BRL - Moeda brasileira
EUR
6,38
USD
5,45
Maurício Herschander
Maurício Herschander
Repórter - E-mail: mauricio@brasilturis.com.br

Jeeves com a cara do Brasil 

Com tecnologia própria, presença crescente e escuta ativa, fintech aposta no mercado brasileiro de viagens como trampolim para se tornar referência global — e o setor de turismo é peça-chave nessa ambição

Com pouco mais de três anos de operação em território brasileiro, a Jeeves já não é mais apenas uma promessa entre as fintechs globais com ambições regionais. A empresa, que oferece soluções integradas de crédito, cartões corporativos e gestão de despesas para negócios, agora escreve um novo capítulo de sua história ao mirar com intensidade no Turismo — mais especificamente o trade, formado por agências de viagens, operadoras, consolidadoras e demais fornecedores especializados em viagens corporativas e lazer.

O Brasil, inclusive, caminha para ocupar o posto de principal mercado global da Jeeves e o setor está no centro dessa projeção. De origem americana e presente em mais de 25 países, a fintech de soluções financeiras corporativas decidiu apostar fortemente no trade turístico nacional, enxergando no segmento uma combinação rara de maturidade operacional e carência de inovação tecnológica em processos-chave.

“Brasil era a quarta operação da Jeeves. Até o final do ano, vamos ser a segunda. E talvez, daqui a um ano, a primeira do mundo”, declarou Gustavo Gorenstein, CEO da Jeeves no Brasil. “A gente acha que o Brasil vai ser a maior operação da Jeeves. E o Brasil vai exportar soluções para a Jeeves”, estima. 

O movimento não se resume à expansão comercial ou ao lançamento de produtos. A Jeeves se comprometeu com o setor, ampliou sua presença em eventos da indústria e vem posicionando suas soluções como respostas diretas às dores de agências, operadoras e consolidadoras. 

O lançamento do VCN Card (Virtual Card Number), por exemplo, marca o início dessa virada de chave — e tem o turismo como grande impulsionador de sua concepção e rápida adoção. “A gente ouviu de todo mundo: ‘Nossa, como é difícil conciliar’, ‘como eu gasto dinheiro em conciliação’. Isso virou quase um mantra. E foi a partir disso que desenvolvemos a VCN”, explicou Gorenstein.

A fintech identificou no Brasil um ecossistema bancário avançado, que permite testar e implementar soluções inovadoras com agilidade. Esse cenário, aliado à alta demanda por ferramentas que otimizem processos financeiros no Turismo, coloca o País como um laboratório para inovações que podem ser exportadas globalmente. 

“O primeiro produto criado made in Brasil para o Brasil e depois para exportar foi o VCN. Faz muito sentido a gente começar pelo Brasil porque o sistema bancário aqui é extremamente avançado”, afirmou o CEO.

VCN: produto nascido no Brasil com DNA do trade

O VCN Card, criado no Brasil, reflete as necessidades específicas do Turismo. Desenvolvido para atender à complexidade das viagens corporativas, o produto permite a emissão de cartões virtuais com regras personalizadas para cada transação, como limites de valor, datas de validade e finalidades específicas. Essa flexibilidade é essencial para agências que gerenciam múltiplas reservas diariamente, enfrentando o desafio de conciliar despesas de forma eficiente. 

A capacidade de parametrizar até 50 campos (como centro de custo, nome do viajante ou tipo de despesa) torna o VCN uma ferramenta poderosa para rastrear e organizar gastos. Essa funcionalidade elimina processos manuais demorados, reduzindo erros e otimizando o fluxo operacional. Além disso, o produto foi modelado com base em feedbacks diretos do trade, que apontavam a conciliação como um dos maiores gargalos do setor. 

A Jeeves ouviu essas demandas e desenvolveu uma solução que combina simplicidade com robustez tecnológica, garantindo que as empresas possam focar em seu core business sem se preocupar com a gestão financeira de reservas. “Eu adoro esse produto não só porque é o primeiro que a gente está soltando aqui no mercado, mas ele mostra muito o que a gente quer fazer: continuar dando crédito para ajudar todos vocês a darem os próximos passos, mas com muita tecnologia e foco em solução”, disse Gorenstein.

