O Brasil tem potencial para transformar sua imagem internacional e assumir protagonismo como potência socioambiental, e o turismo aparece como um dos principais caminhos para essa consolidação. Essa é uma das conclusões do estudo O Brasil que o Brasil quer ser, encomendado pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), que ouviu mais de três mil brasileiros e 90 lideranças e pesquisadores de diversas áreas.
De acordo com o estudo, o Brasil é visto no exterior como um país atraente, principalmente por sua hospitalidade, natureza e diversidade cultural. Esses atributos colocam o turismo em posição estratégica para melhorar a reputação do país no cenário internacional e servir como vitrine para outras áreas de excelência. A realização da COP30, em Belém (PA), será um momento decisivo para o país se apresentar ao mundo sob uma nova perspectiva.
“A construção do Brasil passa pela valorização da nossa diversidade. Precisamos contar nossa história de forma mais estruturada e mostrar que o Brasil é um país que gera impacto global”, afirma Débora Emm, fundadora da Inesplorato e integrante do grupo de trabalho responsável pela condução do estudo.
Superando estereótipos
A pesquisa aponta que a imagem do Brasil no exterior ainda está fortemente associada à ideia de lazer, aventura e celebração — o que, embora positivo, limita o reconhecimento do país em temas estratégicos como inovação, sustentabilidade e direitos humanos. No ranking global Best Countries (BAV), o Brasil lidera apenas na categoria “Aventura”, que considera aspectos ligados ao turismo de experiência e belezas naturais.
Segundo o estudo, essa percepção estereotipada precisa ser complementada com novas narrativas que destaquem os “diversos Brasis”, reforçando o papel do turismo como elo entre desenvolvimento econômico, inclusão social e sustentabilidade ambiental.
“O Brasil tem a chance de redefinir sua trajetória e assumir um papel de protagonismo global. O estudo mostra que é hora de deixarmos de lado a visão de país eternamente promissor e começarmos a agir como a potência que já somos”, declara Lourenço Bustani, fundador da Mandalah e coordenador do grupo de trabalho responsável pelo estudo.
COP30 como vitrine internacional
Com a COP30 prevista para acontecer em 2025, o turismo ganha ainda mais relevância como setor capaz de traduzir o protagonismo brasileiro nas questões climáticas e ambientais. A escolha de Belém como sede da conferência é simbólica e estratégica, uma vez que coloca a Amazônia — agora considerada o principal símbolo da identidade brasileira, segundo o estudo — no centro das atenções mundiais.
Para isso, o estudo sugere investimentos em infraestrutura e logística turística, ampliação das experiências que mostrem o Brasil além dos estereótipos, e fortalecimento da narrativa de um país ético, estável, seguro e comprometido com a sustentabilidade.
A pesquisa também identificou 18 áreas em que o Brasil já se destaca no cenário global e que podem ser integradas à promoção turística para ampliar sua imagem de excelência. Entre elas estão: biodiversidade, artes e cultura, matriz energética limpa, agricultura de baixo carbono, gastronomia, ecoturismo, esportes e movimentos sociais.
