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Mais uso, menos posse 

Inflação e altos custos de manutenção de um automóvel tem levado cada vez mais pessoas a utilizarem o serviço oferecido pelas locadoras

A indústria automotiva está sujeita às flutuações da economia em geral, incluindo variações no câmbio, nos preços das matérias-primas e na demanda dos consumidores. Como resultado, a influência desses fatores afeta o preço dos veículos no mercado. 

Além disso, a pandemia de Covid-19 também afetou o mercado automotivo no Brasil e em todo o mundo. No início da pandemia, muitas fábricas foram fechadas e a produção de veículos foi interrompida, o que afetou a oferta e a demanda do setor. Com a retomada gradual da produção e das vendas, houve um aumento nos preços devido ao incremento dos custos de produção e da economia de alguns materiais.

Do ponto de vista da locação de veículos, a retomada do pós-pandemia tem sido consistente. De acordo com um levantamento realizado em fevereiro deste ano, pela Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (Abla), em parceria com a Mundo Automotivo, o custo com a manutenção de um veículo ficou cerca de 20%  mais caro. Segundo Marco Aurélio, presidente do Conselho Nacional da Abla, esse movimento econômico, aliado a outros fatores, fez com que as pessoas buscassem mais o serviço oferecido pelas locadoras. 

“A inflação alta corrói o poder aquisitivo do consumidor. O negócio de aluguel de carros pode ser tanto pontual como por contrato de médio e longo prazo, e existe uma tendência que o cidadão passe a utilizar mais e ter menos a necessidade da posse. Portanto, a alta inflação é favorável – entre aspas –  ao setor”, explicou Aurélio.

De acordo com o Anuário Brasileiro do Setor de Locação de Veículos, divulgado pela Abla, o setor alcançou a marca de 69,3 milhões de usuários em 2022, um crescimento de 38,3% em comparação a 2021. Esse aumento reforça a mudança cultural de que o uso do veículo passou a ser mais importante do que a posse, citada por Aurélio. Dentro deste volume estão inclusos os serviços de assinatura e aplicativos de transporte, mas a associação ainda não consegue separar esses setores na base de dados. “Acredito que tem uma participação importante no nosso negócio”, contou.

O faturamento bruto de 2022 alcançou a casa de R$ 36,8 bilhões, representando um crescimento de 56,5% referente aos R$ 23,5 bilhões de 2021. Os impostos sobre a locação de veículos geraram R$ 4,7 bilhões em receita, crescimento de 57% referente aos R$ 2,99 bilhões de 2021.

Quanto ao número de locadoras de automóveis, em 2022 houve uma expansão do setor. Foram contabilizadas 22.941 unidades dentre empresas que ofertam a locação com e sem motorista, além de outros meios de transporte disponíveis.  Em 2021, esse número era de 13.903. 

Para suprir a demanda no último ano, as empresas de aluguel de carros compraram o total de 590.520 automóveis e veículos comerciais leves, que representaram um crescimento de 33,6% em relação às compras feitas pelo setor em 2021. O investimento em frota chegou a R$ 55,2 bilhões. O setor terminou 2022 com mais de 1,434 milhão de automóveis e comerciais leves na frota, crescendo 26,2% em relação ao ano anterior. 

Durante a pandemia, em virtude das dificuldades enfrentadas na produção de veículos, as locadoras foram obrigadas a manterem suas frotas por mais tempo, adiando por vezes a renovação. Agora, esse processo é mais do que necessário  e já está em andamento, segundo a associação.

A recomendação para que as locadoras minimizem esse impacto é manter uma programação anual de compras adequada, que garanta a competitividade da empresa. “Além da quantidade de veículos propriamente dita, as locadoras precisam estar atentas a fatores como eventuais descontos oferecidos pelos fabricantes, perfil dos contratos com seus clientes da locação e a avaliação constante da conjuntura econômica para decidir os melhores momentos para investir na frota”, afirma Aurélio.

Inovação e crescimento

O total de híbridos e elétricos na frota das locadoras chegou a 5.684 unidades, o que representa um movimento de modernização do setor. Esta foi a primeira vez que a associação apresentou o recorte de compras em relação a tais modelos. Em 2022, as locadoras emplacaram 3.309 carros com estes motores, um crescimento de 88,9% na comparação com as compras feitas no ano anterior  – quando foram emplacados 1.751 veículos.

“A nossa atividade também está vivendo um profundo momento de transformações. Costumo dizer que quem ainda insistir em pensar, em agir e em alugar veículos sempre da mesma forma com que nós alugávamos no passado, tende a ter muitas dificuldades para permanecer no mercado”, pontuou Aurélio, que complementou: “Esta é uma tendência que vai crescer. No entanto, a participação ainda não será tão expressiva tendo em vista os altos preços desses modelos em comparação com o poder aquisitivo do cidadão brasileiro”, comentou. “Se o preço do carro é alto, é evidente que o custo de aluguel também seja um pouco mais elevado.”

Assim como a modernização dos modelos de automóveis ofertados, há também a inovação nos serviços. Aluguel de automóveis com motorista e contratos por assinaturas não são bem uma novidade, mas têm ganhado espaço dentro do setor. 

“São novas formas de compartilhamento de veículos sendo postas em prática. Entendemos que a participação do contrato por assinatura é crescente, e a gente observa isso ao nosso redor. A locação com motorista incluso continua sendo mais comum em viagens a trabalho, mas também vem se mostrando atrativa para quem viaja a lazer e deseja evitar a dificuldade de dirigir em cidades que não conhece bem ou, ainda, escapar da Lei Seca. Aproximadamente 20% das locadoras no país já oferecem esta opção”, explicou o presidente da Abla.  

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