A criação do VCN no Brasil também demonstra o potencial do país como um hub de inovação para a fintech. Após ser testado e validado localmente, o produto foi levado para mercados como México e Estados Unidos, comprovando que as soluções desenvolvidas para o trade brasileiro têm relevância global. Para a Jeeves, o Brasil não é apenas um mercado consumidor, mas um polo criador de soluções escaláveis.

Integração e parceria com o ecossistema do Turismo

A Jeeves não se limita a oferecer produtos prontos. Sua estratégia é estar profundamente integrada ao ecossistema do Turismo, e isso inclui parcerias estratégicas com consolidadoras como Wooba, que tem grande força no mercado de aéreo no Brasil, e Kangaroo, especializada em reservas hoteleiras. Essas integrações permitem que as agências emitam cartões virtuais diretamente nas plataformas que já utilizam, eliminando fricções e agilizando processos.

A fintech também busca futuramente fortalecer sua presença em eventos do setor, como a WTM Latin America, Festuris e a Abav Expo. Essa proximidade com o trade não é apenas comercial, mas também colaborativa. A Jeeves trabalha lado a lado com seus clientes para cocriar soluções, ajustando funcionalidades conforme as demandas específicas do mercado. Esse diálogo constante permite que a fintech entenda as nuances do setor, como a sazonalidade das vendas e a necessidade de flexibilidade em momentos de alta ou baixa demanda.

Além disso, a empresa está de olho em novas parcerias, como a desejada integração com a Argo, uma das principais plataformas de reservas do mercado. Essas conexões são vistas como fundamentais para entregar valor real ao cliente, conectando a tecnologia da Jeeves aos sistemas que já fazem parte da rotina do trade.

Tecnologia como aliada da segurança e da escalabilidade

A segurança é um pilar central da proposta da Jeeves, especialmente em um setor como o turismo, onde fraudes em reservas e transações podem gerar prejuízos significativos. O VCN Card foi projetado para minimizar esses riscos, permitindo que as empresas configurem cartões com restrições específicas, como validade para uma única transação ou limite de valor. 

Essa abordagem praticamente elimina a possibilidade de uso indevido, como quando cartões físicos ficam expostos por meses até a data do check-in em hotéis. “A gente meio que zerou fraude via VCN. A gente cria o cartão com validade a partir do dia do check-in. Ele só vale para uma transação, para um valor específico. Quem tentar brincar com isso, não vai ter acesso”, diz Gorenstein.

A tecnologia da Jeeves também suporta a escalabilidade das operações. Empresas que gerenciam grandes volumes de transações podem emitir centenas de cartões virtuais simultaneamente, cada um com regras personalizadas. Essa capacidade é especialmente valiosa para agências de viagens corporativas, que precisam lidar com despesas de múltiplos clientes e departamentos. A integração via API permite que esses cartões sejam gerados automaticamente, reduzindo o trabalho manual e garantindo acesso a relatórios detalhados em tempo real.

Além disso, a Jeeves investe em medidas robustas de compliance e autenticação, como dupla autenticação e restrições de acesso por IP. Essas camadas de segurança garantem que os dados financeiros das empresas estejam protegidos, mesmo em um contexto de aumento de ameaças cibernéticas. A fintech também mantém certificações internacionais que reforçam sua credibilidade em mercados globais, um diferencial importante para empresas do turismo que operam em múltiplas geografias.

Crédito inteligente e conta remunerada

Além do VCN, a Jeeves oferece soluções financeiras que vão além do crédito tradicional. Para empresas que ainda não se qualificam para linhas de crédito devido a histórico limitado ou questões regulatórias, a fintech propõe um modelo de conta remunerada que rende 100% do CDI com liquidez diária. 

Esse montante depositado serve como garantia para a emissão de cartões e limites de crédito equivalentes, permitindo que as empresas comecem a operar com as ferramentas da Jeeves enquanto constroem um histórico financeiro. “Eu deixo o dinheiro rendendo aqui, libero um cartão com o mesmo limite e ainda dou rebate. O cliente vai ganhando cashback e aumentando sua linha. É um como um ciclo”, explicou Gorenstein.

