O Brasil reforçou sua defesa por um modelo de turismo que una rentabilidade, inclusão social e sustentabilidade durante o Fórum de Investimentos em Turismo e Diálogo de Líderes do G20, realizado nesta quarta-feira (10) na Cidade do Cabo, África do Sul. O encontro, organizado pelo Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC) em parceria com o governo sul-africano, reuniu líderes globais e investidores interessados em novos projetos para o setor.
Representando o ministro Celso Sabino, a secretária-executiva do Ministério do Turismo, Ana Carla Lopes, destacou que o grande desafio do setor é direcionar investimentos que também contemplem comunidades locais. “Eu sou da Amazônia e tirar as pessoas da invisibilidade é o meu maior desafio! É importante a planilha financeira, mensurarmos lucro, valores, mas é imprescindível olharmos para o valor das comunidades locais e como promovermos inclusão!”, afirmou.
Como exemplo prático, ela citou o impacto do investimento em infraestrutura portuária no crescimento do setor de cruzeiros. “Por muitos anos os cruzeiros só atravessavam a nossa costa de 8 mil km, muitos não paravam. Melhoramos a infraestrutura de marinas e portos e, hoje mais navios desembarcam turistas em nossa costa, gerando renda e inclusão”, disse. Somente na última temporada, a atividade movimentou R$ 6 bilhões na economia, com 838 mil cruzeiristas e gasto médio de R$ 700 por visitante em destinos locais.
Ana Carla também ressaltou a importância do diálogo entre governo e iniciativa privada, lembrando que o Ministério do Turismo retomou o Conselho Nacional de Turismo, hoje com 93 representantes da sociedade civil. “A experiência brasileira é com o diálogo e isso tem promovido um impacto importante na implementação de políticas públicas mais eficazes”, pontuou.
A presença do Brasil no fórum está alinhada às prioridades da presidência brasileira do G20 e ao esforço do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em estreitar laços com o continente africano. Entre 2022 e 2024, o número de turistas sul-africanos que visitaram o Brasil quase triplicou, passando de 5.403 para 15.280.
No encerramento do painel, Ana Carla conectou o futuro do turismo às questões climáticas e reforçou o convite para a COP30, que será realizada em Belém. “O Brasil espera por todos na Amazônia para este debate crucial. É muito importante que o próximo seja um ano de implementação de um desenvolvimento sustentável, responsável e inclusivo”, afirmou.
Durante o encontro, também foi apresentado o Guia de Investimentos em Turismo, elaborado pela ONU Turismo em parceria com o Banco de Desenvolvimento da América Latina e do Caribe (CAF). O documento reúne 118 projetos potenciais, incluindo concessões de parques nacionais e urbanos, além de iniciativas de recuperação de patrimônios históricos. “Apresentamos a investidores de todo o mundo um portfólio robusto e diversificado, com projetos que aliam retorno financeiro à sustentabilidade e ao desenvolvimento social”, concluiu Ana Carla.
A secretária seguirá representando o Brasil ao longo da semana, participando da reunião do G20 Turismo em Mpumalanga, onde reforçará a contribuição brasileira ao grupo e incentivará a adesão dos países à COP30 em novembro.

