Abril foi um mês simbólico para o Turismo brasileiro — e não apenas pelo calendário. Entre estandes lotados, agendas repletas de reuniões e um mar aberto de oportunidades, o setor provou, mais uma vez, que maturidade se constrói com visão coletiva e estratégia de longo prazo. Foi nesse cenário efervescente que três grandes movimentos ajudaram a consolidar um novo momento do trade: a inauguração do MSC World America, o crescimento consistente da WTM Latin America e a consolidação da Abav TravelSP como um dos eventos regionais mais robustos do Brasil.
Em Miami, o MSC World America não apenas estreou como o mais moderno navio da frota da armadora: posicionou-se como uma plataforma viva de inovação, luxo e sustentabilidade — uma “cidade inteligente” em alto-mar, pronta para ser vendida como destino completo. É um produto que exige uma abordagem consultiva por parte do agente de viagens e, ao mesmo tempo, oferece margem, fidelização e diferenciação como poucos. Com roteiros fixos no Caribe e uma proposta que une gastronomia internacional, shows inéditos, tecnologia embarcada e o maior Yacht Club da companhia, o navio transforma o próprio conceito de cruzeiro. Ele é, sobretudo, um chamado à reinvenção comercial.
Mas esse novo olhar não navega sozinho. Em São Paulo, a 12ª WTM Latin America reforçou sua posição como principal vitrine de negócios do turismo B2B no continente. Com mais de 29 mil participantes, recorde de reuniões e sold out na área de operadoras, o evento demonstrou que o mercado está mais preparado, engajado e atento às transformações digitais, sociais e ambientais. O mote “Where Tech Meets Touch” sintetiza bem o que o agente de viagens precisa hoje: ferramentas eficientes e sensibilidade comercial. Um equilíbrio que transforma vendas em relacionamentos e cotações em experiências com propósito.
Já a Abav TravelSP, realizada em Campinas, ratificou que descentralizar é crescer com inteligência. Mesmo sem investir em caravanas, a feira atraiu mais de 6 mil profissionais de 411 cidades e se posicionou como um evento de capilaridade, conteúdo e geração de negócios real. Ali, o agente de viagens foi mais do que público: foi protagonista de debates, ferramentas digitais e redes de fortalecimento mútuo. Não por acaso, temas como NDC, liderança feminina e pertencimento dominaram as plenárias. Afinal, não se trata apenas de vender, mas de entender o que move — e transforma — o viajante contemporâneo.
Neste panorama de avanços simultâneos, o agente de viagens é chamado a assumir uma nova postura: menos passiva, mais estratégica; menos reativa, mais protagonista. Há, sim, desafios – e instabilidades que poderiam ser previsíveis. Mas também há um mercado renovado, produtos sofisticados, ferramentas acessíveis e uma clientela cada vez mais disposta a investir em experiências personalizadas. E para quem sabe ler os sinais, o recado é claro: o turismo vive um novo ciclo — e ele começou agora.
O mar está aberto. As feiras provaram que há fôlego, estrutura e vontade. O MSC World America mostrou que há produto de ponta. Cabe, portanto, ao profissional do trade atravessar esse novo tempo com escuta ativa, presença de mercado e, sobretudo, coragem para ocupar o lugar que lhe pertence: o de construtor de jornadas, dentro e fora dos roteiros.
Boa leitura e ótimos negócios!