Esse modelo é particularmente atrativo para o setor turístico, que enfrenta desafios como a sazonalidade e a necessidade de gerenciar fluxos de caixa variáveis. A possibilidade de receber cashback nas transações com cartões Jeeves também agrega valor, já que esses retornos podem ser reinvestidos para aumentar os limites de crédito ou melhorar a rentabilidade. Essa abordagem cria um ciclo onde o cliente ganha confiança na fintech e, gradualmente, acessa mais recursos para crescer.

A Jeeves também oferece ferramentas de expense management, permitindo que empresas controlem as despesas de seus funcionários de forma centralizada. Essa funcionalidade é ideal para agências que gerenciam viagens corporativas, pois facilita a alocação de cartões para colaboradores sem a necessidade de depósitos prévios, mantendo o controle total sobre os gastos.

IA e expansão global

A inteligência artificial é um dos pilares da transformação que a Jeeves está promovendo em seus processos. A empresa já utiliza IA para automatizar a análise de crédito, reduzindo o tempo necessário para aprovar novos clientes e aumentando a precisão na avaliação de riscos. A tecnologia também é aplicada na conciliação de dados transacionais, identificando padrões e discrepâncias com rapidez, o que é essencial para empresas do turismo que lidam com grandes volumes de transações. 

Para Gorenstein, é um privilégio estar em uma empresa como a Jeeves neste momento. “Eu me sinto muito sortudo de estar na Jeeves agora. Todas as áreas estão mexendo com inteligência artificial. Toda nova solução já nasce pensando no paradigma de IA”, se orgulha. 

Internamente, a IA otimiza a comunicação em um time global distribuído em 25 países, ajudando a superar barreiras culturais e linguísticas. A Jeeves, por exemplo, utiliza ferramentas de IA para ajustar comunicações ao contexto local, como na correção de e-mails ou na explicação de particularidades regulatórias, como as mudanças no IOF no Brasil. Essa adaptação é crucial para uma empresa que opera em múltiplas geografias, enfrentando diferenças regulatórias e culturais.

A adoção de IA também reflete a visão de longo prazo da Jeeves de se tornar uma AI-first company. Essa mentalidade permeia desde o desenvolvimento de produtos até o atendimento ao cliente, garantindo que a fintech esteja preparada para as demandas de um mercado em constante evolução. A empresa já estabeleceu metas internas para que todas as áreas incorporem soluções de IA, identificando oportunidades de automação e melhoria contínua.

O Turismo como elo de crescimento

O Turismo foi escolhido como estratégico pela Jeeves devido à sua relevância econômica e à sua capacidade de absorver inovações tecnológicas. Contrariando a percepção de que o trade seria financeiramente desorganizado, a fintech encontrou um segmento com empresas bem estruturadas, que mantêm dados organizados e planos de crescimento claros. 

“Existe uma ideia no mercado de que esse setor é desorganizado financeiramente, mas a realidade que eu vejo é o oposto. Os nossos clientes têm dados estruturados, plano de crescimento e estão abertos a construir soluções em parceria”, revelou o CEO da Jeeves.

Essa maturidade permite que a empresa construa parcerias sólidas, nas quais os clientes participam ativamente do desenvolvimento de novas funcionalidades. Além disso, a colaboração com o trade também é impulsionada pela abertura do setor para soluções tecnológicas. 

Conforme revelou Gorenstein, agências e operadoras têm demandado ferramentas que reduzam custos operacionais e aumentem a eficiência, e a Jeeves responde com produtos que atendem diretamente a essas necessidades. A fintech vê no Turismo uma oportunidade de criar um impacto significativo, não apenas no Brasil, mas em todos os mercados onde atua.

Proximidade como estratégia: do discurso à prática

A Jeeves também se diferencia pela proximidade com seus clientes, uma abordagem que vai além do fornecimento de serviços financeiros. A fintech mantém canais abertos para receber feedbacks e ideias, muitas vezes ajustando seus produtos em tempo recorde; em alguns casos, em apenas uma semana. Essa agilidade é possível porque a empresa ainda não tem a escala de grandes bancos tradicionais, o que lhe permite ser mais flexível e responsiva.

