A 7ª edição da Pesquisa Global de Viagens Corporativas, apresentada durante a GBTA Convention 2025 em Denver (EUA), revelou um cenário de retomada sólida no setor de viagens a trabalho. O levantamento, realizado pela Wakefield Research em parceria com a SAP Concur, entrevistou mais de 5 mil viajantes, gestores de viagens e CFOs em 29 países, incluindo o Brasil, e trouxe dados que ajudam a desenhar o perfil da nova jornada corporativa.
Entre os principais destaques, 89% dos entrevistados afirmaram que os orçamentos para viagens corporativas aumentaram ou foram mantidos em 2025, sinalizando confiança no papel estratégico do deslocamento profissional. Ainda assim, esse crescimento vem acompanhado de maior controle. Viagens sem interação com clientes, classe executiva, voos diretos e o modelo blended travel (que mistura lazer e negócios) estão sendo restringidos por muitas companhias.
Mesmo com os cortes, o apetite para viajar é notável: 97% dos profissionais estão dispostos a viajar nos próximos 12 meses, sendo que 70% se dizem “muito dispostos”, o maior índice desde 2021. Para 55% dos viajantes, as viagens são essenciais para o desempenho de suas funções, e 39% reconhecem ganhos diretos de produtividade mesmo quando não são obrigatórias.
A pesquisa também mostra uma inversão curiosa: os viajantes corporativos agora valorizam mais o conforto nessas viagens do que nas de lazer. Hotéis premium, transporte privativo e experiências gastronômicas sofisticadas são prioridades. Mais de 85% afirmam estar dispostos a pagar do próprio bolso por upgrades e melhorias, sendo que esse comportamento é ainda mais forte entre as gerações mais jovens: 93% da Geração Z e 88% dos Millennials já adotam essa prática.
IA: promessa e desafio
Outro ponto de destaque na pesquisa foi o papel da inteligência artificial nas viagens corporativas.
“O futuro da IA nas viagens corporativas não é apenas sobre eficiência. É sobre criar jornadas personalizadas, contínuas e humanas que libertem os profissionais para focar no que realmente importa”, afirmou Misty Duran, diretora sênior de estratégia de marketing da SAP Concur, durante a apresentação.
Contudo, ainda há resistência: apenas 17% dos entrevistados se sentem realmente entusiasmados com sugestões automatizadas baseadas em preferências. A maioria ainda prefere ter controle direto sobre suas escolhas. As aplicações com maior aceitação incluem remarcações, curadoria de opções de transporte e hospedagem, e automação de relatórios de despesas.
Ao mesmo tempo, surgem preocupações. Segundo a pesquisa, 41% dos gestores de viagem e 34% dos CFOs acreditam que a IA pode ser usada por colaboradores para fraudes em despesas. Curiosamente, 56% dos respondentes afirmam que seria mais fácil burlar um ser humano do que um sistema automatizado — o que demonstra uma visão ambivalente sobre os riscos da automação.
O papel dos travel managers
A pesquisa também revela um recado direto para os gestores de viagens: 86% dos viajantes acreditam que seus travel managers ainda podem fazer mais. As principais demandas incluem:
Melhor comunicação sobre políticas de viagem;
Opções mais sustentáveis de transporte e hospedagem;
Maior conforto e segurança durante toda a jornada.
Segundo Luana Nogueira, diretora executiva da Associação Latino-Americana de Gestão de Eventos e Viagens Corporativas (Alagev), presente na GBTA 2025 com a delegação brasileira, “viajar a trabalho nunca foi só sobre deslocamento. É sobre pessoas, propósito, conexões. Estar na GBTA é uma oportunidade de alinhamento global com as melhores práticas do mercado.”
O relatório completo da 7ª Pesquisa Global de Viagens Corporativas está disponível no site da SAP Concur e pode ser acessado neste link.