Marcelo Freixo, deputado federal pelo PT-RJ, é o atual presidente da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), cargo que ocupa desde janeiro de 2023. À frente da instituição vinculada ao Ministério do Turismo, Freixo tem liderado iniciativas para expandir a visibilidade do Brasil no cenário internacional, promovendo o País como um destino turístico estratégico e sustentável.
Com uma trajetória marcada pelo compromisso com políticas públicas e pela atuação no Congresso Nacional, Freixo se destacou na defesa dos direitos humanos e no fortalecimento de agendas sociais. Sua experiência política e capacidade de gestão têm sido pilares na condução da Embratur, contribuindo para consolidar o Turismo como motor de desenvolvimento econômico e cultural para o Brasil.
Em entrevista ao Brasilturis, Freixo faz um balanço sobre esses dois anos de gestão e celebra os contínuos recordes registrados nos últimos meses, que levam o Brasil a um novo momento histórico, superando os 6,6 milhões de turistas internacionais, recorde registrado em 2018. Confira!
Como você avalia esses dois anos à frente da Embratur?
Sem dúvidas, o maior desafio foi e ainda é o de organizar a casa. Encontramos uma Embratur sem orçamento, e com uma equipe que não correspondia ao desafio da promoção internacional do Brasil. Montamos uma equipe técnica e reconhecida pelo mercado. Com muito diálogo no Congresso Nacional, conseguimos aprovar uma nova lei que permitiu que a Embratur voltasse a receber orçamento da União, mas também permitiu que pudéssemos ser contratados pelo Governo Federal, estados e municípios. Assim, participamos da organização do G20 em mais de 50 reuniões realizadas em diversas cidades do País, proporcionando aos convidados um pouco da experiência da cultura e da gastronomia do Brasil.
Garantimos também um novo contrato com o Sebrae, mais robusto e com novos produtos, que vai fortalecer ainda mais a promoção dos pequenos negócios que atuam no Turismo brasileiro, gerando emprego e renda de forma sustentável em todo o País. Na promoção internacional, a grande novidade está na capacidade de nossa equipe inovar na produção de políticas públicas eficientes, que estão contribuindo para os resultados recordes que estamos atingindo. É o caso, por exemplo, da atração de voos internacionais. Hoje, nosso investimento em promoção contribui na indução das companhias aéreas para o lançamento de novos voos.
Atuamos para gerar aumento de interesse em visitar o Brasil nas cidades onde há novos voos que se conectam ao nosso País. O Programa de Aceleração do Turismo Internacional (Pati) vai nos permitir ganhar em escala nessa política. Outra novidade é a capacidade que a gente tem hoje de utilizar a inteligência de dados e segmentação de público, oferecendo o destino brasileiro ideal para cada diferente perfil de turista, numa promoção muito mais assertiva e eficiente.
Por fim, e não menos importante, é a nossa reaproximação com quem faz o Turismo acontecer, o trade turístico nacional e internacional. Retomamos a filiação a importantes associações internacionais. Hoje, o Brasil é uma voz ativa nos grandes fóruns globais de Turismo, e temos uma relação de colaboração com os empresários brasileiros, micro, pequenos, médios e grandes.
Os resultados são evidentes: já em 2023, batemos recorde histórico com os gastos de turistas estrangeiros, com arrecadação de US$ 6,9 bilhões. A entrada de turistas em 2023 também foi 62% maior do que em 2022. Agora, em 2024, temos batidos recordes mês a mês e a tendência é que vamos superar todas as marcas anteriores, com arrecadação superior a US$ 7,2 bilhões e entrada de mais de 6,6 milhões, o que superaria o ano recorde de 2018, quando o Brasil recebeu 6,6 milhões de viajantes internacionais.
Em sua gestão, como foi possível alinhar as metas da Embratur com os objetivos mais amplos do governo federal para o Turismo?
Eu costumo dizer que temos a vantagem de ter o melhor garoto propaganda no mundo, que é o presidente Lula. A sua liderança global e o papel que o Brasil tem desempenhado no debate sobre os desafios da crise climática deixam uma clara mensagem de que o Brasil voltou. O Brasil voltou a ser protagonista internacionalmente, voltou a ser respeitado. Ninguém quer visitar um país que é inimigo do meio ambiente, que não respeita os direitos humanos, a diversidade e a democracia.
Por outro lado, agora todo o mundo quer vir ao Brasil, conhecer nossa cultura, nossa natureza, nossa gastronomia, e ajudar com o seu consumo no turismo a construir um Brasil mais sustentável. A gente quer que o Turismo faça o Brasil ser bom para quem visita, mas também bom para quem vive aqui. O setor tem essa capacidade: somos 10% do PIB, mais de 8 milhões de empregos e o crescimento desse setor da economia está contribuindo para a queda do desemprego e aumento da renda das famílias do país.
