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Matheus Alves
Matheus Alves
Repórter - E-mail: matheus@brasilturis.com.br

Luxo à alagoana

Ritz Hotéis investe R$ 155 milhões em modernização, lança novos empreendimentos e lidera transformação da hotelaria alagoana

Com mais de sete décadas de atuação e origem em Juiz de Fora (MG), o Grupo Ritz Hotéis vive um dos momentos mais significativos de sua história. Fundada por César Sampaio Coelho – que iniciou a carreira ao lado de César Ritz, considerado o “pai da hotelaria moderna”, no lendário Ritz Lisboa, em Portugal –, a marca brasileira se consolidou como referência em hospitalidade, integrando valores da hotelaria clássica um reposicionamento arrojado, focado no segmento de luxo e na valorização do destino Alagoas.

Com operações também no Rio de Janeiro e em Minas Gerais, a rede administra atualmente dez unidades em três estados brasileiros e soma mais de 3,5 mil leitos. O foco, no entanto, está em Maceió e regiões litorâneas de Alagoas, onde concentra um ambicioso plano de investimento que ultrapassa R$ 155 milhões e visa transformar o estado em referência no turismo de alto padrão, alinhando-se aos recentes investimentos do governo estadual no setor.

“Queremos consolidar Alagoas como destino premium e entregar produtos que dialoguem com um turista mais exigente, mais antenado e que valorize bem-estar, estética e hospitalidade de alto padrão”, declarou Pietro Coelho, diretor da Ritz Hotéis, em entrevista ao Brasilturis.

Esse reposicionamento só foi possível, segundo o executivo, a partir de uma transformação urbana liderada por gestões públicas recentes. Até poucos anos, Maceió enfrentava desafios graves de infraestrutura, como o esgotamento sanitário precário, falta de ciclovias e orla comprometida pela erosão marinha. “Operávamos com diária de R$ 180, atendendo um público de baixo poder aquisitivo. A proposta original do Lagoa da Anta era trabalhar com luxo, mas isso se tornou inviável naquele contexto”, relata Coelho.

A virada começou quando o estado passou a contar com gestão de saneamento mais eficiente, solucionando o problema do esgoto e destravando investimentos em infraestrutura viária e hospitalar. Posteriormente, melhorias urbanas significativas incluíram a revitalização da orla, a recuperação de praças e a implantação de novos equipamentos turísticos, como a roda-gigante da Pajuçara e o Marco dos Corais. “Maceió voltou a ser a menina dos olhos do Nordeste. Essa transformação urbana foi essencial para redescobrirmos o valor do nosso produto”, conta o diretor. 

Redefinindo a hospitalidade em Alagoas

Com investimentos robustos e uma estratégia focada em reposicionamento de marca, a rede Ritz Hotéis promove uma transformação profunda em seus empreendimentos localizados no litoral alagoano. De Maceió à Barra de São Miguel, passando pela Barra de Santo Antônio, os projetos envolvem retrofit, ampliação de serviços, aposta em gastronomia de excelência e foco em experiências personalizadas. A proposta é clara: elevar o padrão da rede, alinhando design contemporâneo, exclusividade e sofisticação ao novo perfil do viajante de lazer que busca conforto sem abrir mão da identidade local.

  •  Ritz Lagoa da Anta: retorno à proposta original

A principal resposta do grupo à nova realidade de Maceió foi a retomada do posicionamento original do Ritz Lagoa da Anta. Inaugurado há cerca de 25 anos, o hotel passa por um amplo processo de retrofit, com investimento total de R$ 40 milhões até dezembro de 2026. “Já reformamos 120 dos 200 apartamentos. Vamos refazer até os que já foram atualizados há mais tempo, para manter tudo impecável”, detalha o executivo.

Entre as melhorias estão a renovação completa dos andares restantes, o restaurante principal, um novo restaurante esportivo com forno Josper, o centro de eventos e um spa inteiramente reconstruído. Também foram entregues oito quadras de tênis, beach tênis e um espaço kids. O objetivo é reposicionar o Lagoa da Anta como hotel quatro estrelas superior com pegada de luxo e design contemporâneo.

  • Ritz Suites: boutique em larga escala

O Ritz Suites também passou por transformação radical. Originalmente concebido para “ter uma pegada home service”, o hotel de 336 apartamentos se reposicionou como o primeiro “grand hotel boutique” do Brasil, segundo Coelho. O retrofit incluiu todas as áreas comuns: lobby, restaurante, academia e piscina, sob a assinatura de arquitetas renomadas.

