São Paulo (SP) – No Salão do Turismo, realizado no Anhembi entre os dias 21 e 23 de agosto, Juliano Noman, presidente da Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas), traçou um panorama detalhado do setor aéreo brasileiro, seus desafios e perspectivas de crescimento, enfatizando a importância da inclusão da classe C no transporte aéreo.
Segundo Noman, o mercado brasileiro passou de 30 milhões de passageiros nos anos 2000 para superar a marca de 100 milhões em 2012, graças a medidas de abertura de mercado e redução de preços. “O mercado triplica em 10 anos. Aí continuou crescendo, taxa chinesa, quando chegou ali 2015, recessão econômica, aí começa, depois entrou pandemia. A pandemia foi um reinício para o setor aéreo”, destacou.
O presidente da Abear reforçou que, após o período de crise e reestruturação financeira das empresas, o setor mostra sinais de expansão. “Esse ano a gente bateu recorde de passageiro transportado. Foram mais 60 milhões no primeiro semestre. O que aponta para mais de 120 milhões no final do ano, sem dúvida.” Para ele, o crescimento sustentável depende de tornar o transporte aéreo acessível à classe C, que representa mais de 100 milhões de brasileiros. “Fazer um novo ciclo para superar 200 milhões de passageiros ano passa necessariamente por incluir a classe C dentro do transporte aéreo, incluir definitivamente.”
Entre os principais desafios, Noman destacou a necessidade de redução de custos e melhoria da competitividade. “A agenda mais importante pra gente hoje é criar as condições para incluir definitivamente a classe C dentro do transporte aéreo. É isso que vai garantir um crescimento sustentável, o crescimento inclusivo, que eu acho que é o mais bonito, é a missão do setor.” Segundo ele, o combustível representa 36% dos custos das companhias e sofre grande instabilidade cambial, enquanto impostos como IOF e IR sobre operações internacionais impactam diretamente a competitividade.
O executivo também reforçou o papel social e humanitário do setor aéreo no Brasil. “Porto Alegre inundou o Salgado Filho, o Aeroporto de Porto Alegre. Foram quase 4.000 toneladas de ajuda humanitária transportado gratuitamente, voluntariamente. Se não fosse isso, imagina o que ia acontecer.” Ele citou ainda o transporte de vacinas durante a pandemia e de mais de 70 mil órgãos, tecidos e itens de transplante, ressaltando a importância do setor para saúde e integração nacional.
Sobre o reposicionamento da Abear, Noman destacou que a associação está novamente representativa de todas as empresas aéreas e voltada a transformar potencial em passageiros e localidades atendidas. “É um ciclo peculiar, ele é muito bonito, porque é um ciclo de inclusão. Não é só um ciclo de passageiro. É a gente poder de fato incluir a classe C no transporte aéreo.”
Noman concluiu afirmando que o diálogo com o governo é positivo e que há condições para um novo ciclo de desenvolvimento do setor. “Eu sinceramente estão muito otimistas. Acho que o governo tem estado muito sensível mesmo. Não é à toa que está fazendo um programa super ambicioso de investimento em aeroporto para ampliar a capacidade da gente pousar em mais localidade.”