A Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, o Instituto humanize e o IDG – Instituto de Desenvolvimento e Gestão lançam, em comemoração ao primeiro ano de atuação do movimento Viva Água na região hidrográfica da Baía de Guanabara, um fundo filantrópico para impulsionar as ações do movimento e fortalecer o ecossistema de negócios de impacto socioambiental positivo em 17 municípios do Rio de Janeiro. Com aporte inicial de R$ 1,3 milhão e gestão da Trê Investindo com Causa, o fundo deve direcionar doações e empréstimos para projetos e negócios socioambientais, fortalecendo também programas de aceleração e a capacitação de empreendedores locais.

“A iniciativa deve fazer frente à necessidade de criar mecanismos financeiros para apoiar projetos e empreendimentos inovadores e sustentáveis na região. Por meio do fundo, esperamos impulsionar cadeias de negócios da sociobiodiversidade, projetos de infraestrutura natural que beneficiem a qualidade da água e do clima, impactando positivamente a vida de cerca de 7 milhões de pessoas do estado do Rio de Janeiro. O fundo também oferecerá oportunidades para investidores que procuram iniciativas de impacto socioambiental para direcionar seus recursos”, afirma Malu Nunes, diretora executiva da Fundação Grupo Boticário.

O Fundo Viva Água terá duas formas principais de apoio: doações para projetos ou capital semente para negócios sustentáveis; e empréstimos para negócios com impacto positivo, inclusive com uma plataforma de empréstimos coletivos para atrair pequenos investidores. As doações devem fortalecer ações socioambientais executadas por organizações da sociedade civil, programas de aceleração e incubação de negócios de impacto e também empreendimentos sustentáveis já existentes que necessitam de apoio financeiro para crescer. Outro foco é o apoio à geração de conhecimento, por meio de ações estruturantes como elaboração de estudos, diagnósticos e mapeamentos. Já a plataforma de empréstimos pretende oferecer juros e taxas acessíveis aos empreendedores e retorno financeiro compatível à média de mercado para os investidores.

“Para o humanize, apoiar o movimento Viva Água Baía de Guanabara coincide com o esforço de colaborar para ações voltadas à conservação da biodiversidade na Mata Atlântica, bem como com o desejo de contribuir para promover o empreendedorismo de impacto socioambiental por meio de Soluções Baseadas na Natureza (SBN). Como diretora executiva do humanize, entendo que o movimento se destaca ao mostrar um caminho inspirador para multiplicar ações que podem gerar resultados mais robustos envolvendo questões como segurança hídrica, resiliência costeiro-marinha e empreendedorismo sustentável. A iniciativa tem um enorme potencial de capacitar extrativistas e pequenos produtores em temas como empreendedorismo e gestão – o que expõe a necessidade de fomentar negócios de impacto socioambiental e disseminar conteúdo sobre o tema”, afirma Georgia Pessoa, diretora executiva do Instituto humanize.

“A Baía de Guanabara, para os povos do alto Rio Negro, na Amazonia, é onde o mundo começou. Para o navegador Américo Vespúcio, ainda em 1502, a inspiração para uma utopia de paz e amor. Hoje, essa importante paisagem da história mundial se encontra em alto grau de degradação. O IDG, que se volta para a gestão de projetos culturais e ambientais, vê na Baía um sistema de alto valor simbólico e prático para de vez dissolvermos as paredes que apartam natureza e cultura. Nossa aposta, em conjunto com nossos parceiros, é que o fundo agora criado venha a impulsionar iniciativas que demonstrem a ainda bem viva natureza da Baía, enquanto conservada e restaurada, irá gerar bem-estar para seus habitantes e seus visitantes, sejam eles humanos ou não-humanos”, destaca Ricardo Piquet, diretor-presidente do IDG.

