A CVC Corp (CVCB3) divulgou nesta quarta-feira (26) um lucro líquido ajustado de R$ 8,5 milhões no quarto trimestre de 2024, revertendo o prejuízo de R$ 15,4 milhões registrado no mesmo período do ano anterior. O resultado marca um novo momento para a operadora de turismo, que busca consolidar sua recuperação financeira e fortalecer sua competitividade no mercado.
O desempenho positivo foi impulsionado pelo crescimento das reservas no Brasil, principal mercado da companhia. No entanto, sem os ajustes contábeis, o balanço ainda apresentou um prejuízo líquido de R$ 61,2 milhões, uma redução de 17,8% em relação ao quarto trimestre de 2023.
O Ebitda ajustado (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) cresceu 25,1%, somando R$ 108,1 milhões, com margem de 29,5% – acima dos 24,5% registrados no ano anterior.
Crescimento no Brasil e ajustes na Argentina
O bom desempenho da CVC foi sustentado por um avanço de 17,7% nas reservas confirmadas no Brasil, com crescimento tanto no segmento de viagens corporativas (+16,9%) quanto no de lazer (+18,5%).
Já na Argentina, as reservas caíram 17,8%, refletindo a crise econômica no país. Apesar disso, o CEO da CVC, Fabio Godinho, acredita que a tendência para 2025 será de retomada.
“Crescemos 35% no número de lojas na Argentina mesmo em meio à crise, porque sabíamos que a demanda viria em 2025, e isso já está acontecendo”, afirmou o executivo.
Em 2024, a CVC abriu 98 novas lojas e fechou 8 unidades no Brasil, além de inaugurar 10 franquias Almundo na Argentina e encerrar duas. No total, foram 260 novas unidades no Brasil e 39 na Argentina. Para 2025, a expansão continuará, mas em um ritmo menos acelerado.
Endividamento e estrutura financeira
A operadora reduziu sua dívida líquida em 41,8%, encerrando o ano com R$ 241 milhões, e reduziu sua alavancagem financeira para 0,6x, ante 2,1x um ano antes.
No último trimestre, a CVC consumiu R$ 50,7 milhões em caixa, um aumento de R$ 47,8 milhões na comparação anual. O motivo foi a redução do prazo de pagamento à Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA), que passou a exigir quitação quatro dias antes do prazo anterior.
Segundo o vice-presidente de Gente, Finanças, Jurídico e Estratégia da CVC, Felipe Gomes, o impacto foi pontual. “Se desconsiderarmos esse efeito, a geração de caixa teria sido de R$ 89,3 milhões”, explicou.
Foco em tecnologia e competitividade
Para o CEO Fabio Godinho, 2024 representa a “virada” da companhia, com um foco mais forte em pessoas, transformação tecnológica e competitividade de preços, dentro de um plano estratégico que se estende até 2027.
“Vamos acelerar essas estratégias em 2025, mas sem comprometer margens. Podemos ser mais competitivos em preços sem sacrificar rentabilidade”, destacou o executivo.
A CVC também ajustou sua base de clientes, deixando de atender empresas de milhas, como a 123 Milhas, para focar em contratos mais rentáveis. Esse movimento tem permitido à companhia captar clientes de concorrentes digitais em crise, consolidando sua posição no mercado.
“Nossas vendas no segmento multimarcas cresceram 70%. O mercado não cresce nessa velocidade, então estamos ganhando uma fatia significativa”, concluiu Godinho.
Com um balanço mais sólido e uma estratégia clara de crescimento, a CVC entra em 2025 buscando consolidar sua recuperação e ampliar sua presença no setor de turismo.