“O termo ‘grand’ no nome vem da capacidade. Já o conceito de boutique se reflete nos interiores personalizados, obras de arte e proposta de design autoral”, define o executivo. Com 51% de participação do grupo e 49% de outros investidores, o hotel opera em modelo condo-hotel e atingiu 90% de ocupação média em 2024, sendo premiado diversas vezes como hotel mais vendido da Decolar, segundo o diretor.

  • Ritz Barra de São Miguel: luxo silencioso à beira-mar

Já o Ritz Barra de São Miguel (Ritz BSM) representa o primeiro produto 100% de luxo do grupo, com proposta de hospedagem personalizada e foco em bem-estar. A diária média gira em torno de R$ 2,8 mil, com estrutura que inclui dois restaurantes, spa com piscina aquecida, beach club, serviço personalizado e nove categorias de apartamento. “Nosso objetivo nunca foi alta ocupação, e sim excelência. Mantemos 40% de ocupação para garantir padrão de serviço”, explica Coelho.

Com notas altas nas principais agências de viagens online (OTAs), o hotel figura entre os mais bem avaliados do Brasil. “É um produto que concorre com Fasano, Emiliano, Carmelo Resort e até mesmo o Palácio Tangará nas suas devidas proporções”, complementa.

  • Lontra Beach Club: uma proposta disruptiva

Na Barra de Santo Antônio, a rede Ritz desenvolveu o Lontra Beach Club, um espaço “pé na areia”, sem piscina, com foco em relaxamento e alta gastronomia. “É um beach club fora do convencional. O turista ainda estranha, mas estamos educando o mercado para um novo tipo de experiência, de contemplação, sem barulho, com spa e excelente gastronomia”, afirma Coelho.

O projeto ainda é deficitário, mas considerado estratégico para o futuro reposicionamento da região. “É o início de um plano maior de desenvolvimento imobiliário e hoteleiro para a Barra de Santo Antônio”, antecipa o diretor do grupo.

  • Ritz Quartier: novo projeto de luxo

A partir de janeiro de 2026, o grupo iniciará a construção do Ritz Quartier (nome provisório), um novo hotel de luxo com 120 apartamentos, rooftop com piscina, bar, academia de um andar inteiro e inspiração na Soho House. Os apartamentos terão no mínimo 65 metros quadrados, pé-direito de quatro metros e enxoval Trussardi. 

O investimento previsto é de R$ 115 milhões e a entrega é esperada para julho de 2028. Ainda há dúvidas sobre manter a marca Ritz ou criar uma nova. “A ideia é usar o nome Ritz Quartier, remetendo ao luxo urbano europeu, mas ainda não batemos o martelo nisso”, conta Coelho.

Estrutura familiar e propósito regional

A gestão do Grupo Ritz é 100% familiar. Coelho, seus pais e suas quatro irmãs dividem as responsabilidades com apoio de executivos experientes. A estrutura da rede conta com cerca de 540 colaboradores nas três unidades locais: 200 no Ritz Lagoa da Anta, 180 no Ritz Suites e 160 no Ritz BSM. No caso do hotel de luxo, são quase três funcionários por apartamento, reforçando o nível de personalização.

Com 85% do público voltado ao lazer, o grupo também atua no segmento de eventos e investe fortemente em formação profissional por meio do programa “Ritz em Ação”, que capacita mão de obra local em parceria com as prefeituras.

Questionado sobre os planos de expansão da rede e o interesse em investir em mais uma unidade em outras regiões do País, Coelho foi categórico: “Nosso foco é Alagoas. Amamos o estado e queremos liderar seu desenvolvimento turístico com responsabilidade social”, destaca.

Posicionamento internacional e Alagoas Luxury

Para se firmar no mercado de luxo, o grupo participou da fundação da Alagoas Luxury, primeira associação estadual voltada a esse nicho. A entidade já participou de feiras como ILTM, Emotions Travel Show e Festuris com apoio de emendas parlamentares. 

“Fomos o único estado com estande próprio em algumas dessas feiras. Entendemos que precisamos investir onde está o nosso público-alvo”, afirma Coelho, que é vice-presidente da associação.

O grupo também está associado aos Roteiros de Charme e avalia futura adesão à Brazilian Luxury Travel Association (BLTA), mas ainda não cumpre todos os requisitos e pondera sobre o retorno comercial frente aos custos. 

“O mercado de luxo está em constante aprendizado. A verdadeira conversão vem quando o produto é conhecido pela imprensa qualificada e quando há conexão emocional com o consumidor”, finaliza.

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