Na ILTM Latin America 2025, um dos maiores eventos de turismo e hotelaria de luxo da América Latina, Camilla Barretto, CEO da Brazil Luxury Travel Association (BLTA), apresentou dados animadores sobre o desempenho do setor em 2024 e compartilhou uma visão otimista para os próximos anos. Segundo ela, o Brasil está pronto para “sair da posição tímida” e se tornar o “xodó do mundo” no turismo de luxo.
De acordo com o anuário BLTA e Senac, a taxa média de ocupação anual dos 52 hotéis pesquisados foi de 50%, com uma diária média de R$ 2.909 e um RevPAR de R$ 1.325. O saldo percebido pelo mercado foi majoritariamente positivo: 60,8% dos hotéis e 100% das operadoras classificaram 2024 como um ano positivo ou muito positivo. Entre os emissores nacionais, São Paulo lidera a demanda (92,3%), seguido por Rio de Janeiro e Belo Horizonte; no cenário internacional, os Estados Unidos aparecem no topo, à frente de França e Reino Unido.
Camilla ressaltou que, apesar dos números ainda modestos no cenário internacional — apenas 7 milhões de turistas estrangeiros ao ano, contra 100 milhões da França e 40 milhões do México —, há espaço para comemorar. “O primeiro trimestre de 2025 já atingiu mais da metade do que fizemos em todo o ano de 2024. A expectativa é alta e acredito que podemos atingir a meta de 8,1 milhões de turistas antes de 2027”, afirmou, citando relatórios recentes da Embratur.
A CEO também destacou uma mudança importante no perfil do luxo. Segundo ela, não se trata mais de ostentação, mas de experiências autênticas, conscientes e transformadoras. “O luxo hoje envolve conexões emocionais, participação com comunidades locais, bem-estar e autoconhecimento. A ultra personalização é fundamental. A padronização ficou para trás: cada cliente quer se sentir único”, explicou.
Além disso, Camilla defendeu que, mesmo com os avanços em tecnologia e inovação, o setor de luxo não pode abrir mão do calor humano. “Eu realmente não acredito na digitalização de todas as relações dentro do universo do luxo. O brilho no olhar e o calor humano fazem a diferença — e, no Brasil, eles vão continuar existindo”, reforçou.
O levantamento da BLTA também trouxe insights sobre ESG: 68,5% dos hotéis e 66,7% das operadoras já apoiam projetos sociais e ambientais, com foco em comunidades, educação, desenvolvimento socioeconômico e conservação ambiental. No quesito diversidade, ainda há desafios: apenas 6,87% das lideranças são femininas, 28,12% dos funcionários são negros e apenas 1,48% das equipes são compostas por pessoas com deficiência (PCDs).
Camilla encerrou com um recado otimista: “Voltamos recentemente de eventos em Londres e Paris e sentimos uma curiosidade crescente sobre o Brasil. Se continuarmos entregando produtos autênticos, temos tudo para conquistar esse mercado global que movimenta trilhões de euros”.