A 63ª edição da pesquisa de desempenho da hotelaria paulista, divulgada pela ABIH-SP (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Estado de São Paulo), apontou resultados positivos para o mês de setembro de 2025. O levantamento mostra alta de 2,39% na Taxa de Ocupação (TO), 2,14% na Diária Média (DM) e 4,57% no RevPar (Receita por Apartamento Disponível) em comparação com agosto, consolidando o mês como um período de recuperação após duas instabilidades consecutivas.
Apesar da ausência de feriados prolongados — fator que impactou destinos de lazer —, a demanda corporativa sustentou o desempenho. Segundo o estudo, a ocupação média no estado atingiu 58,37%, enquanto a diária média chegou a R$ 479,30 e o RevPar, a R$ 279,77. No acumulado do ano, os índices permanecem estáveis: TO de 58,17%, DM de R$ 492,11 e RevPar de R$ 286,26.
Turismo corporativo sustenta crescimento
O setor corporativo foi o principal responsável pelo bom desempenho da hotelaria paulista em setembro, com destaque para as regiões da Capital Paulista e Entradas e Bandeiras, que registraram forte demanda de viajantes a negócios. Já no lazer, o cenário foi mais heterogêneo: Vale do Rio Grande, Litoral Norte e Circuito das Águas e Estâncias apresentaram bons resultados, mesmo com retração na procura por viagens não relacionadas ao trabalho.
Ao todo, 14 regiões turísticas (MRTs) participaram da pesquisa — número idêntico ao do mês anterior. Houve retração de ocupação em sete MRTs, incluindo Vale do Rio Grande, Coração Paulista e Mogiana, mas as demais compensaram as quedas, resultando em saldo positivo.
Desafios e avanços no quadro de pessoal
Outro indicador analisado foi a relação entre funcionários e unidades habitacionais (UHs), que subiu para 0,56 em setembro, representando variação positiva de 5,66% frente aos dois meses anteriores. Apesar do avanço, o índice ainda está 6,67% abaixo do início da série histórica (julho de 2020), refletindo o desafio persistente de contratação de mão de obra qualificada no setor.
“Essa elevação mostra uma reação gradual do mercado, mas ainda é preciso investir na formação e retenção de profissionais. A falta de capacitação continua sendo um gargalo importante para o crescimento sustentável da hotelaria paulista”, destacou Marcos Vilas Bôas, presidente da ABIH-SP.
Margens e rentabilidade sob atenção
O levantamento também apontou leve aumento de 0,91% na relação entre despesas e receitas em relação a agosto, atingindo 69,46% da receita total. Embora o indicador mantenha tendência de queda ao longo de 2025, a rentabilidade bruta média estimada (30,54%) ainda sofre pressão diante de custos crescentes, especialmente em energia, alimentação e manutenção.
Segundo o conselheiro fiscal Roberto Gracioso, responsável pelo desenvolvimento do projeto, o comportamento das despesas merece atenção. “Tivemos um pico na faixa de 70% a 80%, o que pressiona margens e exige gestão mais rigorosa dos custos operacionais”, avaliou.
Estratificação por categoria e perfil
Entre os hotéis respondentes, 48,21% são da categoria econômica, 45,54% do segmento midscale e 6,25% upscale. No recorte por perfil de atuação, 58,04% declararam-se corporativos, 27,68% mistos (lazer e negócios) e 14,29% exclusivamente de lazer — dados que reforçam a preponderância do turismo de negócios no desempenho geral do estado.
A ABIH-SP destacou a importância da continuidade das pesquisas e agradeceu a colaboração dos empreendimentos participantes. “Somente com base em dados consistentes é possível construir políticas eficazes e estratégias regionais para o setor”, reforçou Gláucia Sangiovanni, gerente operacional responsável pela coleta e tratamento das informações.