As Ilhas Canárias continuam a atrair um volume recorde de turistas, mesmo diante de protestos crescentes da população local contra o turismo de massa. Somente em março, mais de 1,55 milhão de visitantes internacionais desembarcaram no arquipélago espanhol, superando em 0,9% o recorde estabelecido no mesmo mês de 2024, segundo o Instituto Nacional de Estatísticas (Ine) da Espanha.
No acumulado do primeiro trimestre de 2025, o destino recebeu 4,36 milhões de turistas estrangeiros — uma alta de 2,1% na comparação com o mesmo período do ano anterior. Ainda de acordo com o INE, o gasto total dos viajantes no período também foi o maior já registrado. Em março, os visitantes internacionais deixaram €2,43 bilhões na economia local, um crescimento de 4,5%, impulsionado tanto pelo aumento da demanda quanto pela inflação.
Apesar dos bons resultados econômicos, parte da população segue insatisfeita com os impactos da atividade turística, como a pressão sobre os serviços públicos, a alta do custo de vida e os danos ambientais. No último ano, protestos contra o excesso de visitantes tomaram as ruas das ilhas. Já neste ano, cerca de 80 mil trabalhadores da hotelaria em Tenerife, La Palma, La Gomera e El Hierro paralisaram as atividades durante a Páscoa para reivindicar melhores condições de trabalho.
Com o slogan “Canarias tiene un límite” (As Canárias têm um limite), novas manifestações estão marcadas para 18 de maio. O grupo responsável cobra medidas do governo para limitar o número de visitantes nas Ilhas Canárias, sobretudo em áreas de preservação ambiental.
Como resposta inicial, autoridades de Tenerife anunciaram a implementação de uma eco-taxa a partir de 2026 para os turistas não residentes que visitarem o Parque Nacional do Teide. O local, reconhecido como Patrimônio Mundial pela Unesco, sofre com erosão, poluição e superlotação. Além da cobrança, o acesso de veículos particulares será limitado, sendo substituído por ônibus elétricos.
“O valor arrecadado com a nova taxa será integralmente destinado a projetos de conservação”, informou Rosa Dávila, presidente do Cabildo de Tenerife. “É um passo importante para equilibrar a atividade turística com a preservação do nosso patrimônio natural”, concluiu.