Moeda de troca

Os vistos exigidos no Brasil para viajantes dos Estados Unidos, Canadá e Austrália já é uma pauta que trouxe diversos debates e que ainda traz embates e movimentações do trade. Novamente estamos falando de uma exigência que tinha sido retirada em 2019 e que tinha como objetivo incrementar o fluxo de turistas estrangeiros enquanto brasileiros eram fortemente incentivados a conhecer o próprio país. Teoricamente, uma movimentação válida.

No ano passado, o Governo Federal decidiu voltar atrás e boa parcela do mercado questionou – ou se frustrou – com o, então, novo posicionamento. O argumento? A não reciprocidade faz com que os viajantes desses países tenham liberdade de entrar e sair, enquanto os brasileiros não têm a mesma oportunidade. Um modelo de ganha-ganha ou moeda de troca?

Outro argumento dado pelo Governo Federal sobre a nova decisão é que, pelas análises realizadas, não foi tão benéfico para o Brasil, e o modal “portas abertas” não atraiu tantos turistas como era previsto. Contudo, não é novidade que estamos falando de um cenário abalado pela covid-19, pandemia que forçou a todos a permanecerem em casa. Esta é a forma mais assertiva de avaliar os impactos? Seria necessário um tempo maior de estudo para avaliar os impactos diretos e indiretos e com um cenário de normalidade para a devida revisão dos processos.

Por mais que a exigência do visto torne a presença dos viajantes internacionais mais burocrática, o processo de conquista do visto brasileiro não é difícil – e nem inacessível quando falamos sobre preços, já que estamos nos referindo a uma taxa de US$ 80. Ao mesmo tempo, o processo ainda se mostra inconsistente e sem devidas informações básicas, como a previsão de quanto tempo é preciso para conquistar o visto brasileiro.


Além disso, no caso dos Estados Unidos, será que valeria a pena a retirada dos vistos para brasileiros, mercado este já reconhecido como um dos principais do país? Por outro viés: seria esta forma do queridinho dos brasileiros tentar atrair outros mercados enquanto o Brasil já é consolidado e não deixará – como historicamente nunca deixou – de visitar os destinos norte-americanos?

A promessa agora é de conversa, assim como aconteceu com o Japão, que isenta os brasileiros da necessidade de visto em um acordo que inicialmente durará três anos. O que nos resta? Estimar processos simplificados em ambas as rotas, num verdadeiro “toma lá dá cá”, e, sobretudo, torcer para que demais segmentos, como Mice, cresçam com as futuras oportunidades que o Turismo proporcionará.

Que venham os bons negócios. Que façamos bons negócios!

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