As Ilhas Canárias, um dos destinos mais procurados da Europa, estão sob alerta de incêndio florestal justo quando milhões de turistas se preparam para visitar o arquipélago no verão. A Direção Geral de Emergências da Espanha anunciou no domingo (9) um pré-alerta abrangendo as ilhas de El Hierro, La Palma, La Gomera, Tenerife e Gran Canaria, regiões que já enfrentam condições críticas devido ao calor e à baixa umidade causados pela “calima” — ventos secos vindos do Deserto do Saara.
Embora os incêndios florestais sejam comuns na região por conta do terreno vulcânico, vegetação inflamável e clima mediterrâneo, os episódios recentes aumentaram a vigilância das autoridades. Em 2023, Tenerife sofreu um dos maiores incêndios de sua história, com mais de 15 mil hectares destruídos e 12 mil pessoas evacuadas. “Estamos pedindo extremo cuidado, especialmente com o descarte de cigarros e fogos de artifício perto das áreas florestais”, alertam as autoridades locais.
Apesar dos riscos, o turismo nas Canárias segue em alta. Em 2024, as ilhas registraram quase 18 milhões de turistas — sendo 15,5 milhões estrangeiros. O Reino Unido lidera o volume de visitantes, com 6,3 milhões de chegadas, meio milhão a mais do que no ano anterior. Tenerife, a mais popular do arquipélago, atraiu 7 milhões de turistas no último ano, mantendo sua posição como principal destino canário.
No entanto, o crescimento contínuo do turismo tem causado tensão entre moradores locais, que denunciam impactos como alta nos preços de moradia, degradação ambiental e pressão sobre os serviços públicos. Em abril, milhares protestaram contra o turismo excessivo com o lema “as Ilhas Canárias têm um limite”. Além disso, greves no setor hoteleiro foram registradas durante a Páscoa, evidenciando a insatisfação dos trabalhadores com as condições de trabalho e os salários estagnados.
Mesmo diante das críticas, o turismo responde por cerca de 35% do Produto Interno Bruto (PIB) das ilhas, o que reforça sua importância econômica. Com a temporada de verão em curso, os conselhos de turismo ainda não indicaram restrições às viagens, mas o governo mantém mais de 2.000 bombeiros em prontidão e orienta moradores e turistas a seguirem instruções de segurança e prepararem mochilas de emergência.