A Azul Linhas Aéreas deu início a um processo voluntário de reestruturação financeira sob o Chapter 11 nos Estados Unidos. O anúncio foi feito nesta quarta-feira (28), acompanhado da confirmação de que a companhia já firmou Acordos de Apoio à Reestruturação com seus principais credores e parceiros estratégicos, incluindo AerCap — seu maior arrendador de aeronaves — e as companhias aéreas norte-americanas United e American Airlines.
A movimentação da Azul, conforme anunciado aqui no Brasilturis na última semana, tem como objetivo eliminar aproximadamente US$ 2 bilhões em dívidas e garantir um financiamento DIP (debtor-in-possession) de cerca de US$ 1,6 bilhão, sendo US$ 670 milhões em capital novo. Ao fim do processo, a previsão é captar até US$ 950 milhões adicionais em investimentos convertidos em participação acionária, fortalecendo a posição financeira da empresa e ampliando sua liquidez.
“A Azul continua a voar – hoje, amanhã e no futuro”, declarou John Rodgerson, CEO da companhia.
“Esses acordos marcam um passo significativo na transformação do nosso negócio. Ao utilizar esse processo, acreditamos que criaremos uma companhia aérea robusta, resiliente e líder, com a qual os clientes continuarão adorando voar”, pontua Rodgerson.
A operação da empresa segue normalmente. Todos os bilhetes emitidos, pontos do programa Azul Fidelidade, benefícios aos clientes e compromissos com tripulantes e fornecedores críticos estão mantidos. As medidas solicitadas ao tribunal norte-americano garantem a continuidade dos serviços durante a reestruturação.
Investimento estratégico e confiança dos parceiros
Diferente de outras reestruturações recentes do setor aéreo na América Latina, a Azul já entra no Chapter 11 com acordos assinados com a maior parte dos stakeholders envolvidos, o que reduz riscos e acelera o cronograma de saída do processo. O CEO da AerCap, Aengus Kelly, demonstrou confiança: “Estamos muito confiantes de que a Azul sairá desse processo mais forte do que nunca”.
Além da AerCap, United e American Airlines também reforçaram seu compromisso com a Azul. “A Azul é mais do que apenas uma parceira comercial da United. Sua rede única de rotas melhorou a experiência dos passageiros no Brasil”, afirmou Andrew Nocella, diretor comercial da United Airlines. Já Stephen Johnson, da American Airlines, destacou o potencial da malha aérea brasileira e reiterou o apoio ao plano de reestruturação.
Ao final do processo, está prevista uma oferta de ações no valor de até US$ 650 milhões, além de aportes adicionais de até US$ 300 milhões por parte da United e da American Airlines, sujeitos a condições estabelecidas.
Caminho para uma nova estrutura
A Azul afirma que utilizará o Chapter 11 como instrumento legal para revisar e otimizar sua estrutura de capital e frota, mantendo foco na eficiência operacional e no fortalecimento da posição de mercado no Brasil. A medida surge após pressões acumuladas desde a pandemia da Covid-19, somadas a fatores como a alta do dólar, restrições na cadeia de suprimentos da aviação e turbulências macroeconômicas.
“Com o apoio dos nossos credores e parceiros, estamos confiantes de que sairemos desse processo ainda mais fortes e bem posicionados para continuar conectando o Brasil como nenhuma outra companhia aérea”, reforçou Rodgerson.
Clientes, agentes de viagem e fornecedores continuam a ser atendidos normalmente durante toda a vigência do processo.