Afinal, o que é luxo para o viajante brasileiro? Esse nicho está em alta e ganhando espaço no Brasil, principalmente após a pandemia de Covid-19, que mexeu com diversos setores da economia, inclusive a área de turismo – uma das mais afetadas. A mudança no comportamento dos viajantes é a prova disso, que passaram a ser mais exigentes em relação à privacidade, segurança, conforto, exclusividade e ao slow travel, o turismo de experiências.
Para esse público, os destinos que mais chamam a atenção são os lugares exóticos, isolados, pouco conhecidos e frequentados, em meio à natureza e que possibilitam reunir o ar livre com hospedagem confortável e boa gastronomia. O turismo de luxo é o setor que mais foi impulsionado na retomada das viagens.
O Anuário 2021 da Brazilian Luxury Travel Association (BLTA), feito em parceria com o Senac São Paulo, comprova a recuperação da hotelaria de luxo no Brasil. A taxa de ocupação, que foi de 52,5% em 2019, atingiu 57,4% em 2021. Grande parte dessa ocupação foi de brasileiros viajando pelo Brasil – 90,7% da demanda; ao contrário de 2019, quando os brasileiros representavam apenas 59% da demanda. Além disso, a diária média teve um aumento de 37% em relação ao ano de 2019 (R$ 1,549) para 2021 (R$ 2,125).
Um dos destinos brasileiros que tem atraído e despertado o interesse dos viajantes de luxo é a Rota Ecológica dos Milagres, que contempla três municípios de Alagoas: Porto de Pedras, São Miguel dos Milagres e Passo de Camaragibe. Bucólico, pitoresco e repleto de paz, tranquilidade e belezas naturais, a rota tem apostado na infraestrutura e hotéis para atender o turista de luxo.
Segundo Tito Uchôa, presidente da Rota Ecológica dos Milagres Convention & Visitors Bureau e ex-secretário de Turismo de Alagoas, o turismo de luxo nasce sozinho, entidades públicas e privadas apenas adequam o lugar com infraestrutura. “Para manter a natureza local preservada, estamos lutando para os hotéis terem apenas dois andares e que sejam construídos em apenas 40% da área, sendo o restante de área verde”.
O Milagres Convention nasceu, no começo deste ano, para atender o segmento de luxo. “Tivemos uma aceitação muito boa dentro das pousadas e restaurantes, justamente para cuidar do destino. Nós já colocamos mais segurança, rondas e vamos continuar implantando melhorias para a região e, também, para continuar fortalecendo o segmento de luxo, que já é forte por aqui”.
As praias que fazem parte da rota são: Barra de Camaragibe, Praia do Marceneiro, Praia do Riacho, São Miguel dos Milagres, Praia do Toque, Porto de Rua, Praia da Laje, Praia do Patacho e Porto de Pedras. Todas são de mar calmo, águas mornas e transparentes e areia branca. E há também piscinas naturais.
Mas nem só de praia vive o turista. Em Milagres é possível visitar o santuário do peixe-boi, no Rio Tatuamunha. De lá, parte o barco sem motor para contemplar as peripécias do animal. Quem faz o passeio ecológico é a Associação Amigos do Peixe-boi (Ampa) de forma sustentável. Cinquenta ribeirinhos são guardiões do mamífero ameaçado de extinção.
Outro diferencial são as trilhas na mata e banho de mar durante a noite, período em que a praia seca e fica a quilômetros de areia para andar e ver os arrecifes. Outra atração à parte, é a gastronomia. A Vilinha Marceneiro possui 36 estabelecimentos, entre eles lojas de roupas, artesanato, restaurantes, pizzarias, sorveterias, cafeterias e outros.
De acordo com Uchôa, um dos lugares imperdíveis para comer na Vilinha é o Café Do.Cê – “eles fazem um pão de queijo recheado com camarão maravilhoso. Uniram o melhor da culinária mineira com a culinária alagoana” –, além da Sicilia Pizzaria, Affetto Gelato e Mira Milagres.
