O passaporte dos Estados Unidos perdeu duas posições e deixou, pela primeira vez em duas décadas, o grupo dos dez mais poderosos do mundo. O levantamento de 2025 da consultoria Henley & Partners, elaborado com base em dados da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata), mostra que o documento americano agora ocupa o 12º lugar, empatado com o da Malásia, e garante entrada sem visto em 180 dos 227 destinos analisados.
O topo do ranking é dominado por países asiáticos, com Singapura na liderança, permitindo acesso a 193 destinos, seguida por Coreia do Sul, com 190, e Japão, com 189. Já os Estados Unidos registraram a pior colocação desde que o índice foi criado, reflexo de ajustes nas políticas de entrada e reciprocidade de vistos entre países.
A queda é atribuída a fatores recentes, como o fim da isenção de vistos entre Brasil e Estados Unidos em abril, a retirada do país da lista de isenções da China e mudanças nas regras de acesso em destinos como Papua-Nova Guiné, Mianmar, Vietnã e Somália.
Para Christian H. Kaelin, presidente da Henley & Partners e criador do índice, os movimentos indicam uma transformação na geopolítica da mobilidade. “O enfraquecimento do passaporte americano reflete uma mudança profunda no equilíbrio do poder brando global”, avaliou.
O levantamento também mostra que o Reino Unido teve desempenho abaixo da média, caindo da sexta para a oitava posição, o pior resultado desde 2015. Além disso, os Estados Unidos aparecem apenas na 77ª colocação quando o critério é abertura a estrangeiros. Atualmente, cidadãos de apenas 46 países podem ingressar no território americano sem necessidade de visto, enquanto americanos têm acesso livre a 180 destinos.
Entre os fatores que contribuíram para a perda de posição estão as novas políticas de imigração do governo Trump, que suspendeu a emissão de vistos para viajantes de 12 países e aumentou taxas de entrada, incluindo o valor do sistema eletrônico de autorização de viagem (ESTA), que passou de US$ 21 para US$ 40. Especialistas apontam que as restrições e o isolamento diplomático têm diminuído a influência dos Estados Unidos na mobilidade global.
Na contramão, a China avança. O passaporte chinês subiu do 94º lugar em 2015 para o 64º em 2025, ampliando em 37 o número de destinos com entrada sem visto. O país asiático também permite o ingresso de cidadãos de 76 nacionalidades, 30 a mais que os Estados Unidos. Recentes acordos de reciprocidade com Rússia, países do Golfo e América do Sul, incluindo o Brasil, reforçam o movimento de abertura e a ampliação da influência chinesa sobre o turismo e os fluxos internacionais.