BRL - Moeda brasileira
EUR
6,38
USD
5,45
Kamilla Alves
Kamilla Alves
Gestora Web - E-mail: milla@brasilturis.com.br

Amplo horizonte e rumos firmes

Mesmo diante de um cenário macroeconômico ainda instável, o Grupo Latam Airlines encerrou o segundo trimestre de 2025 com resultados sólidos e projeções ainda mais otimistas. Com lucro líquido de US$ 242 milhões, uma alta de 66% em relação ao mesmo período do ano anterior, a companhia demonstra resiliência de seu modelo de negócios. O desempenho foi impulsionado pelo crescimento de 7,6% no volume de passageiros transportados, totalizando 20,6 milhões entre abril e junho.

A receita consolidada atingiu US$ 3,279 bilhões, representando uma expansão de 8,2% frente ao segundo trimestre de 2024. Deste total, a maior fatia veio do transporte de passageiros, com US$ 2,824 bilhões (+8,5%), enquanto o segmento de carga contribuiu com US$ 419 milhões, um avanço de 10,2%. O índice operacional também refletiu essa performance: com margem ajustada de 12,9%, a Latam alcançou seu melhor resultado histórico para um segundo trimestre.

Além do bom momento financeiro, a empresa elevou suas projeções para 2025, estimando uma margem operacional ajustada entre 14,0% e 15,0%, e crescimento de capacidade no mercado doméstico brasileiro entre 9,5% e 10,5%. O EBITDAR ajustado deve ficar entre US$ 3,65 bilhões e US$ 3,85 bilhões, enquanto o fluxo de caixa livre alavancado deve ultrapassar US$ 1,3 bilhão – sinalizando uma trajetória sustentável e promissora para os próximos trimestres.

No aspecto operacional, a Latam ampliou em 8,3% sua capacidade medida em assentos-quilômetro disponíveis (ASK), alcançando um fator de ocupação de 83,5% – valor 1,2 ponto percentual acima do registrado no mesmo período do ano passado. E a malha aérea cobre, no momento, 153 destinos em 27 países.

Para sustentar esse crescimento, a companhia deu continuidade ao plano de renovação e expansão da frota. Até o fim de 2025, serão entregues 26 novas aeronaves, das quais 14 já foram recebidas no primeiro semestre. As outras 12 estão previstas para o segundo semestre, segundo Ricardo Bottas, CFO do grupo. Ele afirma que a execução está “completamente dentro do planejamento de frota” e alinhada com as metas de crescimento da operação.

O executivo também revelou atualizações no plano de frota para 2026, com a inclusão de 15 aeronaves adicionais, sendo 11 novos aviões e 4 com prorrogação de uso, originalmente programados para aposentadoria. Os modelos, majoritariamente narrow body, são ideais para voos regionais e domésticos, conferindo flexibilidade operacional para atender à demanda crescente na América Latina.

“A confirmação desses 15 aviões adicionais para o próximo ano sustenta a nossa expectativa de crescimento consistente, não só para este ano, mas também para os próximos”, declarou Bottas durante coletiva de imprensa.

Outro destaque foi a incorporação de um wide body em regime de arrendamento de curto prazo, reforçando a conectividade internacional do grupo. “Estamos recebendo os aviões que planejamos. Isso é parte importante da nossa estratégia de crescimento”, completou.

A companhia também vem intensificando investimentos em experiência do cliente. Entre as melhorias, está a implantação gradual das novas cabines Premium Business com maior privacidade, disponíveis nas aeronaves Boeing 787. Além disso, a Latam anunciou a instalação de Wi-Fi em todos os aviões de corredor duplo a partir de 2026.

No Aeroporto Internacional Jorge Chávez, em Lima (Peru), foram inaugurados espaços dedicados aos clientes do programa Latam Pass. E, ainda neste ano, será aberto o Lounge Latam, com 2.750 metros quadrados e investimento de mais de US$ 10,5 milhões, prometendo elevar o padrão de conforto e serviços aos passageiros frequentes.

Esse esforço em aprimorar a jornada do cliente se reflete no índice de satisfação: o grupo manteve seu Net Promoter Score (NPS) em 56 pontos, repetindo o recorde do trimestre anterior, e alcançou 60 pontos entre os passageiros premium.

A sustentabilidade, por sua vez, permanece no centro das estratégias operacionais. O grupo implementou o software Aircraft Performance Monitoring em toda a frota, o que gera uma economia anual de combustível equivalente à emissão evitada de 8 mil toneladas de CO₂.

Para Ricardo Bottas, o desempenho reflete o alinhamento entre os mais de 39 mil colaboradores e a visão estratégica da companhia. “A força do grupo vem do engajamento dos nossos profissionais e do compromisso com uma estratégia que entrega crescimento e rentabilidade, mesmo diante de riscos e adversidades sistêmicas”, afirmou.

“Tarifaço” e IOF: pressões no radar do setor

Durante a divulgação dos resultados, Jerome Cadier, CEO da Latam, abordou os potenciais efeitos do chamado “tarifaço” e do aumento do IOF sobre o setor aéreo brasileiro. Embora os impactos ainda não sejam significativos, ele destacou que o cenário permanece incerto.

“O que vimos até agora, olhando para trás, é um impacto bastante limitado no tráfego de passageiros e carga, apesar das discussões já ocorrerem há algum tempo. Ainda não houve impacto mensurável no Brasil”, afirmou o executivo, ressaltando que as negociações com o governo seguem em andamento.

