O Ministério do Turismo (Mtur)aproveitou a programação do Núcleo do Conhecimento, realizado durante o 9º Salão Nacional do Turismo no Distrito Anhembi (São Paulo), para reforçar a importância de aproximar pesquisa científica e práticas de mercado. No painel “Turismo com Ciência: Soluções Práticas da Academia para os Desafios do Mercado”, especialistas de universidades e centros de pesquisa apresentaram projetos que evidenciam como o conhecimento acadêmico pode impactar diretamente destinos, empreendedores e políticas públicas.
Mediado por Renata Sanches, coordenadora-geral de Qualidade do Ministério do Turismo, o debate reuniu acadêmicos e gestores em torno de experiências que comprovam a relevância do diálogo entre diferentes setores. “Colocar pesquisadores em contato direto com o mundo prático do turismo é fundamental para criar um espaço de troca e aplicação de ideias”, destacou.
Aproximação entre universidade e mercado
O professor Dr. Alexandre Panosso Netto, da USP e da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Turismo (Anptur), lembrou que historicamente houve distanciamento entre academia e setor privado, mas que este cenário vem mudando. “Precisamos propor soluções concretas que rompam com esse distanciamento e mostrem como a produção acadêmica pode responder às necessidades do setor”, afirmou. Ele apresentou o LabAcademia, plataforma que conecta empresas que enfrentam desafios a pesquisadores capacitados para propor soluções.
Na mesma linha, o professor Dr. Glauber Eduardo de Oliveira Santos, também da USP e membro da Anptur, ressaltou o papel da universidade na prestação de serviços e na geração de credibilidade para o setor. Como exemplo, citou estudo desenvolvido em parceria com a Embratur, que apontou que cada dólar gasto por visitantes estrangeiros gera US$ 3,31 em produção interna, resultando em US$ 23 bilhões entre 2003 e 2019. Ele também destacou o inventário de emissões de gases de efeito estufa do turismo, voltado a mensurar e monitorar a pegada ambiental da atividade.
Inclusão e valorização social
O professor Dr. Fausi Kalaoum, da Unesp, reforçou a importância de ouvir as demandas sociais emergentes, com projetos que impactam comunidades diretamente. Ele citou como exemplo a pesquisa da professora Juliana Vaz Pimentel, que resultou no livro Trilhas de Resistência Negra, dedicado ao afroturismo e ao afroempreendedorismo. Outro destaque foi a pesquisa sobre mulheres que viajam desacompanhadas, que deve gerar um guia prático para prestadores de serviços oferecerem experiências mais inclusivas e seguras.
Inovação e gestão estratégica
O professor Dr. Thiago Rodrigues Schulze, do IFSP, apresentou o Observatório do Turismo & Economia do Mar, que utiliza ferramentas de Business Intelligence para analisar dados e apoiar decisões estratégicas. Ele também citou o curso de formação de monitores de turismo em indicações geográficas, ofertado em EAD, que fortalece comunidades locais ao ampliar a profissionalização. “Essas iniciativas evidenciam como a academia pode oferecer soluções inovadoras, com aplicação direta no fortalecimento do turismo regional e nacional”, afirmou.
Núcleo do Conhecimento como espaço de integração
Com mais de 40 palestras sobre inovação, tendências e políticas públicas, o Núcleo do Conhecimento é um dos principais espaços do Salão, recebendo até mil pessoas em cinco ambientes distintos. Para o Mtur, iniciativas como esta demonstram como a cooperação entre academia, mercado e gestão pública pode transformar o turismo em vetor de desenvolvimento sustentável, inclusão social e inovação.
Promovido pelo Mtur, o 9º Salão Nacional do Turismo: Conheça o Brasil contou com apoio do Governo do Estado de São Paulo, Prefeitura de São Paulo e parceiros institucionais como SESC, SENAC, Sebrae, Embratur, Itaipu Binacional, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.
