A Associação Brasileira de Empresas Aéreas (Abear) divulgou dados colhidos sobre incidentes de “bird strike”, um jargão que indica a colisão de aeronaves com aves. O fenômeno foi atrelado à perda de cerca de R$ 110 milhões em 2021.
Os eventos se intensificaram durante a pandemia, em teoria por conta da redução de movimento humano que favoreceu a proliferação de muitas espécies de aves próximo aos sítios aeroportuários do país.
Segundo a associação, apenas em 2021 foram registradas 692 colisões com a fauna, ou cerca de 2 casos diários, envolvendo também outros animais como as antas que costumam estar presentes nas áreas próximas ao perímetro de segurança dos aeródromos.
Para cada 10 mil decolagens, 24,2 colisões acontecem; dessas ocorrências, cerca de 13% geram danos às aeronaves, um aumento de 12% em relação ao período pré-pandêmico. A estimativa é de que as aeronaves em manutenção impactaram o atendimento de 40.793 passageiros em 2021.
Ruy Amparo, diretor de Segurança e Operações de Voo na Abear, comenta que a intensidade dos casos cresceu desde a retomada de operações aéreas no segundo semestre de 2020: “Da metade de 2021 até agora, a situação apenas piorou em quantidade, perdas materiais e severidade do dano causado às aeronaves”.
Fiscalização por lei
Comentando sobre o tema, Amparo relembra de quando o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) e a Força Aérea Brasileira retiam o poder de vetar construções e empreendimentos no entorno de aeroportos que se posassem como risco de fauna, como prédios altos ou frigoríficos clandestinos que atraem urubus.
No entanto, em meados de 2012, o Cenipa perdeu essa atribuição pela Lei nº 12.725/12, que transferiu a responsabilidade aos municípios. Agora, afirma o diretor, há um vácuo de atuação no combate a atividades que causam a atração indevida de fauna aviária para regiões próximas aos aeroportos.
Por fim, está em elaboração uma minuta de decreto para a constituição de um Comitê Nacional de Risco de Fauna, gerenciado pela Secretaria de Aviação Civil, para a responsabilização pelo gerenciamento de riscos do gênero.
“As perdas das associadas Abear quando há colisão de aeronaves com aves de diversas espécies e outros animais são mais frequentes do que a população imagina. É preciso uma política pública para mitigar os riscos […]. São custos que se somam à disparada do preço do querosene e da alta do dólar diante o real”, conclui Eduardo Sanovicz, presidente da Abear.
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