O Brasil tem buscado diversificar seus mercados internacionais. Quais foram os focos principais dessa expansão e por quê?
A Embratur tem na inteligência de dados o farol para a análise de tendências e tomada de decisões sobre as ações de promoção internacional. Hoje temos estratégias distintas para cada diferente mercado em que atuamos, sabendo aproveitar bem as oportunidades de mercado.
O incremento do turismo com o Chile é um exemplo desse olhar: observamos as companhias aéreas que tinham potencial de crescimento devido ao investimento em novas aeronaves, e atuamos fortemente para ampliar a conectividade como Brasil, regionalizando as rotas para permitir que o chileno consiga acessar uma maior diversidade de destinos brasileiros em voos diretos.
Com oferta de assentos, a promoção tem sido muito eficiente, mostrando aos chilenos tudo que o Brasil pode oferecer, das praias de água quente e muita cultura no Nordeste, ao Centro-Oeste com as chapadas e muita natureza, o Pantanal e o deslumbramento de sua fauna, mas também o Rio de Janeiro, São Paulo, Florianópolis e toda a diversidade de atrativos que tem nosso País.
Quais foram as parcerias mais relevantes feitas com operadores, agências e governos estrangeiros para fortalecer o turismo no Brasil?
Um pilar importante de nossa gestão é o de trabalhar em parcerias para ganhar sinergia. O Brasil é duas vezes o tamanho da Europa da Zona do Euro. Trabalhamos com um orçamento em real e gastamos em dólar e euro. Os nossos resultados positivos só puderam ser alcançados porque há parcerias, atuamos para que todos os atores do turismo caminhem na mesma estratégia, em sinergia de ações que se complementam. Mas para responder sua pergunta, eu simbolicamente vou citar a parceria com a ATTA, que é a maior associação de ecoturismo e turismo de aventura do planeta.
Quem atua neste segmento sabe o quanto nosso país estava isolado, éramos párias no mundo devido à política ambiental negacionista do governo passado, que se refletia também na atuação da Embratur. Em nossa gestão, colocamos o Brasil como o principal destino de ecoturismo do planeta, segundo a Forbes, e conseguimos trazer para Bonito um dos principais eventos globais da ATTA, em 2025. É uma virada de página que muito nos orgulha e que tem contribuído para os resultados positivos do turismo brasileiro, gerando emprego e renda com sustentabilidade ambiental.
Como o Brasil tem se posicionado em relação à competição com outros destinos emergentes no cenário global?
Temos posicionado os destinos de sol e praia do Nordeste, por exemplo, como um único produto para competir com o Caribe. Na Argentina, por exemplo, que há uma demanda para esse tipo de produto, de resorts all inclusive, fizemos uma parceria com a Resorts Brasil para garantir esse produto num preço competitivo na prateleira das agências argentinas, e conseguimos ampliar a conectividade de Buenos Aires para o Nordeste. Hoje temos voos diretos para Salvador, Porto Seguro, Maceió, Recife, João Pessoa, Natal e Fortaleza.
Na sua visão, quais são os maiores atrativos do Brasil que ainda não são devidamente explorados ou reconhecidos internacionalmente?
Nosso grande desafio tem sido ampliar a chegada de turistas estrangeiros na Amazônia. Existe um grande interesse internacional em conhecer a maior floresta do mundo, que é tema de tantos debates globais, e é onde vamos realizar a COP30 no ano que vem. Realizamos neste ano uma campanha nos Estados Unidos focada na Amazônia, fizemos a Galeria Visit Brasil Amazon em Nova York, e uma série de ações com operadoras americanas oferecendo pacotes para conhecer os nossos destinos na floresta.
Estamos atuando para ampliar a conectividade aérea internacional na região, sabemos que esse é um grande gargalo, mas temos a comemorar o voo da TAP que hoje liga a Europa a Manaus. Em 2025, iniciamos a execução de uma parceria com a Caixa Econômica e o Instituto Peabiru, de qualificação das comunidades ribeirinhas para o turismo internacional, e vamos ter na COP-30 uma grande oportunidade de apresentar o turismo da região para o mundo.
Você pode compartilhar novidades sobre campanhas ou ações planejadas para o próximo ano?
O que eu posso dizer é que vamos avançar na ação em mercados que não estão entre os mais importantes para nós hoje, mas que possuem um grande potencial de crescimento. É o caso da China. Vamos voltar a participar da ITB China, em Xangai, e já estamos planejando uma série de ações de Relações Públicas e redes sociais para gerar maior interesse pelos destinos brasileiros.
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