A Geração Z está mudando o turismo no Brasil. Nascidos entre 1995 e 2010, esses jovens representam hoje 28% dos novos perfis de consumo em viagens, segundo levantamento do Google com a Offerwise, e assumem um papel protagonista em um setor que busca renovação. Eles preferem roteiros com propósito, autenticidade e experiências profundas — tudo isso aliado a rigoroso controle orçamentário, mostrando que viajar é possível mesmo com orçamento limitado.
A maioria dos jovens dessa geração pertence às classes C, D e E (82%) e vem de regiões historicamente menos representadas no turismo, como o Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Essa democratização do acesso às viagens mostra que, para a Geração Z, o luxo não está nos cinco estrelas, mas nas conexões verdadeiras e no bem-estar emocional.
“Essa geração cresceu cercada de instabilidade econômica e aprendeu desde cedo a equilibrar sonhos e responsabilidades. Viajar é uma meta, mas também é uma escolha consciente que exige planejamento e disciplina”, afirma Thaisa Durso, educadora financeira da Rico.
Tendências de viagem: mais propósito, menos ostentação
Três grandes tendências ilustram como os jovens brasileiros estão reinventando o ato de viajar:
Redescoberta do Brasil: Com 97% dos brasileiros viajando dentro do país, segundo o IBGE, os destinos nacionais ganham protagonismo por serem mais acessíveis e oferecerem imersão cultural.
Microviagens: Roteiros curtos e econômicos — como escapadas de fim de semana — aumentaram 130% nas buscas, segundo o Google. São opções ideais para quem quer viajar com frequência, sem comprometer o orçamento.
Turismo com propósito: Valorizam o contato com comunidades locais, práticas sustentáveis e experiências de bem-estar. O slow travel e o turismo de bem-estar são apostas fortes.
Viagens e finanças caminham juntas
Apesar dos desafios econômicos, como o desemprego entre jovens (14,9% segundo o IBGE) e a informalidade (38,5% entre 18 e 29 anos, de acordo com a FGV/Ibre), a Geração Z está determinada a não abrir mão do lazer. Uma pesquisa da Booking mostra que 64% desse público pretende gastar mais com viagens em 2025, mesmo com renda média inferior a R$ 2 mil.
Para isso, criam estratégias financeiras inteligentes. A própria Thaisa Durso lista cinco passos para transformar o sonho em plano:
Defina destino, data e duração: clareza nas metas estimula a economia disciplinada.
Liste e pesquise todos os custos: de hospedagem a transporte local e alimentação.
Estabeleça metas de economia: dividindo o valor da viagem pelos meses restantes até a data.
Invista o dinheiro guardado: Tesouro Selic, CDBs de liquidez diária e fundos DI são opções seguras e rentáveis para curto prazo.
Automatize e crie uma reserva de emergência: 10% a 20% extras garantem imprevistos cobertos.
Com contas globais e cartões pré-pagos, é possível ainda reduzir o IOF e evitar surpresas em viagens internacionais.
Liberdade com responsabilidade
Para a Geração Z, viajar e conquistar estabilidade financeira não são opostos, mas parte da mesma trajetória. A casa própria continua sendo o principal objetivo de consumo, seguida por autonomia (carro próprio) e vivências marcantes. Educação financeira e planejamento são as ferramentas que tornam isso viável.
“Eles querem liberdade com responsabilidade. O orçamento não é uma restrição, mas um mapa. E o sonho não é um luxo, é um projeto de vida”, finaliza Durso.