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Maurício Herschander
Maurício Herschander
Repórter - E-mail: mauricio@brasilturis.com.br

Iata prepara campanha para coibir retirada de bagagem em evacuações

Iniciativa global busca reforçar a segurança a bordo e reduzir atrasos em situações de emergência

A Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata) anunciou que lançará, em 2026, uma campanha pública voltada à conscientização dos passageiros sobre a importância de não retirar bagagens de mão durante evacuações de emergência. A iniciativa surge após a recorrência de registros, amplamente difundidos nas redes sociais, de viajantes deixando aeronaves com malas e mochilas, mesmo diante das instruções claras das tripulações para que os pertences sejam abandonados em situações de risco.

O tema foi abordado durante o Dia Global da Mídia da Iata, realizado em 9 de dezembro, em Genebra. Na ocasião, o diretor-geral da entidade, Willie Walsh, manifestou preocupação com o comportamento observado em diferentes incidentes recentes e afirmou que a associação pretende aprofundar as investigações ao longo do próximo ano para compreender melhor o fenômeno. “Essas imagens são muito preocupantes para nós, e pretendemos realizar mais pesquisas ao longo do ano sobre esses eventos para tentar entender melhor o que está acontecendo”, disse Walsh. “Mas investigações e pesquisas anteriores sobre esse fenômeno demonstram claramente que você coloca em risco não apenas a si mesmo, mas também outros passageiros, se parar para tentar recuperar itens dos compartimentos de bagagem de mão.”

Segundo a Iata, o problema se mostra mais crítico na América do Norte. Nick Careen, vice-presidente sênior de operações, segurança e proteção da entidade, destacou que episódios recentes evidenciam o impacto negativo da retirada de malas no tempo total de evacuação das aeronaves, um fator decisivo para a preservação de vidas em emergências.

Casos recentes acendem alerta

Entre os exemplos citados está um incidente ocorrido em agosto, quando uma aeronave da American Airlines precisou ser evacuada na pista do aeroporto de Denver após o trem de pouso pegar fogo antes da decolagem. Imagens divulgadas mostraram diversos passageiros descendo pelas escorregadeiras de emergência carregando malas. Em um dos registros, um homem, segurando uma criança e uma bagagem, perdeu o equilíbrio logo após deixar a rampa.

Em setembro, diante da repetição de situações semelhantes, a Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA) emitiu um alerta formal às companhias aéreas. “As companhias aéreas devem reavaliar seus procedimentos de evacuação de emergência, treinamento da tripulação, anúncios e comandos para garantir que os passageiros entendam que devem deixar seus pertences de mão para trás”, disse a FAA na ocasião. Entre as recomendações do órgão estava, justamente, a realização de campanhas educativas direcionadas aos viajantes.

Padrões de evacuação sob pressão

De acordo com normas internacionais e com os regulamentos da própria FAA, uma aeronave deve ser evacuada em até 90 segundos. No entanto, a Iata reconhece que esse padrão raramente é alcançado. “A regra dos 90 segundos, estamos longe disso”, afirmou Careen. Mesmo evacuações consideradas exemplares mostram desafios: no início de 2024, um Airbus A350-900 da Japan Airlines foi evacuado no aeroporto de Haneda, em Tóquio, após um incêndio na pista. Apesar de todos os passageiros terem sobrevivido e de o procedimento ter sido elogiado pela disciplina dos ocupantes, a operação levou cerca de 18 minutos.

Campanha e novas pesquisas

A futura campanha da Iata seguirá o modelo de uma iniciativa já em curso sobre o transporte seguro de baterias de lítio. O projeto combina vídeos e conteúdos textuais que podem ser adaptados por companhias aéreas e aeroportos para divulgação em canais digitais e redes sociais. Um dos materiais atuais, por exemplo, utiliza animações de celulares e baterias portáteis para orientar os passageiros sobre boas práticas a bordo.

Além da comunicação direta, a Iata pretende investigar os fatores psicológicos que levam passageiros a priorizar a bagagem de mão mesmo em situações de risco extremo. Os resultados desse estudo devem ser apresentados em junho, durante a assembleia geral anual da entidade.

O tema não é novo. Um estudo do Conselho Nacional de Segurança nos Transportes dos Estados Unidos (Ntsb), realizado em 2000, analisou 46 acidentes entre 1997 e 1999. Dos 2.651 passageiros envolvidos, 419 relataram ter levado bagagem de mão durante a evacuação, sendo que 208 admitiram ter tentado sair da aeronave com malas. Análises mais recentes indicam que muitos passageiros acreditam que levar seus pertences é mais seguro ou sentem a necessidade de recuperar objetos de valor e medicamentos.

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