O setor de Turismo brasileiro vive um momento de consolidação e profissionalização, conforme apontam os dados do Anuário Braztoa 2025, divulgado nesta segunda-feira (30). O levantamento, realizado pela Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa) em parceria com a consultoria Sprint Dados, revela que as operadoras associadas registraram um faturamento recorde de R$ 22,09 bilhões em 2024, crescimento de 15% em relação ao ano anterior. O destaque absoluto foi o turismo internacional, que pela primeira vez respondeu por mais de 75% do total faturado, somando R$ 16,63 bilhões, um salto de 116,3% sobre 2023.
Esse desempenho reflete a retomada da demanda por viagens ao exterior, beneficiada por uma conjuntura mais favorável no câmbio e pelo aumento da procura por experiências personalizadas e completas, com tíquete médio mais alto. Por outro lado, o mercado doméstico teve retração, movimentando R$ 5,46 bilhões, volume que ainda supera os anos imediatos à pandemia, mas abaixo dos picos históricos do ciclo 2014–2018. A queda é vista como ajuste natural após o boom excepcional do turismo interno em 2023.
No total, 9,81 milhões de passageiros embarcaram com operadoras da Braztoa em 2024, uma queda de 16,9% frente ao recorde do ano anterior. Ainda assim, esse foi o segundo maior volume de embarques da série histórica iniciada em 2010, sinalizando estabilidade em patamar elevado. O turismo nacional segue como principal motor dos embarques, respondendo por 60% das viagens, enquanto o internacional alcançou 40%.
Apesar do recuo no número de passageiros, o setor registrou aumento expressivo no valor médio das vendas, que alcançou cerca de R$ 2,25 mil por viajante. O dado indica que o mercado está se tornando mais qualificado, com crescimento das vendas de pacotes mais sofisticados, que incluem transporte, hospedagem, passeios e experiências.
“As operadoras estão agregando mais valor aos seus produtos e serviços, o que amplia a rentabilidade e consolida seu papel como canais estratégicos de consultoria e distribuição”, explica Marina Figueiredo, presidente executiva da Braztoa.
O perfil das viagens também revela mudanças importantes no comportamento do consumidor. Em roteiros nacionais, 52% das viagens duraram entre 5 e 8 dias, enquanto no internacional, o destaque foram os itinerários entre 9 e 15 dias, com maior antecedência de compra. O planejamento curto ainda predomina nas vendas domésticas, mas o cenário internacional mostra uma jornada mais extensa, com vendas feitas majoritariamente entre 3 e 6 meses de antecedência.
O Anuário Braztoa também trouxe dados sobre a personalização das viagens. Enquanto 41% dos consumidores nacionais optaram por pacotes padrão, 35% escolheram opções totalmente personalizadas — tendência que cresce também no internacional, onde 26% dos viajantes preferem customizar totalmente seus roteiros. Os pacotes aéreos completos lideram entre os tipos de produto, seguidos por hospedagem isolada e pacotes terrestres.
O cartão de crédito segue como principal meio de pagamento, usado por 66,8% dos clientes, seguido por Pix e transferências bancárias (21,6%). Metade das vendas foi parcelada entre cinco e dez vezes, mostrando que o consumidor valoriza tanto a experiência quanto as condições de pagamento.
“Mais do que números, o Anuário mostra a força de um setor que sabe se adaptar. O equilíbrio entre os mercados doméstico e internacional confirma o papel das operadoras como agentes essenciais na jornada do viajante e no desenvolvimento sustentável do turismo brasileiro”, finaliza Marina.