Belo Horizonte é um destino inspirador não apenas pela oferta gastronômica, reconhecida mundialmente, mas também por ser uma das cidades brasileiras que mais investe em inovação, sustentabilidade e responsabilidade social.
A capital mineira está ranqueada entre as dez mais procuradas pelos brasileiros por pesquisa feita pela plataforma de gerenciamento de visibilidade on-line Semrush, principalmente pela facilidade de acesso e conexões com outras cidades próximas.
Em entrevista exclusiva para o Brasilturis Jornal, Leonardo Nunes, diretor de Marketing e Promoção Turística da Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte (Belotur), conta os principais desafios de “equilibrar os pratos” antes, durante e no pós-pandemia. Confira.
Como a Belotur age para a promoção de Belo Horizonte e quais ações foram tomadas para amenizar o impacto da Belotur no setor turístico da cidade?
Os investimentos da Belotur estão focados na estruturação de novos produtos e requalificação da nossa oferta de atrativos, na promoção, fomento e capacitação dos atores.
Estamos trabalhando na retomada econômica de todo o setor, dando suporte para criação e comercialização de produtos inovadores e mais competitivos da cidade para o mercado, por meio do Programa de Qualificação e Apoio à Comercialização do Destino – Belo Horizonte Receptiva.
Esse programa tem como proposta atuar de forma articulada com as operadoras de turismo e agências de receptivos locais, guias regionais e demais prestadores de serviços turísticos.
Uma de suas frentes de trabalho será credenciar junto à Belotur, via chamamento público, parceiros com o intuito de possibilitar condições favoráveis à criação de novos roteiros, experiências e apoiar a comercialização de produtos e serviços turísticos da capital mineira e entorno, dentro de critérios preestabelecidos.
A construção dos eixos de atuação e plano de ações está sendo realizada de forma colaborativa com o trade. Serão realizados encontros visando a integração, mobilização, relacionamento e a troca de experiências entre a Belotur, os guias, as operadoras de turismo e as agências receptivas da capital.
Realizamos, em novembro deste ano, outra edição do seminário “Cidades e Destinos Turísticos Inteligentes”, que faz parte do Programa de Pesquisa e Inovação Turística da Belotur. Foi um convite ao debate de políticas públicas e iniciativas de mercado voltadas para o tema, explorando as melhores estratégias e ferramentas do turismo inteligente aplicadas no mundo e trazendo a reflexão para a realidade da nossa capital. Ou seja, usar tecnologia para melhorar a infraestrutura da cidade, tornando o centro urbano mais eficiente e melhor para se viver.
Fizemos também a primeira Temporada Internacional de Gastronomia e Alimentação de Belo Horizonte, com programação extensa ao longo de todo o mês de outubro, para celebrar a nossa gastronomia, tradição, cultura e criatividade. O período foi escolhido por conta de duas datas importantes: o Dia Mundial da Alimentação, comemorado globalmente em 16 de outubro, e a data em que Belo Horizonte recebeu o título de Cidade Criativa da Gastronomia pela Unesco há dois anos, em 30 de outubro.
Podemos citar também, como investimento, projetos como o Edital 4 Estações, que busca fomentar eventos com potencial turístico em Belo Horizonte com verba direta e já está em sua décima edição. Até o momento, foram 352 projetos aprovados e executados com verba do edital. Ao todo, foram investidos mais de R$ 12 milhões.
Como os empresários reagiram diante dos lockdowns e quais ações que a Belotur desenvolveu para amenizar o impacto?
É notório o impacto em todos os setores econômicos, não apenas do turismo, em face de todo o cerceamento imposto pela pandemia. Em Belo Horizonte não foi diferente.
Iniciamos, logo após o início da pandemia, um processo de escuta e diálogo com toda a cadeia, buscando uma construção orientada para o enfrentamento.
Uma das ações que vem pautando todo esse novo horizonte é o “Projeto Dialoga Turismo”, um espaço de escuta, reflexão e engajamento de representantes dos diversos setores relacionados à atividade turística de Belo Horizonte para estabelecer um sistema de gestão coordenada e participativa, gerar conexões, negócios e estimular soluções criativas e inovadoras para o desenvolvimento turístico do município.
A sua primeira etapa, ocorrida entre os meses de junho a novembro de 2020, contou com uma agenda de painéis com pesquisadores, especialistas e gestores públicos nacionais e internacionais e 12 oficinas, que criaram um fluxo de discussão para definir as diretrizes estratégicas propostas para o setor turístico da cidade.
