento do Turismo em São Paulo e fortalece o posicionamento do destino no cenário nacional e internacional. Com isso, esperamos alcançar resultados positivos para toda a indústria no estado.
Você percebeu um aumento de eventos em São Paulo neste ano?
Até o momento deste ano, já registramos um aumento de 141% no número de eventos em comparação ao mesmo período do ano passado. Isso indica uma volta à normalidade, com a presença tanto de expositores quanto de público. É uma perspectiva muito positiva para o próximo ano, pois já estamos recebendo diversas organizações interessadas em realizar eventos aqui em São Paulo. Diversas empresas têm demonstrado interesse em realizar congressos médicos, científicos e outras atividades em diversos tópicos específicos. O segredo não está mais na quantidade de pessoas, mas sim na qualidade da informação compartilhada e da experiência oferecida. Isso tem aberto espaço para eventos menores, que podem ser realizados em espaços como centros de convenções ou até mesmo em hotéis, com salas adequadas para treinamentos e encontros.
Hoje, é natural que as pessoas busquem mais experiências de convivência e interação social. Elas estão saindo de suas casas, deixando seus escritórios e querem ver pessoas, conversar, se relacionar e fazer negócios. A tecnologia virtual é uma grande facilitadora quando alguém deseja participar, mas está impedido de estar fisicamente presente, mas aqueles que podem estar presentes não perdem essa oportunidade. O ser humano é sociável, vive em sociedade e anseia por conexões humanas. A pandemia nos obrigou a nos resguardar por questões de saúde e segurança, mas agora, com a vacinação e o controle da pandemia, estamos voltando à normalidade. E não é apenas retornar ao que era antes, mas também experimentar um crescimento ainda maior em diversas áreas da economia.
Vocês acreditam que a retomada será ainda mais forte no próximo ano?
Com base nos números que temos até o momento, é provável que a quantidade de eventos supere o deste ano. A pandemia represou muitas atividades e, por conta disso, a demanda por encontros e relacionamentos voltou a crescer de forma significativa. De certa forma, esse crescimento também se beneficia do bleisure, que incentiva as pessoas a explorar novos destinos e gerar um aumento no consumo local, desde o supermercado até a farmácia. Já se falava muito do bleisure antes, mas a pandemia consolidou a tendência, na qual as pessoas aproveitam suas viagens de negócios para desfrutar de momentos de lazer e turismo. Antes, quando era apenas uma tendência, as empresas não viam esse movimento com bons olhos. Hoje, em função da questão da saúde mental, muitas delas têm incentivado as pessoas a aproveitarem os destinos. Se tornou um padrão nas viagens de negócios.
Em abril, vocês lançaram uma campanha para stopover em São Paulo (SP), em parceria com a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear). Como está essa campanha?
Quando alguém vem para a capital paulista, seja para participar de um evento, visitar a família ou fazer compras, nós destacamos os atributos que a cidade e o estado de São Paulo oferecem. Queremos que as pessoas que estão passando por São Paulo, mesmo que não estejam vindo especificamente para cá, façam uma paradinha e aproveitem diversas atividades antes de continuar a viagem. Essa campanha é uma parceria entre várias entidades do setor, incluindo a Abear, a Secretaria de Estado de São Paulo e a Secretaria de Turismo. Trabalhamos juntos pela mesma causa e isso nos permite fortalecer o destino e realizar ações conjuntas, como road shows pelo Brasil e pelo mundo, capacitações e eventos para atrair mais visitantes para São Paulo.
As medidas governamentais em desenvolvimento estão em sintonia com o trabalho de vocês?
Sobre as políticas para fomentar o Turismo e atrair mais eventos, vemos com bons olhos o trabalho da Embratur, que tem promovido o Brasil de forma eficiente. A promoção internacional é essencial para aumentar o número de visitantes e elevar a receita média dos turistas no país. Recebemos recentemente o ministro Celso Sabino, que demonstrou competência e disposição para ouvir e ajudar o setor a se solidificar. Sabemos que nos últimos anos tivemos mudanças frequentes no comando do Ministério do Turismo, sendo 18 ministros em apenas 20 anos, quase um por ano. Esperamos que o atual ministro consiga se manter no cargo nos próximos três anos, possibilitando a consolidação das políticas públicas para o setor. No caso da Embratur, a equipe técnica que está trabalhando desde janeiro também nos inspira confiança, pois são profissionais de alto nível que podem plantar sementes para o crescimento do turismo no país.
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