Neste mês de julho, a Academia de Viagens Corporativas celebrou duas décadas de atuação no segmento de turismo de negócios, com um crescimento de 138% em receita nos últimos três anos e planos que incluem inovação, novos projetos e expansão da base de clientes. Fundada e liderada por mulheres em um setor historicamente dominado por homens, a empresa comemorou o marco com uma festa temática inspirada nos anos 2000, realizada no Grand Hyatt São Paulo (SP), reunindo parceiros de longa data do trade turístico.
“É um grande marco para a história da Academia. Passamos por um sufoco durante a pandemia, mas conseguimos prosperar muito. Os últimos três anos foram intensos e de muito crescimento”, afirma Juliana Andrade, sócia-diretora da empresa. Segundo ela, o aniversário também representa uma nova fase para a marca, que passou por reposicionamento e lançou novos produtos. “Estamos mais modernos e com uma nova identidade, com projetos que deram um grande boom na Academia”, conta a executiva.
Vivi Martins, CEO e fundadora, complementou a fala de Juliana, reforçando o simbolismo da data. “Fundar uma empresa em 2005, sendo mulher, já era um desafio. Em um mercado tão masculino como o das viagens corporativas, mais ainda. É uma vitória. Enfrentamos crises, uma pandemia, mas conseguimos inovar, crescer e nos reinventar com base em um propósito claro: a educação”, pontua.
A iniciativa nasceu pouco depois da fundação da Associação Latino Americana de Gestão de Eventos e Viagens (Alagev), a partir da percepção de que o turismo de negócios precisava de mais que uma associação: era necessário formar e capacitar profissionais de maneira contínua. “Eu vinha do lado do cliente corporativo e sabia das necessidades do setor”, conta Vivi.
Inicialmente, como relembra a fundadora, a Academia de Viagens Corporativas era voltada exclusivamente à capacitação, utilizando modelos internacionais como referência. “Com o tempo, viramos também uma empresa de consultoria e eventos, mas com a mesma finalidade: ensinar, conectar e desenvolver”, destaca Vivi, pontuando que tais princípios fazem parte do DNA da empresa.
Entre os produtos de capacitação e relacionamento mais emblemáticos da empresa está o Abroad, evento que está em sua 16ª edição e se consolida como uma das principais plataformas de conteúdo aplicável ao dia a dia do gestor corporativo. “Abordamos um diverso leque de temas relevantes para esse profissional. Não falamos só de tendências, mas também de ferramentas práticas. O gestor aprende, se relaciona, conhece soluções e já sai do evento com trabalho de casa”, explica Juliana.
Desafios e tendências do setor corporativo
De acordo com dados da Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas (Abracorp), o segmento movimentou R$ 6,5 bilhões no primeiro semestre de 2025. Apesar de uma leve queda de 2,8% em relação ao mesmo período do ano anterior (R$ 6,7 bilhões), setores como hotelaria, rodoviário e cruzeiros registraram crescimento bastante expressivos, com destaque para os hotéis, que somaram mais de R$ 2 bilhões no período.
Já os serviços aéreos, que representam cerca de 58% do faturamento total, apresentaram recuo de 6,6%, atribuído ao aumento das tarifas e à mudança no comportamento do viajante. Ainda assim, a Abracorp projeta faturamento de R$ 9 bilhões para o segundo semestre de 2025, indicando uma perspectiva de recuperação e retomada desde o período de pandemia de Covid-19, que impactou severamente o desempenho do setor.
“Ainda sentimos os efeitos da crise”, comenta Vivi. “Grande parte das empresas, grandes e pequenas, ainda estão em processo de recuperação. Fora isso, muitas pessoas saíram do mercado no período e, quando tudo voltou à ‘normalidade’, faltava mão de obra qualificada. Nosso trabalho se tornou ainda mais essencial nesse processo de reconstrução”, salienta a CEO.
Como parte desse trabalho, a Academia de Viagens Corporativas vem destacando as transformações do setor ao longo das últimas décadas, que segundo as executivas, foi principalmente tecnológica. “O mercado de viagens corporativas ficou atrás do lazer por um bom tempo. Agora a tecnologia está chegando com força, o que é fundamental, porque gerir viagens para empresas é muito mais complexo”, comenta Vivi.
Juliana acrescenta que, mesmo com avanços, há temas que se mantêm inalterados há 10 anos. “É inacreditável que ainda falemos das mesmas questões em alguns aspectos, mesmo com tantas soluções novas no mercado. Além da tecnologia, algo que também mudou muito foi a presença de uma geração mais jovem, que exige novas abordagens”, acrescenta a sócia-diretora, que está há uma década na empresa.
Já em relação ao futuro, a expectativa é de mais inovação, uso crescente da inteligência artificial (IA) e foco na experiência do viajante. “A IA pode responder por 70% da produtividade. Isso libera o gestor para pensar estrategicamente, melhorar a jornada do viajante e desenhar políticas mais eficientes”, diz Vivi. Juliana acrescenta: “A modernização da gestão e um olhar inovador sobre eventos e viagens são o caminho. E inovação não é só tecnologia — é fazer diferente”, salienta.
Novos projetos e expectativas
Sobre os próximos passos, ambas as executivas confirmam que há grandes novidades previstas. “Vamos lançar um novo projeto no fim deste ano ou início de 2026. É algo que não existe ainda no nosso mercado e vai trazer um olhar diferente para a gestão de viagens. Não podemos detalhar ainda, mas é uma inovação real”, antecipa Juliana.
Vivi reforça que novos produtos devem chegar até 2026 e que há expectativa de expansão da estrutura. “Talvez a gente dobre de tamanho. Estamos desenhando produtos novos e pretendemos crescer mais 50%. A ideia é nos mudarmos de escritório e seguir inovando, desde que o cenário político-econômico permita”, pontua.
A missão da Academia segue centrada em promover um mercado mais sustentável, equilibrado e profissionalizado. “Nossa comunidade precisa se engajar para que todos — fornecedores, clientes e viajantes — saiam ganhando”, conclui Juliana.
Diante do cenário de recuperação e grandes mudanças no setor, o papel da Academia de Viagens Corporativas se mostra ainda mais relevante. “Queremos balançar a cabeça do gestor, provocar reflexão e gerar impacto. Nosso propósito é transformar o setor por meio da capacitação”, finaliza Vivi Martins.