“Estou com uma ideia de criar um festival gastronômico de comida gourmet com chefs renomados, para ser um diferencial na atração turística da região e apresentar aos visitantes a boa gastronomia que temos aqui”.
Um evento que vem ganhando força na região e tornou-se anual, é o Réveillon de Milagres. Na última virada do ano, a Praia de Marceneiro recebeu cerca de três mil visitantes locais, nacionais e internacionais. O ex-secretário elogia o investimento que Bárbara Braga, atual secretária de Turismo de Alagoas, e Paulo Dantas, governador do Estado, têm feito. “Maceió virou a bola da vez do Nordeste”.
Atualmente, os principais emissores de turistas de luxo para a Rota dos Milagres são: São Paulo, Brasília, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. No internacional, os portugueses são os turistas que mais visitam a região.
“Costumo dizer que fomos descobertos, mais uma vez, pelos portugueses, mas agora no Turismo”. O presidente do Milagres Convention tem como expectativa fomentar ainda mais o turismo em Portugal e pretende, ainda este ano, deslocar alguém da entidade para o país europeu para fazer esse trabalho com as agências locais.
Selo internacional Bandeira Azul
A Praia do Patacho, em Porto de Pedras (AL), ganhou o selo Bandeira Azul pelo segundo ano consecutivo em 2022 – a certificação é para a temporada 2022/2023. O selo comprova que a praia garante um turismo sustentável, seguro e promove a responsabilidade social. No Nordeste apenas dois estados receberam o selo: Alagoas e Bahia.
Para receber o prêmio, uma série de critérios é analisada, como o foco em gestão ambiental, qualidade da água, educação ambiental, segurança e serviços, turismo sustentável e responsabilidade social.
O Programa Bandeira Azul, sem fins lucrativos, tornou-se um rótulo ecológico altamente respeitado e reconhecido, trabalhando para reunir os setores de turismo e meio ambiente em níveis local, regional e internacional. A certificação é concedida apenas para praias, marinas e embarcações turísticas que seguem rigorosamente esses critérios.
Aeroporto de Maragogi
De acordo com dados da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico e Turismo (Sedetur) e da entidade Costa dos Corais Convention & Visitors Bureau (CCC&VB), o Litoral Norte (Maragogi) é o segundo maior polo turístico alagoano, ficando atrás apenas da capital, Maceió.
Visando este crescimento, Alagoas investiu cerca de R$ 120 milhões no Aeroporto Costa dos Corais, em Maragogi. Com isso, o acesso à Milagres ficará ainda mais prático e rápido, levando cerca de 30 minutos para chegar na região.
Paru Boutique Hotel
Com o objetivo de oferecer história, aconchego e conforto aliados à natureza e experiências, o Paru é um hotel-boutique à beira mar que recentemente foi reformado, passando de 12 suítes para 20.
Situado na Praia do Marceneiro, considerada uma das mais belas da cidade, é uma opção para os que buscam tranquilidade e beleza natural. A praia conta com uma grande faixa de areia clara e fofa, mar calmo e de águas cristalinas – ideal para a prática de esportes náuticos como vela e jet ski.
Com uma arquitetura contemporânea e sofisticada que valoriza a cultura regional, o hotel proporciona aos seus hóspedes experiências acolhedoras em uma atmosfera intimista. Entre os serviços disponíveis, estão spa com piscina aquecida, área fitness e passeio de bicicleta para contemplar o cenário paradisíaco de Passo de Camaragibe.
As suítes são posicionadas de forma estratégica para a piscina e o mar e possuem quatro categorias: Pargo, Sargo, Mero Terrea e Mero Superior.
“O turismo é criado de história, de experiências e de natureza, e foi pensando nisso que decidimos trazer uma decoração da cultura regional, com palhas e madeiras”, explica Uchôa.
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