A Associação Latino-Americana de Gestão de Eventos e Viagens Corporativas (Alagev) apresentou nesta quarta-feira (20), em sessão exclusiva para associados, a segunda edição do Index 2025, estudo que reúne dados e projeções econômicas voltadas para apoiar o planejamento de profissionais do setor.
Desenvolvido em parceria com Guilherme Dietze, economista e presidente do Conselho de Turismo da FecomercioSP, o relatório traz referências práticas para a construção de orçamentos de médio e longo prazo, com indicadores-chave como PIB, inflação, juros, câmbio e contas públicas.
Segundo Dietze, o objetivo do Index não é definir percentuais fixos, mas oferecer parâmetros que sirvam como argumento para o dia a dia de quem negocia e estrutura budgets. Ele destaca que a ferramenta funciona como um arsenal de dados para justificar projeções, levando em conta variáveis macroeconômicas que podem impactar o consumo e a precificação de serviços.
Entre os principais pontos, a inflação medida pelo IPCA deve encerrar 2025 em torno de 5% e cair para uma faixa entre 4% e 4,5% em 2026. Para o economista, esse é o índice mais adequado para reajustes de contratos e projeções de custo, já que reflete diretamente o consumo das famílias, incluindo alimentação fora de casa, hospedagem e transporte. O PIB, por outro lado, deve desacelerar: depois de crescer 2,2% neste ano, a expectativa é de avanço abaixo de 2% em 2026, em grande parte pelo efeito da manutenção de juros elevados, que restringem investimentos.
No câmbio, a previsão é de dólar entre R$ 5,30 e R$ 5,40, favorecido pelo diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos, que atrai capital especulativo e fortalece o real. Essa estabilidade ajuda a conter a inflação e tem reflexo direto sobre o setor aéreo, já que 60% dos custos das companhias estão atrelados à moeda americana. Com isso, a tendência para 2026 é de estabilidade ou até redução nas tarifas, apoiada ainda pelo petróleo cotado na faixa de US$ 66 a US$ 70 o barril.
Viagens corporativas em ritmo acelerado
Embora o cenário econômico sinalize um ritmo mais lento, as viagens corporativas seguem descoladas da média. O levantamento mostra crescimento superior a 7% ao mês em comparação a 2024, especialmente em grandes centros como São Paulo, onde a ocupação elevada de hotéis e centros de convenções reduz margens de negociação. Para Dietze, o mercado deve permanecer aquecido, mas com espaço limitado para barganha. Em outras regiões, como o Nordeste, pode haver maior flexibilidade nos preços diante de um arrefecimento mais visível da demanda.
Ainda assim, gestores devem estar atentos a custos específicos que pesam mais do que a inflação geral. Nos últimos 12 meses, o aluguel de veículos avançou 16% e a alimentação fora do domicílio subiu 8%, pressionando os orçamentos. O IGP-M, índice tradicional em contratos de aluguel de espaços, caiu para 4,4% em julho e pode fechar o ano próximo da estabilidade, mas Dietze reforça que o IPCA continua sendo o melhor parâmetro para a realidade de consumo.
A recomendação prática é trabalhar com inflação projetada de 4,5% como base, adicionando margem de 1 a 2 pontos percentuais para imprevistos, além de considerar o crescimento acima da média do setor como argumento de sustentação em negociações. “Mais do que buscar previsões perfeitas, o gestor precisa prever margens de segurança e flexibilidade para recalibrar ao longo do caminho”, disse Dietze, destacando que o Index oferece justamente um norte em meio às incertezas.
O documento já está disponível para consulta na área de associado, no site da Alagev, na guia “Conteúdo+”.