A R3 Viagens Corporativas, consultoria especializada com mais de 500 empresas atendidas, divulgou uma análise detalhada sobre os impactos da nova estrutura tarifária da Gol Linhas Aéreas, que entrou em vigor em 14 de outubro. A principal mudança é a criação da tarifa Basic para voos internacionais — uma categoria que, pela primeira vez, não inclui mala de mão, restringindo o embarque a apenas um item pessoal de até 10 kg.
A alteração faz parte de uma reformulação completa da política tarifária da companhia, que agora conta com cinco categorias: Light, Classic e Flex para voos domésticos e Basic, Light, Classic, Flex e Premium Economy para os internacionais. Segundo a Gol, a mudança busca alinhar os produtos à demanda e às práticas do mercado global, mas para o segmento corporativo, as implicações são imediatas.
Tarifa mais barata, custo real mais alto
De acordo com a R3 Viagens, o preço reduzido da tarifa Basic pode gerar uma falsa sensação de economia. “O preço inicial mais baixo da tarifa Basic pode criar ilusão de economia. Na prática, colaboradores que precisem de bagagem despachada, escolha de assento ou possibilidade de remarcação pagarão valores que frequentemente superam tarifas intermediárias”, explica a consultoria.
Simulações realizadas pela empresa mostram que uma viagem de negócios entre São Paulo e Santiago, de cinco dias, custaria R$ 1.650 com a tarifa Basic, contra R$ 1.550 na Classic — que já inclui bagagem despachada e assento. A diferença, portanto, mostra que o “mais barato” pode sair mais caro após a soma dos serviços complementares.
A R3 recomenda que as empresas recalculam o custo total médio (tarifa + adicionais) e estabeleçam critérios objetivos para aprovar tarifas superiores com base em fatores como duração da viagem, transporte de materiais corporativos e reuniões estratégicas.
Impactos na produtividade e experiência do colaborador
A consultoria alerta também para os efeitos indiretos da nova política tarifária. As limitações de bagagem podem comprometer a produtividade de profissionais em campo e gerar desgaste entre colaboradores que viajam com frequência. “Restrições excessivas em viagens corporativas afetam percepção de valorização profissional. Colaboradores que viajam frequentemente e enfrentam desconfortos desnecessários podem desenvolver insatisfação que impacta retenção de talentos”, ressalta o relatório da R3.
Para evitar sobrecarga administrativa e aumento de solicitações de exceção, a empresa sugere a criação de matrizes automatizadas de decisão — que cruzem informações como perfil do viajante, destino, duração e frequência de deslocamentos — reduzindo o tempo de aprovação em até 70%.
Checklist para gestores e ações imediatas
A R3 orienta que gestores corporativos revisem suas políticas de viagens nos próximos sete dias, comunicando as mudanças aos colaboradores e mapeando perfis de uso. Em até 30 dias, recomenda-se definir uma matriz tarifária clara, treinar equipes e iniciar o monitoramento dos custos complementares. Em 90 dias, deve-se avaliar o impacto financeiro real das novas regras e o nível de satisfação dos viajantes.
A consultoria também destaca o uso de inteligência artificial na gestão de dados de viagens por meio da plataforma R3 Insights, que cruza informações históricas para gerar relatórios de performance, previsibilidade de custos e conformidade tarifária.
“Enquanto o mercado força uma escolha entre tecnologia ou atendimento humano, a R3 entrega ambos de forma integrada”, destaca a equipe da empresa.