A última temporada de cruzeiros no Brasil foi marcada por momentos históricos. Durante sete meses de navegação, totalizando 195 dias, o período contou com mais de 877 mil leitos da Costa Cruzeiros e da MSC Cruzeiros, que percorreram mais de 200 roteiros e realizaram 763 escalas. A expectativa é que essa atuação tenha gerado mais de 80 mil empregos diretos, indiretos e induzidos, além de impactar a economia brasileira em mais de R$ 5 bilhões.
Os navios Costa Diadema, Costa Fascinosa, Costa Favolosa, MSC Armonia, MSC Grandiosa, MSC Lirica, MSC Musica, MSC Preziosa e MSC Seaview partiram dos portos de Itajaí (SC), Maceió (AL), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), Santos (SP) e do estreante Porto de Paranaguá (PR).
“Tivemos a inauguração do porto de embarque em Paranaguá, que foi um teste muito positivo, além de embarques intensificados em portos como Maceió, Salvador, Santos e Itajaí, que se consolidou com ambas as companhias. Foi uma temporada excelente, apesar dos custos operacionais elevados, que atingiram recordes históricos e impactam a competitividade do Brasil e da América do Sul”, afirma Marco Ferraz, presidente da Clia Brasil.
O executivo também aponta os desafios constantes para o setor de turismo marítimo. “Já percebemos um impacto dos altos custos na próxima temporada, com um navio a menos e 15 dias a menos de estadia dos navios aqui. Estamos trabalhando nisso desde a temporada passada, fazendo uma nova rodada de negociações, visitando todos para tentar tornar o Brasil competitivo. Não há necessidade de ser o mais barato; entendemos que a falta de navios inteiros pode impactar o custo, mas precisamos estar alinhados para continuar operando com os navios aqui.”
Para a próxima temporada, a Clia Brasil prevê a operação de oito navios, mas os roteiros das embarcações ainda estão em fase de avaliação. “Esperamos cerca de 780 mil leitos disponíveis para venda, começando em novembro e se estendendo até maio. Estamos discutindo muitos roteiros e trabalhando a questão dos custos e o número de estadias dos navios em portos nacionais”, explica Ferraz.
Questionado sobre a estratégia da MSC de operar com menos navios, mas oferecendo mais cruzeiros, Ferraz reforça que o importante é a diversificação dos produtos. “Evitamos nos envolver em questões comerciais, mas é essencial oferecer uma variedade de itinerários, roteiros e estadias, incluindo viagens de três, quatro, sete ou oito noites. A inclusão de novos portos, como Vitória (ES), Ilha do Mel (PR), Itaparica (BA) e Penha (SC), além de novos tipos de cruzeiros temáticos, proporciona mais opções aos cruzeiristas e uma variedade maior de passageiros”, elucida o presidente.
Ferraz também aproveitou a ocasião para enfatizar o potencial significativo das agências de viagens no mercado de cruzeiros, que são responsáveis por 76% das vendas de cruzeiros no mundo. “No Brasil, essa taxa é ainda maior e tem um potencial de crescimento enorme. O agente de viagens é um aliado crucial, pois conhecendo bem o perfil do cruzeirista ele sabe oferecer a melhor viagem em uma vasta prateleira de opções”, pontua o presidente.
Considerando a importância dos agentes para o segmento, o executivo também destaca os esforços da associação em conectar ambas as partes da cadeia produtiva. “Temos trabalhado bastante em fortalecer essa parceria, com eventos como o Cruise360 que buscam trazer mais agentes para o setor, além de facilitar a associação à Clia Brasil, que já conta com 15 mil agências associadas no mundo e mais de 70 mil agentes cadastrados, participando dos treinamentos”, salienta Ferraz.
Os esforços da Clia Brasil também estão concentrados em resolver os principais gargalos que impedem o Brasil de se destacar no segmento marítimo. “Os três grandes obstáculos são as questões regulatórias, trabalhistas e de infraestrutura. O Brasil é o único país do mundo com ações trabalhistas de tripulantes, além da alta carga tributária, que complicam bastante a operação. Temos também a necessidade de portos adaptados aos navios mais modernos e mais píeres de operação remota, entre outras questões. Estamos sempre trabalhando nesses pilares, buscando sempre melhorar a competitividade do Brasil no setor”, afirma Ferraz.
Neste esforço de representar o segmento turístico no relacionamento com o governo, o executivo destaca o trabalho de evidenciar a importância dos cruzeiros na economia brasileira. “Cada 24 cruzeiristas geram um emprego, mostrando o impacto econômico e social significativo do setor. Além disso, os roteiros dos navios servem como uma espécie de degustação de destinos, o que é uma ótima oportunidade para o turismo local. Afinal, 60% dos cruzeiristas retornam aos destinos visitados para explorar mais a fundo”, revela Ferraz.
Com 63 novos navios encomendados até 2026, somando 150 mil leitos e um investimento de US$ 48 bilhões nos estaleiros, o futuro do setor de cruzeiros é promissor. “A partir de 2025, teremos que vender 2 milhões de cruzeiros a mais por ano, e os agentes de viagens desempenharão um papel fundamental nesta missão”, conclui Ferraz.
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