Recém nomeada para assumir a Secretaria de Cultura de Pernambuco, Cacau de Paula deixou, no último dia 21, o cargo de secretária de Turismo e Lazer na Prefeitura do Recife. Após dois anos à frente da pasta municipal, Cacau assume o desafio de seguir representando a cultura pernambucana mas, agora, com a área de atuação ampliada, assim como os desafios e projetos que serão realizados em proporções maiores.
Em entrevista ao Brasilturis Jornal, Cacau falou sobre o período em que atuou no Turismo do Recife, pontuou os principais desafios enfrentados ao longo dos dois anos, que abarcou parte da pandemia do covid-19, assim como o legado deixado para o setor. Sobre o futuro, Cacau deu algumas direções sobre como pretende atuar. A gestora acredita que ainda há muito o que explorado na cultura pernambucana, que reúne tantos símbolos e encanta tanto os visitantes, incluindo exportar talentos.
BJ – Quais os maiores desafios enfrentados ao longo desse período?
Quando assumi a secretaria de Turismo, em 2021, existia um cenário de pandemia ainda presente. Pegamos a segunda leva da pandemia, com algumas variantes e as ações ainda estavam muito limitadas, tanto em capacidade como em número de eventos. Passamos dois anos sem o Carnaval, que é o maior evento turístico da cidade. Então, eu considero que o maior desafio foi realizar uma campanha voltada ao Turismo. Foi preciso trabalhar de um jeito muito diferente de tudo que já havia acontecido no mundo, porque pela primeira vez estávamos em um cenário de pandemia. E saímos disso para retornar a números que pudessem ser comparado aos de 2019 com a volta dos grandes eventos como o próprio Carnaval, São João e de todos os outros eventos do calendário.
BJ – Gostaria que você falasse um pouco das entregas realizadas. Quais as que você gostaria de destacar?
Foram muitas entregas. Eu ficava responsável pelo Turismo e Lazer e, no Turismo eu gostaria de destacar a criação do Observatório de Turismo do Recife. Através dele passamos a ter os dados organizados, compilados, e isso facilitou muito na formação no desenvolvimento de políticas públicas para o setor. Além disso, Recife fez parte do primeiro grupo de Destino Turístico Inteligente (DTI), um trabalho importante e estratégico realizado em parceria com o Ministério do Turismo. Também acho válido destacar as ações com os agentes de viagens, nossos roadshows, as parcerias com as entidades. Este foi um período de muito diálogo e de construção coletiva, para que a gente melhorasse os nossos números no Turismo.
Em relação ao Lazer eu queria destacar o evento Viva Guararapes, que é um projeto que estimula a população a vivenciar e conviver o centro da cidade. mais especificamente, neste caso, a Avenida Guararapes, uma importante e histórica avenida no centro do Recife. Além desta ação, tínhamos o Viva Recife, que era realizado com frequência nos bairros e tinha o mesmo intuito: viver o lazer naquela região.
BJ – No Turismo, qual o maior potencial de Recife?
Sem querer, mas já puxando sardinha para o meu novo desafio, é a Cultura. Recife é uma cidade pujante, fervente, com muita cultura envolvida em tudo. Então a gente tem muita história, muitos museus, economia criativa, experiências de turismo criativo, dentre tantos outros atrativos que eu poderia falar aqui. A cidade é transversal, onde você consegue conhecer ela seja a pé, de bicicleta, carro, ônibus ou até mesmo de catamarã – que é uma experiência incrível. Então, Recife é uma cidade que oferece uma cultura incrível e vai muito além de um destino de Sol e Mar. A gente sabe que o Nordeste é muito ligado à questão do Sol e Mar, mas aqui tem essa questão cultural muito forte que complementa a experiência do visitante.
BJ – O que ficou de lição desse período?
Foi o período mais desafiador da minha vida profissional. Estar a frente de uma pasta de Turismo de uma cidade tão turística, uma das maiores cidades turísticas do Brasil, faz com que a gente tenha grandes desafios diários. Também tem o fato de lidar com uma cidade que é capital. Estamos sempre tentando fazer a diferença, nos dedicando e focando nas entregas. Porque quando a gente entra na secretaria, os dias já estão contando e a gente às vezes não sabe o tempo que vai ter para desenvolver todas as ações, desenvolver nossas vontades e é imprescindível entender gestão enquanto planejamento, execução e entrega.
Em contrapartida, para a Cacau, o que ficou é um amor ainda maior pela minha cidade. É como se eu tivesse tido uma relação muito forte, conhecido ela de muito perto e tivesse marcado a minha vida para sempre durante esse período que eu estive enquanto secretária. Sempre amei, sempre tive muito orgulho de ser recifense, mas depois dessa experiência, eu amo ainda mais o Recife.
Bj – E para o futuro, o que podemos esperar de Cacau na Cultura de Pernambuco?
Eu sempre acreditei na transversalidade entre o Turismo e a Cultura porque aqui em Pernambuco, a gente tem um estado que é um dos maiores berços da cultura do Brasil. Pode-se esperar a minha dedicação, pois vou trabalhar para fomentar a cultura. Passei muito tempo trabalhando, divulgando e conversando sobre esse potencial cultural nos últimos 12 anos de minha vida, aos quais dediquei exclusivamente ao Turismo como agente de viagem, no Recife Convention & Visitors Bureau (RCVB), na Empetur (Empresa de Turismo de Pernambuco) e, por último, na Secretaria de Turismo e Lazer do Recife. Sempre acreditei demais no nosso potencial, acho que ainda tem muito o que trabalhar e divulgar. Podemos cada vez mais contar com novos produtos e regiões de um estado que é incrível e que ainda tem muito o que ser descoberto e o que ser experimentado pelas pessoas.
BJ – Cultura e Turismo andam juntos? Vai haver uma interlocução entre as pastas, visando atrair um maior fluxo turístico enaltecendo a nossa cultura?
Com certeza. A Empetur lançou a nova campanha de divulgação de Pernambuco, que foca nas nossas grandes potencialidades como por exemplo Sol e Mar mas, principalmente, na Gastronomia e na Cultura. E aí, a Gastronomia entra também como um elemento cultural. A governadora Raquel Lyra me contou, ao me convidar para este desafio, que acredita nesse papel integrado entre Cultura e Turismo. Além disso, vamos trabalhar a economia criativa como um todo, e aqui eu também destaco que a gente vai atuar junto com Agência de Desenvolvimento de Pernambuco (Adepe) na questão da economia criativa, exportando nossos talentos. Outra frente de trabalho é a própria divulgação, no receptivo a esses turistas que vem ao nosso estado, para que eles tenham as melhores experiências, e também no desenvolvimento do Turismo criativo e de tantas outras iniciativas que agregam Cultura e Turismo.
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