São Paulo (SP) – A sétima edição do FNH (Fórum Nacional da Hotelaria), organizado pelo Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB), realizada nesta segunda-feira (15), em São Paulo, recebeu a participação de Guilherme Dietze, presidente do Conselho de Turismo da FecomércioSP. Em sua palestra, Dietze apresentou projeções para a economia brasileira e, em especial, para o setor de turismo e hotelaria, trazendo números que indicam crescimento, mas em ritmo mais lento a partir de 2026.
Faturamento recorde, mas ritmo menor adiante
Segundo os dados apresentados, o faturamento do turismo nacional atingiu R$ 213 bilhões em 2024, com alta de 4,3% sobre o ano anterior – resultado considerado recorde histórico. Para 2025, a expectativa é de crescimento de 5,5%, mas a projeção para 2026 cai para 4,8%, configurando uma desaceleração do ritmo de expansão.
Dietze ressaltou que o movimento reflete fatores conjunturais, entre eles o cenário eleitoral de 2026, que deve gerar instabilidade política e aumento dos gastos públicos. “É um processo de desaceleração, ainda que otimista. Não falamos em recessão, mas em um crescimento menos intenso do que o observado anteriormente”, destacou.
Hotelaria em recuperação
No recorte da hotelaria, o estudo indica que, diferentemente do turismo como um todo, o setor ainda não recuperou os patamares registrados em 2014, mas apresenta trajetória consistente de retomada. Em 2024, o segmento cresceu 7,7% e deve alcançar expansão de 8,5% em 2025. Para 2026, a previsão é de alta mais modesta, de 3,7%, totalizando R$ 28,5 milhões em faturamento.
Dietze destacou que esse desempenho positivo é sustentado pelo aumento da oferta hoteleira, pela maior procura e pela elevação dos preços médios. Dados apontam que, entre 2024 e 2025, a diária média subiu 10,7% em termos reais, enquanto o RevPAR (receita por apartamento disponível) registrou crescimento de quase 15%.
Pressões de custos e inflação setorial
Apesar dos bons resultados, o dirigente alertou para a inflação elevada no setor de hospedagem, que, segundo dados do IBGE, gira em torno de 8% ao ano. Parte desse movimento, explicou, é consequência do reajuste pós-pandemia, somado ao aumento de custos operacionais. “Há uma demanda aquecida, mas os custos continuam pressionando a rentabilidade do setor”, afirmou.
Desafios estruturais
Dietze também abordou entraves que podem comprometer o avanço do turismo nos próximos anos. Entre eles, destacou a questão tributária, lembrando que, embora o FOHB tenha conseguido negociar redução de 40% na alíquota base, outros segmentos fundamentais, como a aviação, permaneceram na alíquota cheia, o que pode encarecer as passagens aéreas e impactar o fluxo de clientes para os hotéis.
Outro ponto sensível é a falta de mão de obra qualificada. O presidente do Conselho de Turismo ressaltou que o setor tem enfrentado dificuldades para preencher vagas, recorrendo cada vez mais à tecnologia e à inteligência artificial para suprir essa carência. “Não é apenas a falta de pessoas, mas a baixa produtividade que se impõe como desafio”, alertou.
Resiliência como marca do setor
Ao final de sua palestra, Dietze reforçou a capacidade de adaptação do turismo e da hotelaria frente a cenários adversos. Utilizando a metáfora de um barco que ajusta suas velas conforme a direção do vento, ele afirmou que o setor tem mostrado resiliência para lidar com mudanças constantes da economia brasileira. “Vocês ajustam velas todos os dias. E é por isso que, mesmo diante de tantos desafios, conseguem entregar resultados maravilhosos”, concluiu.