O envolvimento dos homens nas questões sobre Diversidade e Inclusão é extremamente importante. Segundo uma pesquisa realizada pelo Boston Consulting Group, quando homens estão ativamente envolvidos os programas de diversidade e inclusão têm 96% de sucesso. Já nas empresas nas quais os homens não estão envolvidos, o progresso é de apenas 30%.
E é ótimo quando encontramos homens no turismo que estão engajados à essa causa. Conversei nessa edição com um deles: Bruno Giovanni Reis.
Bruno foi executivo do Aeroporto Internacional Tom Jobim Rio Galeão, atuou na Secretaria de Turismo do Distrito Federal, onde foi gerente de Inteligência Competitiva e Mercadológica da Embratur, e comandou ações de captação e fomento no Ministério do Turismo à época da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro. Hoje ele é diretor e Presidente da Emprotur, o órgão estadual de turismo do Rio Grande do Norte.
Quando ele não está dirigindo sua Kombi amarela, o Bruno está desenvolvendo projetos e estratégias para fazer turismo de uma forma disruptiva, e ele diz que há quatro anos despertou para o fato que a diversidade e a inclusão são ferramentas importantes para isso. Ele entendeu que não há possibilidade de criar projetos inovadores se as conversas forem feitas sempre sobre os mesmos assuntos e com as mesmas pessoas.
Bruno diz que durante sua carreira foi liderado por grandes profissionais mulheres que o ajudaram a chegar na posição que está hoje, e devido a isso sente que deve utilizar sua influência para dar espaço de fala à outras mulheres. Para isso, ele adotou como regra só participar de painéis que tenham mulheres compondo a mesa com ele.
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Quando ele é chamado para compor uma mesa num evento, ele verifica se existem mulheres painelistas, moderadoras ou palestrantes, e quando não há, ele estimula o(a) promotor(a) do evento a convidar uma profissional. Ele relata que alguns organizadores entendem sua posição, porém outros, infelizmente, ainda tem resistência.
Em um dos casos em que o(a) organizador(a) não aceitou sua sugestão ele se recusou a participar do evento, e escreveu um artigo sobre o assunto, o qual viralizou nas redes sociais recebendo muito apoio.
Bruno utiliza a potência da sua voz para chamar atenção para o tema equidade de gênero no turismo. Esse é um exemplo a ser seguido, ser um(a) agente de mudança não significa levantar bandeiras o tempo todo, e sim estrategicamente utilizar sua voz para engajar pessoas.
Além disso, Bruno explicou que no processo para desenhar a gestão do sistema de inteligência comercial do destino Rio Grande do Norte, ele fez uma pesquisa aprofundada de mercado, e sentiu falta de produtos nichados e inclusivos. Então ao desenhar a estratégia ele teve esse olhar e criou programas para o público LGBTQIA+, para o Turismo Responsável.
Para isso, ele e sua equipe tiveram que convencer os stakeholders, trade, e público externo e interno, de que expandindo os nichos de interesse e focando em atrair um público diverso, mais dinheiro entraria para o destino, o qual também receberia um público mais qualificado.
Hoje, através do sistema de inteligência do Estado do Rio Grande do Norte (Sírio), a Emprotur consegue mostrar os resultados positivos desse esforço. Além disso, Bruno relata que os players na ponta do turismo, como os bugueiros e guias, já demonstram satisfação com o resultado.
Assim sendo, para os destinos brasileiros Bruno Reis dá a dica: entendam o público que você quer estimular e a estratégica que você quer utilizar, pois só utilizar os recursos naturais que seu destino tem limita o seu crescimento.
Por outro lado, após a utilização de ferramentas business intelligence, Bruno também disse que percebeu que os turistas estão exigindo que o destino tenha um olhar mais inclusivo, por isso ele ressalta que só atrair um público diverso não adianta se toda a cadeia de prestadores(as) de serviço não estiver preparados para receber esse público.
Ele ainda sente falta de que a jornada desses(as) turistas seja completa, ou seja, que a experiência desse público seja completamente customizada e preparada para recebê-los.
Ouça o bate-papo do Diversificando com Bruno Reis:
Bruno finaliza nossa conversa falando sobre a importância de colocarmos a mão na massa para construirmos um mundo mais inclusivo, só reclamar ou postar não adianta. Por isso ele lançou a hashtag #vailáefaz que resume muito sua forma de atuação.
Como eu sempre digo: diversidade e inclusão é um negócio inteligente. Finalizo nossa coluna desse mês parafraseando o Bruno Giovanni: vai lá e faz!
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