A indústria de viagens dos Estados Unidos enfrenta sinais crescentes de retração, com uma queda perceptível no número de turistas internacionais — especialmente europeus e canadenses — que escolheram o país como destino neste início de ano. De acordo com informações do portal Euronews, entre janeiro e março de 2025, os EUA receberam 7,1 milhões de visitantes vindos do exterior, número 3,3% inferior ao registrado no mesmo período de 2024.
Segundo a Expedia Group, que controla plataformas como Hotels.com, VRBO e sua própria agência online, a redução na procura por viagens ao país resultou em receitas abaixo do esperado no primeiro trimestre. Já o Bank of America detectou, por meio de transações com cartão de crédito, que os gastos com passagens e hospedagem continuam em queda, o que pode indicar uma mudança no comportamento do consumidor norte-americano.
Essa desaceleração contrasta com os últimos anos marcados pelo chamado “revenge travel”, quando a demanda reprimida durante a pandemia impulsionou uma onda de viagens internacionais. Agora, fatores como a incerteza econômica, a oscilação cambial e o cenário político parecem estar afastando viajantes.
Empresas como Airbnb e Hilton também reportaram retração na demanda. A primeira destacou que as viagens internacionais aos Estados Unidos representam apenas de 2% a 3% de seu negócio global — e, mesmo assim, o interesse vem diminuindo. “Penso que o Canadá é o exemplo mais evidente, onde vemos canadenses viajando a uma taxa muito menor para os EUA”, afirmou Ellie Mertz, CFO da Airbnb.
A Hilton, por sua vez, observou queda nos fluxos provenientes de Canadá e México. No entanto, seu CEO, Christopher Nassetta, mantém o otimismo: “Acredito que parte — senão boa parte — dessa incerteza irá se dissipar nos próximos trimestres”.
A pressão também é sentida no setor aéreo. Diversas companhias dos EUA anunciaram ajustes na malha de voos devido à redução na procura por passagens na classe econômica.
No plano político, especialistas apontam que o descontentamento com tarifas e declarações recentes do ex-presidente Donald Trump também influenciaram o declínio. A fala sobre transformar o Canadá no “51º estado”, por exemplo, gerou indignação no país vizinho. Dados oficiais apontam forte queda nos cruzamentos de fronteira entre os dois países.
Scott Schenkel, CFO da Expedia, revelou que as reservas líquidas para os EUA caíram 7% no primeiro trimestre, enquanto, no caso do Canadá, o recuo chegou a quase 30%. A CEO Ariane Gorin confirmou que a demanda em abril foi ainda mais baixa do que em março. “Continuamos vendo pressão sobre as viagens para os EUA, mas também notamos um certo reequilíbrio. Os europeus estão viajando menos aos EUA, mas mais para a América Latina”, destacou.