Quanto ao IOF, Cadier destacou que “o grande desafio é buscar alternativas para que esses custos não impactem a tarifa e a capacidade de crescimento da aviação, o que temos conseguido até o momento”. Ele defendeu a importância do diálogo institucional como caminho para evitar prejuízos ao setor.

Ainda sobre os desafios operacionais, o CEO explicou que a companhia tem conseguido lidar com a escassez global de peças e aeronaves por meio de um relacionamento próximo com os fabricantes. Essa estratégia permite administrar atrasos por meio de soluções como os contratos de wet lease, principalmente em aeronaves de grande porte.

“Estamos conseguindo estar completamente dentro do nosso plano de frota, que já contempla os atrasos. Em algumas situações, utilizamos wet leases para compensar a defasagem, especialmente em aeronaves wide body”, detalhou Cadier.

Sem dívidas à vista

No campo financeiro, os resultados refletem o fim de um ciclo de reestruturação iniciado em 2022. Segundo Bottas, o grupo opera hoje sem vencimentos relevantes de dívida até 2030. No trimestre, foi realizado o refinanciamento de US$ 700 milhões, substituídos por uma nova dívida de US$ 800 milhões a custos menores. A operação reduziu o custo nominal em 570 pontos-base (5,7 p.p.).

“A última dívida com custo elevado foi refinanciada. Agora temos uma estrutura de capital sólida, com pressão nula sobre vencimentos nos próximos quatro anos”, ressaltou o CFO. A economia projetada com juros é de US$ 33 milhões ao ano apenas com essa emissão. Considerando todas as operações anteriores, a Latam estima uma redução total de US$ 151 milhões anuais em pagamentos de juros.

A companhia encerrou o trimestre com liquidez de US$ 3,6 bilhões, somando caixa e linhas de crédito de curto prazo. Mesmo com o pagamento de US$ 445 milhões em dividendos e recompras de ações, a posição de caixa permaneceu estável em US$ 2,1 bilhões.

A alavancagem financeira também caiu, passando de 2,1x em 2023 para 1,6x no segundo trimestre de 2025 – abaixo do limite de 2x estabelecido pela política financeira da companhia.

“Nós mantemos uma estrutura de capital resiliente, com liquidez acima dos limites de política interna e margem de manobra para novos financiamentos em condições mais favoráveis, se necessário”, concluiu Bottas.

Novas rotas e acordos

Durante o segundo trimestre a Latam Airlines reforçou sua conectividade internacional e doméstica com a ampliação de acordos de codeshare estratégicos e a implementação de novas rotas, buscando facilitar o fluxo de passageiros entre continentes e expandir sua malha aérea.

Um dos destaques é a parceria firmada com a Tap Air Portugal, que entrou em vigor no fim de junho. O acordo abrange 27 destinos operados pela Latam Brasil a partir de Brasília, Fortaleza e Florianópolis, que agora estarão disponíveis nos canais de venda da companhia portuguesa. Em contrapartida, a Latam comercializa bilhetes para 15 rotas da Tap partindo de Lisboa com destino a cidades da Europa e da África. Ambas as companhias afirmam que o acordo pode ser expandido para outros mercados no futuro.

Outro movimento importante é a ampliação do acordo com a Air China. No final de julho a aérea chinesa ampliou um acordo já existente e passou a comercializar, com seus próprios códigos, oito rotas domésticas operadas pela Latam entre São Paulo/Guarulhos e destinos como Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Florianópolis, Foz do Iguaçu, Manaus, Porto Alegre e Rio de Janeiro (Galeão). A mudança facilita o acesso de passageiros chineses a cidades brasileiras e fortalece o hub da Latam no aeroporto de Guarulhos.

Além disso, a parceria com a Japan Airlines foi reforçada com a inclusão de seis novas rotas domésticas: Florianópolis, Maringá, Belém, Cuiabá, Goiânia e Rio de Janeiro (Santos Dumont). Com isso, o acordo já conecta passageiros da companhia japonesa a 33 destinos nacionais operados pela Latam, todos com conexão via Guarulhos. O compartilhamento de voos possibilita uma experiência de viagem mais integrada, com check-in único, despacho direto de bagagens e mais opções de horários.

Atualmente, a Latam mantém acordos de codeshare com mais de 25 companhias aéreas globais, entre elas Delta Airlines, Iberia, British Airways, Lufthansa, Qatar Airways e Qantas, ampliando a presença da empresa em mercados-chave.

Neste mesmo período, a companhia aérea anunciou 12 novas rotas domésticas e quatro internacionais para o segundo semestre de 2025, ampliando a conectividade no Brasil e no exterior. Entre as principais novidades estão voos inéditos como Guarulhos-Bonito, Guarulhos-Dourados, Guarulhos-Boa Vista e Fortaleza-Parnaíba, além da retomada de rotas como Guarulhos-Ribeirão Preto e Galeão-Belém, sendo este último operado em período sazonal. 

No exterior, a companhia passará a operar voos entre Florianópolis e Buenos Aires, Florianópolis e Lima, Porto Alegre-Buenos Aires, Guarulhos-Córdoba e um voo sazonal entre Belém e Bogotá, este último impulsionado pela Copa do Mundo Sub-20 Feminina. Algumas rotas serão iniciadas no terceiro trimestre, outras no quarto, com frota já alocada.

LEIA MAIS NOTÍCIAS

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem, 
necessariamente, a opinião deste jornal

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

MAIS LIDAS

NEWSLETTER

    AGENDA

    REDES SOCIAIS

    PARCEIROS