Completando em dezembro seu primeiro ano de atividades na região, o movimento Viva Água Baía de Guanabara reúne múltiplos atores de diferentes setores com o objetivo comum de contribuir com a segurança hídrica, adaptação às mudanças climáticas e desenvolvimento de negócios com impacto socioambiental positivo a partir de ações de conservação e restauração da natureza na região. O movimento apoia iniciativas e negócios que contribuem para a conservação de áreas naturais como florestas, nascentes, rios, lagos e manguezais, além de incentivar o manejo sustentável dos ecossistemas e fortalecer cadeias produtivas sustentáveis como a agricultura, pesca e o turismo responsável na região hidrográfica da Baía de Guanabara.

Entre as iniciativas de destaque desenvolvidas em 2022 com o apoio do movimento está o LAB Viva Água, que estimulou a participação da sociedade civil na busca de soluções inovadoras para a restauração ecológica da região. O processo apoiou produtores rurais, pescadores, artesãos, pesquisadores, ambientalistas e empreendedores interessados em desenvolver as cadeias produtivas sustentáveis, como o turismo responsável, a meliponicultura e a agroecologia, promovendo a restauração dos ecossistemas locais. Ao final do laboratório de inovação, que contou com a participação de mais de 160 pessoas de todo o país, três iniciativas de destaque foram selecionadas para receber apoio financeiro total de R$ 800 mil.

Outra iniciativa que merece atenção é o Natureza Empreendedora, programa de aceleração que teve sua segunda edição na Baía de Guanabara em 2022. Os participantes tiveram acesso a encontros de mentoria e consultoria e foram acompanhados por especialistas de diversas áreas de conhecimento ao longo do ano para amadurecer e fortalecer seus projetos e negócios. Ao final do processo, que deve ocorrer na primeira semana de dezembro, os três negócios que mais se destacarem receberão incentivos financeiros de até R$ 10 mil.

Outro exemplo da atuação do movimento é o estudo “Natureza que resiste na Baía de Guanabara –Segurança hídrica e adaptação às mudanças climáticas em áreas protegidas”, lançado em setembro deste ano, que mostrou a importância das 117 Unidades de Conservação (UC) da região para a garantia de serviços ecossistêmicos essenciais para a população, indicou áreas prioritárias de restauração e conservação, e apontou impactos econômicos positivos e oportunidades em setores como o turismo, a pesca, a agricultura e o mercado de carbono, entre outros.

“Sabemos que a recuperação da Baía de Guanabara é complexa e exige a cooperação entre diferentes níveis de governo, empresas e organizações da sociedade civil. Por isso, continuamos unindo forças, gerando conhecimento, estabelecendo conexões e espaços de convergência para promover um impacto positivo e concreto para toda a população do território”, afirma Malu.

Baía que resiste

A região hidrográfica da Baía de Guanabara conta atualmente com 172 mil hectares de cobertura florestal, o que corresponde a 36% de todo o território, além de 154 mil hectares de campos e pastagens, sendo uma importante fonte de serviços socioambientais para o Rio de Janeiro. O território também possui 112 mil hectares de ocupação urbana.

Para mostrar que, apesar dos grandes desafios, a região segue viva e pulsante, a websérie “Guanabara: baía que resiste”, produzida e lançada neste ano pela Associação O Eco com patrocínio da Fundação Grupo Boticário e apoio do Viva Água, apresenta iniciativas bem sucedidas de restauração na região. Um exemplo é a Reserva Ecológica de Guapiaçu (Regua), no município de Cachoeiras de Macacu, que recuperou uma antiga fazenda degradada por meio do plantio de mais de 650 mil árvores em seus 430 hectares. O local protege nascentes do Rio Guapiaçu, que deságua na Baía de Guanabara.

Produções agroecológicas, atuação de pesquisadores e ONGs e uma cooperativa de pescadores que está regenerando um manguezal na Área de Proteção Ambiental (APA) Guapimirim são outros casos de sucesso apresentados na websérie, que tem três episódios com duração de cerca de 10 minutos cada. A websérie está disponível no CanalOEco, no Youtube.


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