Iniciando mais uma gestão como diretor-presidente da Fundação de Turismo do Mato Grosso do Sul (Fundtur), Bruno Wendling continua apostando em projetos para fomentar o turismo do estado. Entre eles, está a participação em feiras do setor, com exposição e ativações, como a ocorrida na última WTM Latin America, em São Paulo (SP), no estande do Brasilturis. Os convidados do jornal puderam conhecer a rota gastronômica do Mato Grosso do Sul e se deliciarem com pratos típicos da localidade.
Contando com destinos já consolidados, como o Pantanal e Bonito, Wendling acredita que há ainda espaço para crescer. Segundo o diretor-presidente, o destino também está pronto para ajudar o Brasil a melhorar sua imagem no exterior, trabalhando em conjunto com a Embratur.
Em entrevista ao Brasilturis, Wendling falou sobre projetos e o Turismo no belo estado do Mato Grosso do Sul.
Você permaneceu no cargo de diretor-presidente da Fundação de Turismo do Mato Grosso do Sul (Fundtur). Algo mudou da gestão anterior para esta?
Eu mudei. Estive por muito tempo no mesmo cargo em minha carreira e, como estou vivendo um ótimo momento, fazendo a diferença, tocando um projeto grande, que é o Mato Grosso do Sul, decidi me reinventar. Estou trabalhando para ter uma nova gestão, troquei algumas pessoas da equipe, que eram competentes, mas eu precisava mudar. A grande diferença está em mim. Gosto de inovar, quero ser um novo gestor em uma nova gestão.
Qual a diferença entre o trabalho realizado pela Fundtur e pela Secretaria de Turismo?
A fundação é o órgão oficial de turismo do estado há 20 anos. Ela já foi vinculada à Secretaria de Produção e Turismo e a outras secretarias. Mas, não importa ao que estamos vinculados, pois é uma vinculação meramente administrativa. A gestão do Turismo é nossa. Mas, coincidentemente, eu propus para o governador a unificação de algumas propostas do Turismo, do Esporte e da Cultura em uma mesma pasta. Para a fundação, do ponto de vista de administração, não muda nada, mas iremos auxiliar as secretarias a fazerem esses pontos de convergência. Nosso orçamento é próprio, proveniente do Fundo Estadual de Turismo, o que nos dá mais liberdade, pois temos os recursos financeiros garantidos.
Há alguma ação que já estava ocorrendo em sua gestão anterior e que continua na atual? E quais são os projetos da fundação?
Muita coisa continua, há ações que não podem parar nunca. Por exemplo, o apoio técnico e financeiro às regiões turísticas e às associações de turismo é uma política pública de estado e que precisa continuar, para que possam ganhar envergadura e, depois, caminhar com as próprias pernas. Nosso apoio aos editais geradores de fluxo turístico tem sido um sucesso como gestão, acredito que somos o único estado no Brasil que cria editais a cada seis meses para auxiliar municípios e organizações não governamentais a realizar eventos geradores de fluxo. Foram apoiados mais de R$ 7 milhões para mais de 100 eventos, em mais de 20 cidades. Alguns projetos eu comecei na gestão passada e quero fortalecer nesta, como o de inovação à oferta turística, que consiste em apoiar a formatação de novos produtos; a Rota Pantaneira Gastronômica, fruto de um projeto maior, que agrega valor ao produto existente com a gastronomia; o turismo de base comunitária, que comecei a desenvolver no ano passado em algumas regiões, em comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas, fortalecendo a ação, já que estava na fase de diagnóstico e planejamento; participação em feiras com estandes, além de ativações nos eventos para reforçar nossa imagem; estamos contratando representantes do Mato Grosso do Sul no exterior em mercados novos, como Portugal, e outros mais estruturados, como Inglaterra; na sustentabilidade, Bonito foi o primeiro destino com certificado com carbono neutro do mundo e, agora, queremos reduzir em 3% a pegada de carbono, temos os indicadores para isso e iremos trabalhar com um plano de ação. Essa é uma ação bem audaciosa, iremos trabalhar junto com a prefeitura, pois ela tem o papel decisivo de implantar soluções de tratamento de resíduos sólidos, de lixo orgânico, de substituição de alguns pontos de energia elétrica por energia renovável. Estamos empenhados em transformar Bonito em um projeto bem estruturado, de dar outro passo, 30 anos depois do início do turismo no local. Começa neste ano, mas é um projeto de médio e longo prazo.
O ecoturismo é o foco principal dos visitantes?
Sempre. Nós e o Mato Grosso somos únicos, não há outro bioma no mundo como o Pantanal. Também focamos na promoção de Bonito. Seu nível de organização é muito complexo, há 40 atrativos funcionando, com capacidade de carga, interligados em um sistema, sendo obrigatória a condução por guias especializados em atrativos naturais. Neste ano faz 30 anos do lançamento do primeiro curso para guias em Bonito e, daqui a dois anos, comemoramos as três décadas do lançamento do voucher único, que é um objeto de desejo para muitos destinos. Ele tem como objetivos controlar a capacidade de carga de cada atrativo, além da emissão do voucher em si. Temos dados exatos do fluxo. Ninguém consegue copiar esse modelo. Não é um turismo de massa, respeita a capacidade de cada atrativo e, ainda, garante a venda pelas agências de viagens que trabalham com o sistema. Estamos, cada vez mais, mostrando para o mundo a forma como o ecoturismo deve ser trabalhado.