O resultado principal das oficinas foi a elaboração de sete diretrizes fundamentais para a recuperação e desenvolvimento sustentável do turismo.
Outro destaque é o turismo de eventos, um dos principais indutores do desenvolvimento turístico da capital. Sua capacidade, a curto prazo, de regenerar e movimentar toda a cadeia do turismo é uma das principais apostas para o reaquecimento do setor turístico.
Com a liberação dos eventos presenciais, o calendário da cidade, que configura uma grande oferta para turistas e visitantes, vem sendo alimentado diariamente com novos eventos, com espaços com agenda robusta já para 2022.
A Belotur recebeu algum tipo de subsídio, incluindo financeiro, por parte do Governo para desenvolver ações durante o período crítico na pandemia?
Não recebemos nenhum aporte de recursos no período, notadamente para o Turismo. Trabalhamos de forma a otimizar os gastos públicos, em articulação com toda a cadeia, mantendo diálogos para apoiar o setor privado no processo de reinvenção de seus negócios e efetivamente para a retomada de suas atividades.
A rede hoteleira teve impactos consideráveis na pandemia. Como foi sentido em Belo Horizonte?
Sem sombra de dúvidas, foram grandes os impactos sofridos pela rede hoteleira. Sem atividades na cidade e sem movimentação de pessoas, os negócios hoteleiros, mesmo não tendo sido fechados durante toda a pandemia, não registraram ocupação significativa.
Porém, já temos algumas boas notícias. De acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria dos Hotéis (ABIH-MG), a média da taxa de ocupação hoteleira vem conquistando aumentos mês a mês em Belo Horizonte: ficou em 38,39% de janeiro a novembro de 2021, o que representa um aumento de 19,9% em relação ao mesmo período do ano passado.
Outro fator a ser destacado é a retomada do setor de serviços da cidade que, com a reabertura gradual das atividades econômicas, já vem apresentando resultados mais efetivos e ampliação das receitas.
Qual o panorama a respeito de outras modalidades de turismo como o religioso, LGBT+ e sustentável?
A Belotur, com o intuito de criar condições mais favoráveis ao acesso de produtos e serviços pelo público LGBTQ+, se filiou, em 2018, à IGLTA, que é um espaço de intercâmbio entre os principais destinos que trabalham o público como prioritário.
Com a filiação à IGLTA, vamos implementar uma série de ações para, de fato, ampliar o fluxo de visitantes LGBT em Belo Horizonte, diversificando e consolidando a oferta turística da cidade, por meio da promoção da cidadania e inclusão social através do Turismo.
Dentre várias ações, que tem por objetivo qualificar os serviços para atendimento ao público LGBTQ+, estamos trabalhando de forma a apoiar a estruturação da Parada do Orgulho, que acontece no mês de julho, com uma perspectiva de valorizar a diversidade e estimular o acesso por um público mais diverso, estruturando o evento como um produto turístico.
Belo Horizonte é reconhecida como a capital dos bares e botecos, e nesse contexto, também é destacada por ter o maior número de estabelecimentos friendly do Brasil.
O Turismo Religioso, por sua vez, tem crescido exponencialmente na capital que, conjuntamente com as cidades do entorno, traz um significativo retorno para a região.
No Brasil, o segmento movimenta cerca de 20 milhões de viagens por ano e é responsável por injetar R$15 bilhões na economia brasileira, segundo o Ministério do Turismo.
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Muitos turistas, com receios, optaram pelo turismo doméstico. Belo Horizonte é um destino de fácil escolha na cabeça do brasileiro?
Belo Horizonte tem uma localização privilegiada e conta com um hub doméstico operado por três companhias aéreas brasileiras que ligam o destino às principais capitais do país e as maiores cidades. Além do fácil acesso terrestre que ainda é o principal meio utilizado por quem procura Belo Horizonte, para o turismo doméstico.
Com um turismo pautado pelo bem receber, associado à diversificada oferta, a cidade pode ser consumida todo o ano, independente da estação ou da alta temporada.
Esse consumo, propriamente turístico, passa pela exploração dos aspectos urbanos, a vivência, que conecta as pessoas ao cotidiano da cidade, com uma gastronomia rica e diversa, que conduz o turista a conhecer e reconhecer a história da instituição da capital; de uma agenda cultural relevante, que acontece em todas as regiões da cidade; uma efervescência do entretenimento e o lazer que desobriga o turista e o visitante a planejarem de forma minuciosa a sua viagem.
Tudo isso se soma a um custo competitivo e factível aos nossos diversos públicos.
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