As tarifas de curtas e médias distâncias do transporte rodoviário representaram uma economia de cerca de 90% em relação a outros modais de transporte, como, por exemplo, os trechos aéreos operados para os mesmos destinos. No primeiro semestre deste ano, levantamento da Associação Brasileira das Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros (Abrati), realizado com base em dados de órgãos reguladores, aponta que, além de confortáveis e pontuais, as viagens de ônibus são financeiramente vantajosas e acessíveis.

A afirmação é válida a partir de informações relacionadas ao transporte rodoviário e aéreo coletadas através da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Foram analisados dados referentes ao período entre janeiro e junho de 2024, em rotas estratégicas, de curtas e médias distâncias, com tempo de viagem de até 12 horas, e seus preços praticados em passagens vendidas no primeiro semestre.

Em um país de dimensões continentais como o Brasil, os modais rodoviário e aéreo são complementares. E contam com tarifas e características, como a capilaridade, bem distintas.

Os resultados da análise da Abrati mostram que o trecho entre São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ) foi o que representou a maior diferença de preços. A viagem rodoviária de 426,31 quilômetros, feita em 6h25, representou uma economia de 92% sobre os valores praticados pelas companhias aéreas.

Para os passageiros que moram longe de grandes centros urbanos, as vantagens são ainda maiores. Isto porque os usuários de ônibus não dependem de deslocamentos até aeroportos, que se somam à espera e ao tempo de viagem. Assim, o transporte rodoviário representa uma alternativa complementar e confortável, já que o usuário pode embarcar na cidade onde mora e seguir para o destino em um mesmo veículo.

As vantagens também são grandes em outras rotas. Entre o Rio de Janeiro e Vitória (ES), as viagens de ônibus representaram uma economia de 89% em relação ao modal aéreo. O trecho de 534,25 quilômetros é feito em 7h30.

Na região Nordeste, o trajeto de 525,87 quilômetros entre Natal (RN) e Fortaleza (CE), normalmente realizado em 8h55, tem uma diferença de 86% em relação ao valor cobrado pelo modal aéreo. Já no Sul, a economia é a mesma. O trecho entre Curitiba (PR) e Caxias do Sul (RS) tem 605,48 quilômetros. Neste caso, o trajeto de ônibus fica 86% mais em conta do que o aéreo.

De acordo com Letícia Pineschi, conselheira executiva da Abrati, o transporte rodoviário conta com 205 empresas regulares em operação no transporte interestadual. Isto faz com que alcance 90% das localidades do país em trechos diretos ou com conexões, o que não ocorre no modal aéreo, nem com relação à capilaridade, nem com relação à variedade de operadores.

“São milhares de terminais que conectam até os locais mais remotos. Isso vale tanto para serviços de luxo, como leito e semileito, quanto para opções mais econômicas”, afirma a executiva.

A conselheira da Abarti também aponta que o transporte rodoviário de passageiros não é exatamente um concorrente do transporte aéreo, é complementar. Porém, neste momento de grande endividamento da população, além de possibilitar maior mobilidade nas rotas citadas, pode oferecer outras vantagens à economia, como a geração de milhares de empregos diretos e indiretos, que vão desde motoristas, profissionais de tecnologia, colaboradores que atuam nos terminais e manutenção dos veículos.

“De alguma forma, todos dependem dessa grande rede que faz o país se mover. Portanto, o impacto econômico desta atividade é extremamente relevante, com injeção de recursos em diferentes níveis da economia, dos pequenos aos grandes centros urbanos”, finaliza Pineschi.