É possível combinar, em uma mesma viagem, Pantanal e Bonito?
Os estrangeiros costumam visitar os dois destinos na mesma viagem; os brasileiros, menos. Quando eu entrei na fundação unifiquei os dois destinos em uma rota, já que eles estão a apenas 200 quilômetros de distância. São dois produtos únicos e complementares, que têm aumentado a frequência de turistas. Quero fortalecer essa rota cada vez mais, para aumentar o tempo de permanência dos visitantes.
A fundação tem trabalhado para difundir outros tipos de turismo, além do ecoturismo?
Temos um trabalho muito forte na pesca esportiva, que é um dos nossos carros-chefes também. Em Corumbá temos barcos-hotéis que são fantásticos e a pesca esportiva é muito diferenciada na região. O soft adventure, a aventura leve, também. Negócios em Campo Grande, e o blessure, que é a combinação de eventos com lazer. Não quero competir com outros grandes eventos. Nosso diferencial é estar a 2h30 de Bonito, por exemplo, e a 2 horas do Pantanal. Nosso valor agregado pode ser mais interessante por isso, pela possibilidade de combinar destinos como esses, que são desejados. Além da segmentação por demanda, como Melhor Idade, LGBTQIA+, casais, jovens, entendendo que eles podem consumir a mesma oferta de formas diferentes.
Como está a demanda? Como foi a última alta temporada?
Temos alta demanda de dezembro a março, assim como também no meio do ano, durante o verão europeu. Neste ano, teremos muitos feriados nacionais e nossas expectativas estão ótimas. No ano passado, recebemos 280 mil turistas e, acreditamos, que poderemos bater esse número em 2023. Nosso recorde havia sido 220 mil visitantes, em 2016. Já tivemos o maior primeiro trimestre da história em 2023, então esse é um bom indicador.
Como foi a parceria recente com a Embratur?
Fizemos uma ativação com a Embratur na BTL (Bolsa de Turismo de Lisboa), em Portugal, com a rota gastronômica. Colocamos uma cozinha show no estande. Também estou em conversa com o Marcelo Freixo sobre um projeto ambiental estrutural em Bonito e teremos o apoio deles. Coloquei a fundação à disposição neste novo plano de reestruturação da marca Brasil. Deveremos caminhar muito juntos já que, nos últimos anos, o Mato Grosso do Sul foi, praticamente, o representante do Brasil no exterior, principalmente nos eventos internacionais de ecoturismo. Agora, com o Brasil voltando ao mercado internacional, estaremos fortes com eles, reforçando o trabalho de imagem. A imagem do país estava bem arranhada no exterior, mas conseguimos melhorar isso nos eventos de ecoturismo. Já estamos dando uma contribuição importante para a imagem do Brasil, para continuarmos sendo referência e podemos estar na liderança, junto com outros estados do Brasil, para auxiliar nesse trabalho.
Como foi a participação do Mato Grosso do Sul na feira WTM Latin America 2023?
Gostamos de reforçar nossa imagem com um volume de ações interessantes, para, de fato, aparecermos. Afinal, a competição é muito grande, mas conseguimos atingir nosso objetivo de posicionamento nesta feira. Fomos com uma caravana forte, com cerca de 40 empresários, mostrando que o trade confia e está engajado conosco. Tivemos ativações no estande, utilizamos tecnologia, as plantas do estande eram do Pantanal. Afinal, a comunicação é uma identidade, um posicionamento. Nosso estande era de carbono neutro, em nosso telão mostramos o que gastamos e nossa compensação com uma empresa certificada. Capacitamos 50 host buyers e 50 operadores. Além disso, tivemos as ativações na feira, como as com o Brasilturis e nossa rota gastronômica. Estávamos presentes, com nossa marca, para reforçar nosso trabalho. Os players do mercado, o B2B, nos viram e nos procuraram, quiseram fechar negócios.
Você poderia falar sobre a rota gastronômica?
É um projeto muito legal que surgiu com o chef Paulo Machado, que é organizador. Temos o apoio do Sebrae e consiste em dez empreendimentos ao longo do Pantanal, em três cidades – Aquidauana, Miranda e Corumbá. Há desde vinícola, que é a primeira do estado, a Terroir Pantanal, em Pirapontana, que é um novo destino de romance que deve surgir nos próximos anos e fica dentro do município de Aquidauana, pousadas pantaneiras e pousadas da Estrada Parque. Em cada um deles foi desenvolvido um prato específico com a ajuda do chef Paulo Machado, utilizando ingredientes do Pantanal com influências latinoamericanas. É uma forma de agregar valor a um destino que é muito conhecido pela observação da fauna. É a cereja do bolo no trabalho de divulgação da cultura pantaneira, que está sendo feito ao longo dos anos, com as cavalgadas pantaneiras, o homem pantaneiro, vivenciar a gastronomia do dia a dia nas pousadas, mas, agora, a rota dá luz ao diferencial competitivo do Pantanal, que é a gastronomia. Estamos lançando a rota em vários eventos, como no Festuris, WTM Latin America, BTL, iremos também para a WTM em Londres. A fundação entrou com todo o aparato de promoção da rota. Fizemos vídeo, campanha e ativação, foi uma ótima parceria com o Sebrae.
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