Após enfrentar enchentes que afetaram mais de 686 pessoas em fevereiro deste ano, o município de Morretes, no Litoral do Paraná, se mobiliza para implementar uma solução definitiva. O Instituto Destino Brasil apresentou à Prefeitura um projeto de desassoreamento do Rio Nhundiaquara, combinando medidas emergenciais com propostas sustentáveis que prometem transformar a cidade em um polo de turismo ecológico e desenvolvimento regional.
A proposta, segundo Ademar Batista Pereira, presidente do Instituto Destino Brasil, foi bem recebida pelo poder público local. “Entenderam a gravidade da situação e se comprometeram a buscar recursos para começar um trabalho emergencial. Já fez uma dragagem em outro rio da região e, na última enchente, essa área não sofreu danos”, afirmou. A partir do alinhamento com a Prefeitura, a expectativa é iniciar ações práticas para minimizar os impactos das inundações e preservar a segurança dos moradores ribeirinhos.
Além da dragagem emergencial, o plano inclui uma etapa estrutural e de longo prazo: ampliar a atuação de empresas já autorizadas à retirada de areia do rio, de modo que elas também assumam a manutenção do canal e das margens. “Com essa parceria, o rio se manteria constantemente navegável, desassoreado e protegido. Os maiores beneficiados seriam os moradores, que são sempre os primeiros a sofrer com os alagamentos”, explicou Ademar.
O projeto também visa impulsionar o turismo sustentável, promovendo atividades como passeios de embarcações elétricas, pesca esportiva e canoagem. “Isso aumentaria significativamente o tempo de permanência dos turistas na cidade, que hoje é muito visitada apenas aos fins de semana”, destacou o presidente. Ele também sugeriu a adoção de um modelo europeu que aproveita a areia extraída para a fabricação de vidro nas margens dos rios, agregando valor e reduzindo o impacto ambiental.
A proposta encontra paralelo na Austrália, onde a Alex Fraser Group opera uma planta de reciclagem que transforma vidro em areia de alta qualidade, usada na produção de asfalto sustentável. A usina é capaz de processar até quatro milhões de garrafas por dia, o que evita o descarte em aterros sanitários e gera até 800 toneladas de areia reciclada.
“Além de resolver o problema do assoreamento, estaríamos criando uma nova cadeia produtiva que beneficiaria diretamente a comunidade”, afirmou Ademar. O projeto segue em análise pela Prefeitura de Morretes, que avalia formas de viabilização com apoio público e privado.