Goiânia (GO) – Durante a abertura da Expo Turismo Goiás 2025, Roberto Naves, presidente da Goiás Turismo, fez um discurso contundente em defesa da valorização dos parceiros privados e da reformulação da atuação do poder público na promoção do turismo estadual. Representando o governador Ronaldo Caiado e a primeira-dama Gracinha Caiado, Naves destacou que o papel dos governos deve ser de apoio ativo, e não de dependência institucionalizada.
“Não é o setor privado que deve agradecer aos governos. Somos nós que devemos agradecer àqueles que realizam e tiram projetos do papel. Vocês não têm que andar com o pires na mão”, afirmou, em referência à organização da feira. Para ele, eventos como a Expo Turismo Goiás não devem ser tratados como concessões pontuais, mas sim como obrigações institucionais das esferas públicas.
Naves ressaltou que, desde que assumiu o comando da Goiás Turismo, tem buscado transformar a atuação da autarquia, deixando de ser apenas uma apoiadora para assumir papel de liderança e execução. A mudança de postura inclui a realização de eventos próprios, parcerias estratégicas e atuação mais incisiva junto aos prefeitos e secretarias municipais.
“O que quero deixar como legado na Goiás Turismo é uma mudança de mentalidade. Precisamos ocupar nosso espaço e fazer valer a responsabilidade que nos cabe”, defendeu. O profissional também destacou o potencial turístico do estado, com suas águas termais, rotas gastronômicas, natureza exuberante e segurança pública, mas alertou para a necessidade de planejamento com base em dados e visão de longo prazo.
Um dos pontos centrais do discurso foi a crítica ao modelo tradicional de participação em feiras. Naves contou que solicitou, a apenas dez dias do evento, a reformulação completa do estande da Goiás Turismo para refletir inovação e uso de tecnologia. “Não faz sentido ir a uma feira para distribuir papel. Ou mostramos o melhor do turismo goiano com tecnologia e estratégia, ou não participamos”, declarou.
O presidente da Goiás Turismo também destacou o papel do Observatório de Turismo como ferramenta essencial de inteligência de mercado, mas defendeu que os dados gerados sejam utilizados prioritariamente para o planejamento estratégico do próprio estado. “Precisamos saber o que queremos para os próximos cinco, dez anos. Não é planejamento de gestão, é planejamento de legado”, reforça.
Ao abordar a importância da articulação entre os segmentos público e privado, Naves citou exemplos práticos, como a necessidade de se adaptar à ausência de infraestrutura em destinos emergentes. “Se não temos hotelaria pronta, devemos atrair turistas que estejam dispostos a acampar. O papel de atrair vem primeiro do poder público, depois o mercado acompanha”, explicou, ao mencionar o Parque Estadual de Terra Ronca.
Em tom propositivo, Naves anunciou a realização de uma expedição liderada pela Goiás Turismo entre Aruanã e Luís Alves, com o objetivo de levantar dados ambientais e estruturais da temporada do Araguaia. A ação busca subsidiar políticas públicas mais eficazes para a região.
Por fim, o presidente da Goiás Turismo enfatizou que a presença do estado em feiras nacionais e internacionais deve estar sempre acompanhada de expositores locais. “Não basta ocupar espaço institucional. Temos que levar junto quem produz, quem empreende, quem mostra o que Goiás tem de melhor. É assim que construímos um turismo forte e duradouro”, concluiu.