Na manhã desta terça-feira (10), o Hotel Nacional Inn Jaraguá São Paulo foi palco da Innovati.On Travel 2024, evento promovido pela OnFly, que reúne líderes e especialistas para discutir tecnologias e inovações no mercado de viagens. Marcelo Linhares, CEO da OnFly, abriu o evento com a apresentação intitulada “Travel Techs – Como vivem? Onde vivem? Do que se alimentam?”, explorando as principais transformações tecnológicas no Turismo dos últimos anos e os desafios enfrentados pelo setor que devem ser superados nos próximos anos.

Linhares destaca que as mudanças tecnológicas já são uma realidade presente. “Os mais jovens hoje não vão saber como é comprar viagens em lojas físicas. Todas as indústrias estão se digitalizando, em absolutamente todos os setores”, afirma, ressaltando a necessidade de adaptação para evitar a obsolescência. Ele exemplificou com o declínio de empresas que resistiram à inovação, como a Nokia, e elucidou isso com uma frase de Satya Nadella, CEO da Microsoft, “Nossa indústria não respeita a tradição, só respeita a inovação”.

O mercado de viagens, que representa 9,2% do PIB global, foi pioneiro na digitalização, com players como Booking e Expedia surgindo na década de 1990. Contudo, Linhares argumenta que o próximo grande movimento disruptivo está no segmento B2B. “A próxima onda de disrupção em viagens é como as empresas compram viagens, pois a maior parte do capital está sendo direcionado para este segmento, fator determinante para a inovação. Startups como Navan, TravelPerk e Engine já receberam US$ 3 bilhões em investimentos nos últimos anos”, exemplifica Linhares, em sua palestra de abertura da Innovati.On Travel 2024.

O executivo também reforça que a inovação quase sempre chega primeiro no B2C e, só depois, chega no B2B, segmentos que diferem muito no modelo de negócio das empresas. “Enquanto o B2C lida com alto marketing e pouca recorrência, o B2B tem menor investimento em marketing, mas maior fidelização”, explica Linhares, que destaca ainda que, no Brasil, cerca de 60% dos passageiros em voos viajam a trabalho, sendo as viagens corporativas o principal motor financeiro do setor.

Apesar disso, a digitalização no segmento B2B ainda enfrenta desafios. “Há muitos processos offline e falta de foco na experiência do viajante”, aponta Linhares, mencionando a “briga eterna” entre agências e plataformas de reserva corporativa (OBTs), além de um mercado com incentivos desalinhados.

Linhares também abordou as mudanças em áreas complementares ao turismo. No setor aéreo, a adoção do NDC tem transformado a distribuição, enquanto na hotelaria, mais redes investem em vendas diretas e programas de fidelidade. “Hotéis estão assumindo cada vez mais o controle de sua distribuição, muitos com centenas de milhões de membros em programas de fidelidade”, exemplificou.

Por fim, o CEO da OnFly reitera sua posição de não confiar em prvisões muito absolutas. Um exemplo disso é a ideia de que a digitalização, como a popularização de videoconferências, eliminaria as viagens corporativas. “O Zoom não matou as viagens corporativas, assim como Bill Gates estava errado ao pensar que 50% desse mercado ia desaparecer. As pessoas voltaram a fazer viagens, pois as videoconferências não substituem a experiência de viajar e se relacionar presencialmente”, conclui Linhares, reforçando que a evolução tecnológica deve ser vista como uma oportunidade de reestruturação, e não como ameaça ao setor.

O Innovati.On Travel 2024 segue com uma série de palestras e painéis sobre os mais diferentes temas no que se refere a inovação e tecnonologia nos diversos segmentos do setor de Turismo.