No Turismo, essa proximidade se traduz em soluções sob medida, como quando clientes relataram dificuldades com a conciliação de despesas, a Jeeves desenvolveu o VCN com funcionalidades específicas para resolver esse problema. “Eu adoro quando meu telefone toca e o cliente diz: ‘Tive uma ideia meio maluca, vê se vocês topam pensar com a gente?’ Isso é o que nos diferencia”, explica Gorenstein.

Da mesma forma, a fintech criou produtos de crédito de curto prazo sem IOF em resposta às mudanças regulatórias no Brasil, demonstrando sua capacidade de se adaptar rapidamente às necessidades do mercado.

Rumo à liderança global

A ambição da Jeeves é clara: transformar o Brasil em sua principal operação global. Desde sua chegada ao país, há pouco mais de três anos, a fintech já quadruplicou sua equipe local e projeta um crescimento ainda maior até o final de 2025. Esse ritmo acelerado reflete a confiança no potencial do mercado brasileiro, que combina um ecossistema bancário avançado com uma alta demanda por soluções financeiras inovadoras.

O Turismo desempenha um papel central nessa trajetória. A Jeeves vê nas agências, operadoras e consolidadoras um público-alvo estratégico, que pode se beneficiar de suas ferramentas para crescer de forma sustentável. A integração com plataformas como Wooba e Kangaroo é apenas o começo; a fintech planeja expandir suas parcerias para cobrir ainda mais elos da indústria turística, garantindo que suas soluções sejam onipresentes no setor.

Além disso, a Jeeves está comprometida em exportar o conhecimento adquirido no Brasil para outros mercados. O VCN Card, por exemplo, nasceu como uma resposta às demandas do trade brasileiro, mas já está sendo adotado em outros países, comprovando que as inovações desenvolvidas localmente têm relevância global. As operações no Brasil funcionam também como um laboratório de ideias para a fintech, com o turismo como um dos principais motores dessa inovação.

Uma visão de longo prazo

Nos próximos cinco anos, a Jeeves planeja se consolidar como uma plataforma completa de soluções financeiras, oferecendo desde crédito e contas remuneradas até ferramentas avançadas de gestão de despesas. No entanto, seu diferencial não estará apenas na oferta de serviços, mas na forma como se posiciona como parceira estratégica das empresas. Isso significa entender profundamente os desafios turísticos, como a sazonalidade, a complexidade da conciliação e a necessidade de operar em múltiplas moedas, e oferecer soluções que resolvam essas dores de forma prática e eficiente.

A Jeeves também aposta na inteligência artificial como um catalisador de sua transformação. Além de otimizar processos internos, a IA permitirá que a fintech ofereça experiências ainda mais personalizadas aos clientes, desde análises preditivas de fluxo de caixa até sugestões de otimização de despesas. Essa abordagem coloca a Jeeves na vanguarda do mercado financeiro, especialmente em um setor como o turismo, que exige agilidade e precisão.

Agora, a Jeeves busca redefinir o papel de uma fintech no Turismo, indo além do crédito para oferecer soluções que transformam a gestão financeira das empresas. Com o VCN Card, parcerias estratégicas e uma abordagem centrada no cliente, a empresa está construindo uma relação de confiança com o trade brasileiro. O objetivo da empresa é ser mais do que um fornecedor, mas uma extensão do departamento financeiro de seus clientes, ajudando-os a crescer de forma sustentável e eficiente.

“Em cinco anos, a Jeeves vai ser full bank no Brasil. Mas mais do que isso, vamos ser vistos como uma empresa que ajuda os negócios a funcionarem. Não como um banco, mas como uma extensão do time dos nossos clientes”, completou Gustavo Gorenstein.

 

LEIA MAIS NOTÍCIAS

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem, 
necessariamente, a opinião deste jornal

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

MAIS LIDAS

NEWSLETTER

    AGENDA

    REDES SOCIAIS

    PARCEIROS