A Associação do Transporte Aéreo Internacional (Iata) divulgou nesta quarta-feira (29), em Genebra, os dados de desempenho do transporte de carga aérea em abril de 2025, revelando um crescimento global de 5,8% na demanda em relação ao mesmo período do ano passado. As operações internacionais acompanharam o ritmo, com aumento de 6,5%. A capacidade também apresentou elevação de 6,3% no total e 6,9% nos voos internacionais.
O crescimento sustentado é reflexo direto da demanda sazonal por moda e bens de consumo – antecipada por temores de novas tarifas nos Estados Unidos –, somada à queda acumulada de 21,2% no preço do combustível de aviação em relação a abril de 2024. O diretor geral da Iata, Willie Walsh, atribui o desempenho a esses fatores conjunturais, mas alerta: “Apesar dos bons resultados em abril, as tensões no comércio mundial não são segredo. Mudanças na política comercial, principalmente nos Estados Unidos, já estão alterando a dinâmica da demanda e das exportações”.
Entre os indicadores macroeconômicos destacados, o índice PMI de manufatura global atingiu 50,5 em abril, mantendo-se em zona de expansão pelo quarto mês consecutivo. Já o PMI de novos pedidos de exportação recuou 2,8 pontos, para 47,2, indicando possível retração à frente.
Regionalmente, os destaques de abril foram Ásia-Pacífico e América Latina, com crescimento de 10,0% e 10,1% na demanda de carga aérea, respectivamente. A América do Norte subiu 4,2%, a Europa teve alta de 2,9%, enquanto o Oriente Médio avançou apenas 2,3%, a menor entre as regiões. Já a África registrou aumento de 4,7%, com destaque para a expansão de capacidade de quase 10%.
Na análise por rotas internacionais, as ligações entre Europa e Ásia mantiveram a trajetória positiva por 26 meses consecutivos, com expansão de 11,3% e 20,5% de participação no mercado. Dentro da Ásia, o crescimento chegou a 10,0%, mantendo 18 meses de alta. Já as rotas América do Norte–Europa e Oriente Médio–Ásia subiram 9,6% e 6,7%, respectivamente. Por outro lado, os fluxos entre África e Ásia (-7,9%), Oriente Médio e Europa (-4,6%) e dentro da Europa (-8,8%) recuaram.
A perspectiva para os próximos meses é otimista, mas cautelosa. “Com a capacidade disponível em níveis recordes e a melhora nos rendimentos, as perspectivas para o transporte aéreo de carga são animadoras”, afirma Walsh. Ainda assim, ele reforça que o setor precisará se adaptar com flexibilidade às mudanças nas políticas comerciais globais.