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Ricardo Shimosakai
Ricardo Shimosakai
Especialista em acessibilidade, inclusão e turismo, criador da Turismo Adaptado.

Acessibilidade coletiva no Turismo

As ofertas de acessibilidade geralmente costumam ser unitárias, por oferecerem as condições para somente uma pessoa com deficiência. Um exemplo que ilustra bem esse tipo de situação são os ônibus urbanos ou rodoviários, que oferecem somente um espaço para cadeira de rodas, não sendo possível duas ou mais pessoas em cadeira de rodas utilizarem o mesmo veículo.

É comum que pessoas criem agrupamentos sociais com pessoas semelhantes, então é comum que haja grupos de amigos com o mesmo tipo de deficiência. Obviamente, esses grupos querem passear e viajar juntos, mas é a partir disso que as barreiras começam a aparecer. Os meios de hospedagem têm a obrigação, de acordo com a legislação brasileira, de oferecer pelo menos 10% dos seus quartos com acessibilidade; porém, muitos ainda resistem a essa regra. Uma oferta baixa de quartos acessíveis pode inviabilizar uma viagem em grupo de pessoas com deficiência.

Quando eu trabalhava como uma operadora de turismo acessível, recebi alguns pedidos de grupos de turistas com deficiência, como, por exemplo, um grupo de cadeirantes italianos que costumam viajar por vários países. Na época, foi impossível oferecer um único hotel para acomodar a todos, pois eram 10 usuários de cadeira de rodas, e, por isso, eles desistiram de vir ao Brasil. Hoje isso já seria possível, mas a oferta ainda é baixa, o que limita as opções de escolha.

A mesma linha de pensamento serve para qualquer tipo de estabelecimento ou serviço. É claro que estamos em uma evolução das condições de acessibilidade; não é possível dar um salto da total falta de acessibilidade para um cenário de total inclusão. Mas já podemos considerar grupos de pelo menos cinco pessoas com deficiência. Faça uma autoavaliação e se pergunte se seu estabelecimento ou serviço consegue atender cinco cadeirantes ao mesmo tempo. Se acha que não consegue, então é preciso dar uma atualizada nas suas ofertas. Nem estou considerando a acessibilidade básica, pois isso você já devia ter faz tempo.

Utilize a base desse teste para outros tipos de turista, como pessoas com deficiência visual, auditiva, intelectual, idosos, pois elas têm necessidades diferentes em relação à acessibilidade. E pense sempre pelo viés da oportunidade, pois oferecer acessibilidade por obrigação segue um caminho diferente, onde a qualidade não é considerada e os resultados não são muito satisfatórios. Isso é comprovadamente real no mercado, onde as empresas que realmente investem nesse público são aquelas que conseguem ter um retorno expressivo, e daí chamar isso de investimento.

Pesquisas mostram que pessoas com deficiência geralmente viajam com pelo menos dois acompanhantes, então, quando você deixa de receber ou atender um turista com deficiência, na verdade seu prejuízo é triplicado.

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