O Anuário 2021 da BLTA (Brazilian Luxury Travel Association), elaborado em parceria com o Senac São Paulo, traz uma radiografia do setor que confirma o diagnóstico de recuperação e expansão da hospitalidade de luxo no país. Como se sabe, a flexibilização das restrições às viagens não apenas gerou um efeito positivo para o setor, como proporcionou elevados índices de desempenho.

“Desde 2017 não atingíamos taxas de ocupação superiores a 52,6%. Conforme pesquisa realizada entre nossos associados, um total de 474.180 UH (Unidade Habitacional) foram vendidas em 2021, apontando um crescimento de 10,6% no volume de vendas de 2019 para 2021, correspondendo a uma taxa média de ocupação de 57,48%. Só em julho esse percentual foi de 71%.Em 2021 também foi contabilizado R$ 1.832.786.000 de faturamento(superior a 50% que o de 2019) e foram registrados 876.341 hóspedes, o que é mais que o dobro de 2019, demonstrando que o setor não apenas se recuperou, mas obteve o melhor desempenho de vendas dos últimos anos”, afirma o presidente da associação, Alex Da Riva.

Considerados os dados fornecidos pelos associados, a diária média geral em 2021 atingiu o valor aproximado de R$ 2.126,00.Em 2019,era de R$1.550,00, evidenciando um crescimento de 37%em relação ao período anterior à pandemia. “De modo geral, nossos associados nãoprecisaram recorrer à estratégia de redução de diárias mesmo durante a pandemia. Ao contrário, conseguiram atrair uma demanda ansiosa para retomar suas viagens após a flexibilizaçãodas restrições sanitárias” afirma a CEO da BLTA, Simone Scorsato.

Ela menciona, também, que em 2021 foi apurado um RevPAR (do inglês Revenue per AvailableRoom, que significa receita por quarto disponível) de R$ 1.222,00, enquanto, em 2019, o valor obtido foi de R$812,00. “Percebe-se, ao analisar esses números, que o crescimento foi de, aproximadamente, 51% em relação ao período pré-pandemia, mostrando a recuperação do segmento após a queda de ocupação ocorrida em 2020, que provocou a redução de RevPAR naquele ano.

Origem dos hóspedes

Segundo Simone,o anuário indica que, na média geral, a maioria dos hóspedes dos meios de hospedagem em 2021 era composta por brasileiros (90,7%), com somente 9,4% de estrangeiros. Comparado com 2019, foram 59% de brasileiros e 41% de estrangeiros. “Este é o nosso maior desafio para os próximos anos: recuperar essa importante parcela de demanda internacional”, antecipa a CEO.

A ampliação da demanda brasileira ajuda a compreender o aumento de reservas diretas, com 49% delas efetuadas diretamente no balcão (em 2019, esse percentual era de 41%), mantendo 17% de reservas via agências de viagem, 17% via operadoras e 15% por OTAs.

Polos emissores

No que se refere à origem dos hóspedes nacionais, São Paulo segue como a primeira cidade citada por 88% dos participantes da pesquisa, seguida por Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Já em relação ao mercado internacional, Reino Unido, Alemanha, França e Espanha são os principais emissores europeus, enquanto que, na América do Norte, Estados Unidos e México.

Em relação à motivação da viagem, a CEO explica que depende do perfil do destino turístico onde o hotel se localiza e da estrutura e serviços oferecidos. No caso dos empreendimentos associados verificou-se que 80% das hospedagens em 2021 foram motivadas pela busca de lazer em férias, feriados e finais de semana, com tempo de permanência predominante de até 3 diárias (56% dos hóspedes). Estadas maiores, entre quatro e sete dias, representaram 37% dos hóspedes. Em 2019, o percentual era de 26%, ou seja, houve um aumento do período de viagem, enquanto períodos superiores a sete diárias representaram 7%. “A manutenção das modalidades de trabalho e estudo remoto (home officeehomeschooling), ao menos em parte do ano, possibilitou períodos mais longos de diárias”, diz.

Ampliação do negócio e contratações

Face ao aquecimento da atividade turística em 2021, 63% dos empreendimentos demonstraram otimismo e intenção de expandir seus negócios. Uma ampliação que envolve tanto a oferta de novas unidades habitacionais quanto a de áreas de lazer, bem-estar e alimentação, com consequente aumento das possibilidades de experiências propostas.

Reflexo dessa sinalização de expansão, a retomada da atividade possibilitoua recontratação ou admissão de novos colaboradores. As contratações ocorreram em números que variavam entre três e mais de 100 – de acordo com o porte e o contexto de cada meio de hospedagem.

“Considerando novos cargos, vagas desocupadas em função da pandemia ou apenas substituição de integrantes da equipe, foram geradas mais de 1.800 contratações ao longo do ano. Deste total, a maioria ocorreu nos empreendimentos de grande porte (58%)”, analisa Marcia Baltieri, professora do curso superior de Tecnologia em Hotelaria do Senac e coordenadora da pesquisa.

Vale ressaltar que o segmento impulsiona não só a geração de emprego. “Temos, em média, 2,56 colaboradores por UH (nos pequenos, esse número sobe para 3,1),mas a qualificação de mão de obra, uma vez que todo empreendimento preza pela excelência nos serviços e, desta forma, mantém constante qualificação de seu staff”, explica Simone.


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