O Brasil registrou um aumento expressivo no número de incidentes envolvendo passageiros indisciplinados em aeroportos e aeronaves. Segundo levantamento da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), de janeiro a julho de 2025 ocorreram 210 casos graves, classificados como categoria 3, que incluem agressões físicas, ameaças à tripulação, tentativas de acesso à cabine de comando e até falsas ameaças de bomba. O total representa um avanço de 55% em relação a 2024, quando foram registrados 135 episódios.
No total, o país contabilizou 979 passageiros indisciplinados nos primeiros sete meses do ano, quase o dobro dos 523 casos registrados em igual período de 2024. O crescimento mantém a tendência observada no ano passado, quando já havia sido apurado aumento de 22% em comparação a 2023. A média atual é de quase três ocorrências por dia.
“Notamos um aumento significativo do número de casos de passageiros indisciplinados no Brasil, que acabam acarretando atrasos e cancelamentos de voos, além de colocar em risco a segurança de todos os passageiros e da tripulação”, afirma Raul de Souza, diretor de Segurança e Operações de Voo da Abear.
Lista de restrição em debate
Diante da escalada dos incidentes, a Abear defende a implementação de uma no flight list, mecanismo já adotado nos Estados Unidos e na Europa, que impede que passageiros reincidentes viajem por determinado período. “Essa medida já é adotada com sucesso fora do Brasil e só depende da publicação de uma normativa que está na procuradoria da Anac”, complementa Souza.
Entre os episódios mais graves deste ano, destacam-se a tentativa de agressão ao ministro Flávio Dino em voo entre São Luís e Brasília, em 1º de setembro; a briga entre passageiros em Recife após cancelamentos para Fernando de Noronha, em junho; e a agressão a uma funcionária de companhia aérea no Aeroporto de Guarulhos, em julho. Em agosto, uma aeronave precisou pousar em Brasília após uma falsa ameaça de bomba, mobilizando a Polícia Federal.
Impactos para o setor
As ocorrências não apenas colocam em risco a segurança operacional, mas também impactam a imagem do transporte aéreo brasileiro e geram custos adicionais para companhias e autoridades aeroportuárias.
O debate sobre endurecimento das regras ganha força em meio à proximidade da alta temporada de fim de ano, quando historicamente os números de passageiros transportados sobem.